segunda-feira, março 30, 2009, posted by # 7 at 22:40
 
, posted by # 7 at 21:51
O tempo passa, o tempo muda. O tempo muda-nos.

A evolução leva-nos a sonhar cada vez mais alto, cada vez mais longe, mas tira-nos cada vez mais essência. Somos mais vazios, ocos, despojados de integridade e sentimentos.

O mundo é hoje um local frio, sombrio, feio. Um beco escuro e assustador onde impera a lei do mais forte ou do mais rico. Já pouco resta da solidariedade entre pessoas que existia há uns anos.

Acabaram os tempos em que amigos se entreajudavam sem pensar em compensações que não fossem o prazer de se sentirem úteis.
Somos todos distantes. Erguemos as nossas barreiras e muros, atrás dos quais concebemos um mundo só nosso onde dificilmente deixaremos alguém se intrometer. Até poderão haver pessoas que lá entram, mas não podem lá ficar certamente.

Actualmente, a coisa mais importante que existe no Universo, é o nosso umbigo. Vivemos obcecados com ele e estamos-lhe a prestar tanta atenção, que nos alienamos completamente do que se passa em nosso redor.

Alguém precisa de ajuda? Que vá a um psicólogo. Alguém precisa de um abraço? Já existem grupos específicos para isso. Alguém quer um mínimo de compreensão? Bem, a vida é lixada.
Isto já sem contar que as pessoas estão tão empenhadas em ser melhores que os outros, que nos esquecemos de que o mundo em que vivemos precisa da nossa ajuda para garantir a sua sustentabilidade.

Depois temos ainda os pediatras pedófilos que são estranhamente absolvidos e podem voltar a exercer as suas funções, os maridos que assassinam as mulheres e ainda podem requerer uma pensão de sobrevivência à segurança social, as crianças que levam tiros nas ruas por conflitos tão banais como um jogo de futebol.

As pessoas vivem viradas para si mesmas, comportando-se como autênticos zombies tecnológicos, com um ambiente cada vez mais degradado, com cada vez mais guerras inúteis e sem significado e conflitos políticos e religiosos que roçam o ridículo.

Não era este mundo que eu idealizava para os meus filhos.
 
sábado, março 28, 2009, posted by # 7 at 23:15
Cada dia, hora, minuto que passa, fico com mais certezas sobre o que é estar decepcionado.
Cada vez mais constato que as coisas não são o que parecem, as pessoas não são o que dizem ser.

Grandes discursos que são feitos, grandes ideologias são apresentadas e dadas como verdades absolutas, mas no final, tudo é falso e ilusório.
Acabamos todos por ter um político dentro de nós. Alguém que apregoa ao mundo que está cá para fazer a diferança, mas que no fim de contas apenas se preocupa em estar bem na vida, superar obstáculos e vangloriar-se acima dos outros.
Dizemos que somos puros, de convicções fortes, somos capazes de mover montanhas e o céu é o limite, mas a verdade é que nos estamos a enganar a nós próprios e principalmente quem nos rodeia.

Cada vez mais me apercebo que não existem mais pessoas boas. Apenas indivíduos que fingem ter boas intenções com o único e simples propósito de satisfazer as suas necessidades pessoais.

Fala-se muito e faz-se pouco. Julgam-se rapidamente os outros mas evitamos olhar o espelho lá de casa.
Mais e mais vivemos em redor de nós mesmos, umas vezes inventando, outras fingindo sermos outra pessoa, sempre para que pensem que somos os únicos "bonzinhos" que existem.
É com desapontamento que constato este facto, mas a verdade é que é um facto.
 
sexta-feira, março 27, 2009, posted by # 7 at 14:01

Não é a primeira vez e certamente não será a última, que dou por mim a pensar em qual será a probabilidade de alguém como eu, feioso mesmo, ter recebido a benção de ter dois filhos tão bonitos. Como é possível que dois seres tão perfeitos tenham tido a minha contribuição na sua origem?

Ok, é certo que muita gente dirá que aos olhos dos pais, os fihos são sempre bonitos, mas sejamos realistas.....os pirralhos são mesmo bonitos. Não há nada, nenhuma particularidade que me permita ver de outra forma. Tudo neles inspira sorrisos. Tudo neles é lindo. Pronto, menos as birras gigantes e quando se portam mal, mas isso são situações à parte.

E sim, também há por aí miúdos bonitos, mas convenhamos que outros há que são bem feinhos, coitadinhos. Não é que tenham culpa, os pais deles é que não se deviam ter juntado.
Mas continuando a falar do que conheço, dos meus, epá, é que são mesmo bonitos. E se o pequeno Gabriel vier a ser tão doce como a Beatriz, vai ser complicado para mim no futuro dizer que não a qualquer um dos seus pedidos.

Tanto beijinho e festinhas derretem o coração de qualquer um, por muito forte que se queira fazer parecer.
Isto tudo para quê mesmo? Ah, já sei, para dizer que os meus filhotes são mesmo bonitos. Não saem ao pai não.
Mas são mesmo bonitos, pá. Mesmo. São a minha vida.
 
terça-feira, março 24, 2009, posted by # 7 at 12:32
Volto a encontrar-me na situação de não gostar de ver no que me estou a tornar.
Mais uma vez parece que abro a boca e digo o que não quero, penso em algo e faço o oposto. Mais uma vez o pouco controle que tinha sobre mim mesmo desaparece na escuridão.

Não consigo manter a calma, ter discernimento, ser coerente.
Os obstáculos surgem e, em vez de os tentar contornar, só tenho em mente destruí-los. Eliminá-los de vez e ver-me livre de tudo o que me impede de ser como quero. Já falta a paciência para observar o que está mal e tentar encontrar uma solução. Só penso em cortar o mal pela raíz, largar tudo e começar de novo.

Sei que não posso agir desta forma. Se todos o fizessem não existiria uma réstea de organização neste caos em que nos encontramos, mas é o que me corre na alma. É o que está dentro de mim, a tentar a todo o custo explodir para o exterior.

Já não estou bem de forma nenhuma, vejo em mim, cada vez mais, atitudes que atribuía aos que critico e, embora esteja consciente da situação, parece ser mais forte que eu, pois não me parece que esteja a fazer progressos para acabar com isto.

Dou por mim a querer bater com a cabeça nas paredes até que todos os problemas se vão embora, a querer correr de olhos fechados até que algo me faça parar e tudo esteja no seu devido lugar. Apetece-me cerrar os punhos com toda a força até ver gotas de sangue a esorrer pelas mãos abaixo. Imagino-me a enterrar os dedos nas órbitas para tentar deixar de ver o que me leva a sanidade.

Acho que estou a dar em louco, ou melhor, a ficar ainda mais.
 
quinta-feira, março 19, 2009, posted by # 7 at 22:55
 
, posted by # 7 at 22:44
Hoje foi dia do pai, e apesar de ter os melhores filhos do mundo, as crianças mais apetecíveis que um homem pode querer, não posso dizer que foi um bom dia.

Começou por volta das 02:30 da manhã, quando a minha estrelinha começou a tossir constantemente. Já nem conseguia fechar os olhos só de a ouvir. Passado algum tempo, levantei-e, fui ao quarto dela e constatei que ela estava toda torta na cama. Endireitei-a e a tosse lá foi acalmando.
Pouco tempo depois, foi a vez de preparar o leite do bebé que reclamava com fome. Tratei das coisas como habitualmente, e também como habitualmente, quando acabei de lhe dar comer, não consegui dormir.

Passava pouco das 4 quando o meu telefone tocou. Era a minha sogra e, como todas as notícias dadas neste horário, as novidades eram e foram más.
Tentaram furtar-me o carro. Abriram-no, ainda arrancaram, mas depois foram tão brutos que destruíram a coluna de direcção, impossibilitando a condução da viatura. Deixaram o carro no meio da estrada e fugiram, ao perceber que o seu plano tinha falhado. Pelo menos para este carro, porque pelo que soube, mais tarde roubaram outro no Montijo para assaltarem um café no Pinhal-Novo.

Ainda andei pelo bairro juntamente com o meu sogro, com a esperança ilusória de apanhar alguém a tentar roubar outra viatura, mas de nada valeu.
Escusado será dizer que, nesta noite, já nada dormi.
Andei o dia todo dormente. Só saí para ir à festa do dia do pai na escola da menina e ainda assim, pouco participei. Foi uma treta.

O que me safou no meio disto tudo foi "o dia da prenda do pai" como a minha pequena diz.
 
, posted by # 7 at 12:33
Há alguns dias atrás fui com o pequeno à pediatra.
Com tudo isto de ele ter nascido prematuro e a agravar a situação, ter andado uma semana a alimentar-se mal, estava um pouco preocupado em relação ao seu aumento de peso.

Lá chegando, a Doutora foi fazendo umas perguntas, eu outras, e chegou a altura de lhe tirar a roupita.
Eu disse logo à médica que ele era um pouco preguiçoso quando estava de cabeça para baixo. É suposto eles tentarem levantar a cabeça e cá em casa ele deita-se e não faz grandes esforços para tal.
Parece que foi de propósito. Ela virou-o, e ele não só levantou a cabeça bem alto, como também começou a dar às pernas, no movimento de gatinhar. Ela olhou para mim e perguntou-me: "Preguiçoso? Ó pai, ele até já quer andar, o que é que você quer mais?" E eu olha, cala-te que é para não ficares mais mal visto. Acho que o jovem anda a ver se me envergonha.

O peso, maravilha, aumentou a valer, a altura, já está mais comprido do que é suposto na idade dele e de resto parece que tudo se encaminha nos carris certos.
É caso para dizer, se é assim e nasceu pematuro, imagina se tivesse nascido de 9 meses.
É o meu campeão.
 
, posted by # 7 at 11:53
Olha-me nos olhos e diz que não me temes. Mas di-lo apenas se o sentires, pois algo em mim me sussurra aos ouvidos que receias que tudo o que aparento ser, nada mais seja que uma fachada, o disfarce perfeito que me permite misturar com as pessoas ditas normais.
Vê para além das minhas retinas, lá bem fundo no mais escuro e recôndito canto da minha mente, e faz-me crer que não tens suores frios por pensar que um dia, aquele único pilar que me faz parecer são, vai ruir e vou tornar-me no que realmente sou, no que realmente sempre fui destinado a ser. Um monstro sem remorsos nem sentimentos. Uma sombra, sem apegos nem afectos.

Olhas-me lá de longe, tentando imaginar o que se estará a passar na minha cabeça naquele momento e alivias-te quando tenho uma atitude normal. Regojizas-te quando concluis que ainda não chegou a altura, mas continuas a espreitar, a temer, como um médico olha desconfiado para o seu paciente louco, esperando a qualquer momento um ataque.
Sei que o fazes, embora ainda não o tenhas dito. Vejo-o nos teus olhos, assim como tu vês nos meus que a linha entre a sanidade e a loucura, entre a paz e o monstruosismo, no meu caso, torna-se mais fina e frágil a cada dia que passa.
Tu sabes-lo e eu sei-o. Tu temes esse facto e eu também. Não quero ser um monstro, mas por vezes dou por mim a sê-lo. Não quero ser uma sombra, mas por vezes dou por mim a ser posto de parte.

Mas é o que sou, o que fui talhado para ser ao longo do tempo. Sempre mantendo a fachada, sempre fazendo crer que nada do que me aconteceu foi suficientemente forte para me traumatizar ou me mudar.

A verdade é que abri um armazém escuro, pútrido e bolorento, escondido no buraco mais fundo da minha consciência, no qual fui depositando e acumulando os golpes que me foram desferidos. Sempre pensando que estavam bem longe de tudo, apenas perto de mim. Confiante de que nunca ninguém veria para além da minha máscara de sanidade.

Mas não tu, não é? És muito inteligente para isso e foste-me descobrindo com o passar do tempo. Foste observando e constatando que as sombras e a escuridão começam a ser cada vez mais frequentes na minha cabeça e que onde antes havia algum cinzento que cobria o descernimento, agora há uma completa negridão, exterminando toda e qualquer luz, toda e qualquer razão.
Sim, o dia deve estar próximo, embora lute com todas as minhas forças para afastar a minha verdadeira essência.

Olha-me nos olhos e diz que não tenho razão. Vê para além de toda e qualquer aparência e tenta perceber a dor que me transformou neste monstro.
 
domingo, março 15, 2009, posted by # 7 at 22:12

Michael Richards, também conhecido como Kramer, de Seinfeld, escreveu:

Orgulho em ser branco. Finalmente alguém diz isto.
Quantas pessoas estão actualmente a prestar atenção a isto? Existem Afro-Americanos. Americanos Hispânicos, Americanos AsiáticosAmericanos Árabes, etc.

Vocês passam por mim na rua e mostram arrogância. Chamam-me "White boy", "Cracker", "Honkey", "Whitey", "Caveman" e está tudo bem. Mas quando eu vos chamo "Nigger", "Kike", "Towel head", "Sand-nigger", "Camel Jockey", "Beaner", "Gook" ou "Chink", vocês chamam-me racista. Quando vocês dizem que os brancos cometem muita violência contra vocês, então porque razão os guetos são os sítios mais perigosos para se viver?

Vocês têm o United Negro College Fund.
Vocês têm o Martin Luther King Day.
Vocês têm o Black History Month.
Vocês têm o Cesar Chavez Day.
Vocês têm o Yom Hashoah.
Vocês têm o Ma'uled Al-nabi.
Vocês têm o NAACP.
Vocês têm o BET ( Black Entretainment Television ).

Se nós tivéssemos o WET ( White Entertainment Television ) seríamos racistas.
Se nós tivéssemos o Dia de Orgulho Branco, vocês chamar-nos-iam de racistas. Se tivéssemos o mês da História Branca, éramos logo taxados de racistas.
Se tivéssemos alguma organização para ajudar apenas Brancos a andarem com a sua vida para a frente, éramos logo racistas.

Existem actualmente a Hispanic Chamber of Commerce, a Black Chamber of Commerce e nós apenas temos a Chamber of Commerce.

Quem paga por isto?

Uma mulher branca não pode ser a Miss Black America, mas qualquer mulher de outra cor pode ser a Miss America.

Se nós tivéssemos bolsas apenas direccionadas para estudantes Brancos, éramos logo chamados de racistas.
Existem por todos os EUA cerca de 60 colégios para Negros. Se nós tivéssemos col´gios para Brancos, seria considerado um colégio racista.

Os Negros têm marchas pela sua raça e pelos seus direitos civis, como a Million Man March. Se nós fizéssemos uma marcha pela nossa raça e pelos nossos direitos, seríamos logo apelidados de racistas.

Vocês têm orgulho em ser pretos, amarelos, castanhos ou laranja, e não têm medo de o demonstrar publicamente. Mas se nós disséssemos que temos "Orgulho Branco", vocês chamar-nos-iam de racistas.

Vocês roubam-nos, fazem-nos carjacking, disparam sobre nós. Mas, quando um oficial de polícia branco dispara contra um negro de um gang ou pára um traficante de droga negro que era um fora-da-lei e um perigo para a sociedade, vocês chamam-no racista.

Eu tenho orgulho.
Mas vocês chamam-me de racista.
Porque razão só os brancos podem ser chamados de racistas?
 
quinta-feira, março 12, 2009, posted by # 7 at 15:46


Há algum tempo, mais propriamente em Outubro, escrevi sobre o facto de nessa altura já ser possível sair e ver decorções natalícias, embora ainda faltasse bastante tempo para o dia em si.

A pressa das pessoas em comemorar algo que já não sabem bem o significado é avassaladora.
Agora escrevo novamente sobre o Natal e o seu significado, ou melhor, o desaparecimento do seu verdadeiro significado.

Estamos em Março, e ainda hoje encontro perto da minha casa 3 a 4 habitações orgulhosamente enfeitadas com adornos natalícios.
Fico preso na dúvida, será que se esqueceram de que os enfeites ali estão, ou será que resolveram deixá-los lá,convenientemente dispostos, para o ano que vem?

Mais uma vez se confirma para além de qualquer dúvida que o significado da época natalícia se perdeu para todo o sempre.
Já não é sobre o estar em família, o ser-se bom para com os outros. Já não interessa colocar de lado qualquer desavença e, por uma noite que seja, ser-se simpático para todos.
Importante é dar e receber prendas. Comparar presentes, ver quem tem a melhor decoração, a melhor iluminação. Quem se veste melhor, quem come mais, quem serve mais comida. Estes sim, são os verdadeiros significados do Natal. Vamos enfiar as crianças numa sala a brincar com as prendas maravilhosas que lhes démos e ficar aqui, a comer e a beber e a discutir sobre quem é melhor, quem vive melhor, quem conduz o melhor carro.

Viva o Natal, e deixa lá as luzes na varanda que para o ano há mais.
 
terça-feira, março 10, 2009, posted by # 7 at 22:25
 
, posted by # 7 at 14:08
Há uns tempos atrás, quando era novo e irresponsável (ainda mais), fazia questão de afirmar o meu desrespeito e total descrepância de opiniões pela igreja católica. Usava a cruz invertida presa no pescoço, desenhava frequentemente pentagramas, como se se tratassem de algo demoníaco, enfim, um anti-cristo em pequena escala.
Mais tarde apercebi-me que, apesar da maioria das pessoas que conhecia e que eram frequentadoras da igreja, se comportarem de forma totalmente oposta ao que diziam ser correcto nas suas missas e reuniões, eu não faria diferença alguma por andar aí a tentar descredibilizar o nome da sua instituição AKA igreja católica.

E assim foi. Apesar das minhas opiniões controversas em relação às práticas adoptadas como correctas por parte desses nobres senhores, sempre me fui afastando e mantendo à parte, discutindo apenas ocasionalmente sobre o assunto e sempre de forma suave.
Nem nunca pensei em escrever aqui o que quer que fosse a respeito desta religião, porque para mim isto é como o trabalho, quero é distância

Porém, à luz das mais recentes notícias, não consigo simplesmente ficar sentado a ouvir.
No Brasil, uma menina de 9 anos foi violada pelo padrasto e ficou grávida. Resultado óbvio, tiveram que fazer um aborto. O que fizeram os excelentíssimos membros da igreja mais poderosa do Mundo? Excomungaram todos os que fizeram parte, deram autorização ou participaram na intervenção cirurgíca da menina.

Claro, que mais fazer? Então tem algum sentido fazer um aborto a uma menina de 9 anos? Já é practicamente uma mulher. Pode bem criar um filho. E quê, foi violada pelo padrasto? Melhor, fica tudo em família. Vamos lá a excomungar estes animais irracionais desprovidos de sentimentos que realizaram um aborto nesta jovem.

Eu, pessoalmente, se alguém da igreja me excomungasse, agradecia e ainda organizava um almoço para amigos e família para celebrar o grandioso acontecimento.
Esses senhores têm obviamente memória curta e já não se lembram das centenas de padres pedófilos, violadores, abusadores de poder. Não vêm igualmente muito bem, tendo em conta que o Vaticano é praticamente revestido a ouro, num mundo em que as diferenças sociais são cada vez maiores e que há cada vez mais desgraça.

Sentam-se nos seus tronos, dizem-se senhores da verdade, mas não têm a mínima noçao do que é passar fome, viver na dúvida, perder filhos.
Uma criança é violada e eles esperam que esta seja obrigada a ter que abdicar da sua infância para cuidar de uma outra criança, fruto da demência de um homem que muito provavelmente até é católico e que deliberadamente não foi excomungado. Afinal de contas, apenas violou repetidamente uma menina durante 3 anos, nada de tão grave assim na perspectiva desses padres.

Espero sinceramente que um qualquer padre tenha a oportunidade de ler este texto e me excomungue de vez. Sempre tenho mais uma data para celebrar todos os anos.
 
, posted by # 7 at 11:42

Já vai sendo recorrente escrever aqui sobre as provas a que vou. Talvez porque cada vez são menos num curto espaço de tempo.

Desta vez foi o duatlo de Grândola. Mais uma estreia.

Não tive companhia para ir, por isso, lá me levantei bem cedo, preparei o equipamento todo e fiz-me à estrada. O pior de tudo é a seca que se apanha lá antes da prova, estando sozinho. Felizmente, a cerca de 40 minutos do início da prova, encontrei dois conhecidos e lá nos mantivémos juntos até ao arranque da mesma.

Mais uma vez correu bem. Desta vez o tempo ajudou, ainda que apesar de todo o Sol, no segmento de BTT ainda apanhámos com bastante lama e inclusive uma poça que eu me atreveria a chamar de lago, visto que era bem larga e significativamente profunda, originando diversas quedas. Felizmente, não a minha. Consegui livrar-me às quedas nesta prova.
Pela primeira vez consegui chegar nos 100 primeiros. Claro que participaram bastantes menos que no Jamor ou nas Lezírias, mas os que foram eram bons.

Mas adiante, o clima estava om, os tempos tanto da corrida como da bicicleta também o foram e a prova em si, em termos de organização foi muito porreira. A repetir.
 
sexta-feira, março 06, 2009, posted by # 7 at 19:08
Hoje acordei e não me levantei. Pelo menos não durante duas horas e meia. Fixei o tecto e pensei bem se sairia da cama ou não. Afinal de contas, o dia ia ser igual a todos os outros. Aturar o patrão, gordo e estúpido, ouvir colegas de trabalho a reclamarem sobre as suas vidinhas insignificantes, voltar para casa ao fim do dia, quando já tudo é escuro e sombrio, comer os restos que encontro no frigorífico, enfim, o mesmo outra vez.

Estava na altura de "iluminar" um pouco a minha vida.
Posto isto, afinal resolvi levantar-me, mas não para seguir as mesmas pegadas lamacentas de sempre.
Vesti-me à altura da ocasião, pois decidi que esse seria o dia em que uma nova fase da minha vida teria início.

Liguei o carro e fui à estação de serviço atestar o depósito. Parei na pastelaria para beber um café e ler o jornal, na esperança que houvesse uma notícia do género de um meteorito que iria chocar com o planeta e aniquilar toda a raça humana, ou que um vírus mortal, criado num secreto laboratório subterrâneo na Serra Leoa se tinha espalhado e que não havia maneira possível de controlar a sua propagação, mas não, nada. Política, futebol, um GNR que matou um adolescente e um homem que esfaqueou a namorada por ciúmes. O normal de todos os dias.

Dei uma olhada na televisão, esperando ouvir alguma notícia de última hora me alegrasse o dia, mas estava a dar um daqueles programas da manhã, em que os velhotes se queixam, os pimbas cantam e as pessoas fingem que se preocupam.

Estranha raça, a humana. Se fizermos entrevistas às pessoas na rua, todas dizem se preocupar com os outros, ser bons e simpáticos, prestáveis e atenciosos. Depois seguem o seu caminho e na realidade comportam-se de maneira oposta ao que dizem ser.

Bem, mas enfim. Visto que a única coisa que me prendia naquele estabelecimento era o café que pedi e já o tinha bebido, pus-me a caminho. Não paguei. Para quê? Se chamarem a polícia, pela altura que eles atenderem ao pedido, já eu sou avô.
Dirigi-me a casa e depressa fui buscar as ferramentas necessárias para esvaziar o depósito do meu carro.

Na parte de trás da minha casa, o terreno não é tratado. Tem ervas grandes e secas, bandos de gatos percorrem aquele campo enquanto os putos cá do bairro correm e jogam à bola.
Putos ranhosos que em cada 5 palavras dizem 3 palavrões. Batem-se e confrontam-se por nada. Está nos genes, a violência. Sentimo-nos bem quando vemos outros a sofrer.
Costumam invadir o terreno por volta da 9 da manhã, fazem um intervalo entre a uma e as três e depois só de cá saem pelas sete da tarde. É uma espécie de horário laboral.

Isso deixa-me com bastante tempo para compor a minha obra prima.
Quando o último pirralho abandona o espaço, certifico-me de que ninguém mais me está a ver e inicio o meu plano.

À medida que a gasolina bate no chão, os gatos vão se afastando mas sem nunca abandonar o local. Esta espécie de bombas que comprei ao Tó cigano parecem funcionar à base de fósforos. Deverão funcionar. Pelo menos têm um aspecto ameaçador.
Quando termino fico receoso sobre se o plano dará resultado ou não. O cheiro a combusível é evidente, e embora os gatos não abandonem o seu local de eleição, temo que os putos não se aproximem.

Mas não. Os nojentos pirralhos devem ter os narizes entupidos de tanta nojeira que lhes entra pelas narinas. Nem dão por nada.
Observo-os. Penso sobre se a minha raça merece estar viva, merece respirar o ar que a natureza lhes fornece e que ela destrói constantemente. Rapidamente a resposta surge na minha mente, vermelha cor de vingança, negra cor de ódio. NÃO. Não merecemos o que nos é dado.

Lentamente acendo uma carteira de fósforos, largo-a e observo. Primeiro os gatos, com sons arrepiantes e ensurdecedores enquanto ardem em lindas labaredas dançarinas. Uns correm, outros ficam imediatamente petrificados. Depois centro a minha atenção nas bombas do Tó cigano. Não é que funcionam? E melhor que o esperado. As Explosões são intensas e violentas. Alguns dos fedelhos nem se apercebem do que se passa quando os seus membros são dilacerados pelo efeito devastador das explosões.

A princípio pensei que fosse ficar impressionado, mas cedo me apercebi que sou mais distorcido do que pensava. Dou por mim a sorrir. Um sorriso tão intenso que interrogo-me se estarei ou não ébrio. Mas não. Estou completamente sóbrio. Tão sóbrio quanto no dia que comprei esta caçadeira ao Zé chino, esse grande ícone da cultura bairrista. Indivíduo magro, arrogante e ganancioso, daqueles que o mundo está cheio, cujo único propósito na vida é enganar o próximo, de forma a obter algum lucro.

Então observo. Os gatos assam, as criancinhas ardem, torram, fritam, e quando alguma pensa que pode fugir ao meu pequeno inferno, o meu dedo aperta gentilmente (aperta e não carrega, como me ensinaram) o gatilho e as esperanças acabam. LINDO. Aquele acertei-lhe em cheio na cabeça. Hum, não é como nos filmes. O crânio a desfazer-se é bem mais complexo do que pensava. E o barulho, é estanho. Uma pancada violenta, como que uma parede a ser atingida por um martelo.

Ao fim de 15 a 20 minutos aparecem os primeiros carros da autoridade. Esses senhores tão dignamente vestidos que honram a postura da nossa sociedade. Chegam com ar de poderosos mas, ao primeiro tiro que ouvem, rastejam como os animais que são. Ridículo.
Pensei que ficasse nervoso com a sua chegada mas, afinal de contas, são só mais carne para o banquete. Se já desfiz crianças, não são estes dinossauros que me vão incutir moralidade.
Continuo a disparar indiscriminadamente até que deparo com o meu próprio reflexo na janela da minha casa. Ao contrário do que seria de esperar, tenho uma expressão morbidamente calma. Eu próprio me imaginava com dentes cerrados, baba a escorrer e aos gritos, mas não, pareço um cubo de gelo. E em vez de me assustar, essa percepção apenas me fortalece.
Atinjo um polícia e a seguir outro. Já não existem putos nem gatos. Tudo é negro e nauseabundo.

No meio de tantas explosões é fácil fugir para o sótão do prédio. Abandono o meu lar, para sempre. Não me detenho a olhar para o mobiliário, à procura de qualquer boa lembrança da minha existência, porque sei que nada me fará voltar atrás ou arrepender-me. Chegando ao sótão, retiro duas ou três telhas e entro no edifício ao lado.
Tão ignorantes estes agentes. Criam o perímetro de segurança no prédio e mais tarde, quando saio pela porta do outro ao lado, tratam-me como uma vítima inocente e dizem-me para me afastar e manter-me seguro. Quase rebento a rir, mas controlo-me.

Fugir seria fácil, mas não quero mais prolongar a minha agonia neste planeta.
Ah pois, esqueci-me de mencionar que também comprei esta "fusca" ao Zé chino. O gajo fez-me um desconto irrecusável pela compra das duas armas. E eu fui na conversa. Deixa lá, o gajo precisa da dose de cavalo para aguentar o dia.

Não percebo muito de armas, mas sei que tinha 4 a 5 balas no carregador. Não sei se é mesmo assim ou se o gajo me enganou, mas não importa.
Primeiro abati o meu vizinho de baixo que se encontrava a assistir ao massacre como se de um filme se tratasse.
Foi bonito de se ver. Mais uma vez, não foi como nos filmes. O buraco por onde entrou a bala ficou completamente queimado, tipo torrada esturricada, enquanto que do outro lado deu para ver pedaços de osso com miolo, numa osmose arrepiante digna de filmes de terror.

A seguir, e porque não tinha nada a perder, apontei ao primeiro senhor da autoridade que vi. Devia ser o chefe ou oficial ou o que quer que se chame a quem manda fazer e fica na retaguarda.
Mas ao invés de o alvejar, resolvi optar por algo mais melodramático, mais artístico. A arma a usar com esta importante personalidade teria de ser especial.
O ruído dos gritos e das chamas era tão intenso, que demorou uma eternidade até que alguém percebesse que o senhor chefe ou lá como é, tinha uma faca de pesca submarina enterrada nos rins.
Engraçada, a forma como aquela obesa figura se movia na tentativa vã de retirar o objecto que lhe causava tamanha agonia. O seu farto bigode a encher-se de sangue e saliva enquanto os sons que saíam da sua boca se assemelhavam a gargarejos de quem está a usar um qualquer produto de limpeza oral.
Dispensáveis eram os esguichos de sangue com os quais o senhor me sujou, mas talvez fosse um pequeno preço a pagar por todo o espectáculo a que tive o privilégio de assistir.
Quando finalmente as atenções se dirigiram a mim, já era tarde para o gordo. Aquele monte de banhas jazia sem vida a meus pés e eu, cada vez mais, sentia a vontade emergente de rir às gargalhadas.

Vocês não merecem viver. Vocês não merecem respirar. Se Deus existesse, aniquilar-vos-ia num piscar de olhos. Eu sou um de vocês. Eu não mereço viver.
Lembro-me de ouvir "QUIETO, LARGA A ARMA", mas para mim isso de nada valeu. O som do gatilho foi tão nítido que parecia uma melodia escrita especialmente para mim, naquele dia tão especial.

Senti o sabor do metal misturado com sangue, na boca, o ardor a invadir-me o corpo e caí, ainda olhei para as nuvens mas rapidamente chegou a escuridão. A reconfortante e agradável escuridão, amiga de tantos anos, confidente inigualável.
Ao contrário do que dizem, não vislumbrei a minha vida inteira a passar em ritmo acelerado. Apenas senti dormência, conforto, paz. Ainda consigo sentir uma lágrima a correr na minha face e apercebo-me de que sempre estive só. Ninguém sentirá a minha falta, ninguém chorará por mim.
Adeus mundo, não vou ter saudades tuas
 
, posted by # 7 at 17:15
 
quinta-feira, março 05, 2009, posted by # 7 at 11:52
A vida é passada com receios estúpidos, ambições ignóbeis e mentalidades distorcidas.

O objectivo é ser-se "alguém" na vida. Ter um curso superior e ter um bom emprego para ter coisas bonitas para mostrar a quem não se importa com isso. Estar no café a falar em como o nosso carro é bom, em como comprámos isto ou aquilo, em como temos tantos e bons bens materiais, passar férias em destinos exóticos.

Já não é importante ser-se bom ou ser-se amigo. Importante mesmo é parecer que somos, mas sempre disfarçando o nosso snobismo. Somos bons porque os outros o dizem, claro.
De nada interessa se temos bons amigos, o que importa é termos muitos "amigos" com estilo, que nos façam sobressair na multidão, que nos digam o quanto somos bons, mesmo que nas costas façam o contrário.

Amor, carinho, simpatia? Bah, de que serve isso se não temos umas Levi's vestidas ou um carro que dá 2oo? Para quê preocupar-se, se não com o facto de termos fotos nossas nas Caraíbas a provar que estamos cheios dele para gastar?

Falar de sentimentos para quê? Isso faz doer a garganta. Vamos criticar antes quem cá não está. Falar mal a torto e a direito dos outros dá tanto prazer, não é?
Mas, como poderemos pensar de outra forma quando educamos os nossos filhos para agirem de tal forma. Ou melhor, não é educar, é mais facilitar.

Em vez de passarmos tempo de qualidade em família, é mais fácil comprar aquele telemóvel ou aquela roupa da moda. É mais fácil dar-lhes o que querem e mandá-los seguir caminho para não atrapalharem as nossas fúteis vidas.

Já ninguém pára para pensar no que realmente somos neste mundo.
Quando passeio pelas ruas, pelos centros comerciais, sinto-me enjoado com tanto nariz empinado, sendo que a grande maioria, no fim do dia, nem sabe o que cá anda a fazer.
Passear os óculos, os relógios, os ténis, tudo isso é fácil. Ter integridade, ser-se verdadeiramente humano, isso sim é difícil. Difícil e cada vez mais raro.

Actualmente o que se vê são corpos sem alma, mortos por dentro.
 
terça-feira, março 03, 2009, posted by # 7 at 20:10
Hoje não foi um bom dia para mim. Aliás, quero ver se esqueço que existiram tais 24 horas no calendário.

Logo pela manhã, o pequeno Gabriel acordou aos berros, em vez de o fazer com a sua habitual boa disposição matinal. Fiz-lhe o leite mas nem isso o fez querer se acalmar.

Assim sendo, tomei a decisão de ir andar uma horinha a pé com ele. Nesses 60 minutos o rapaz finalmente calou-se e dormiu e eu aproveitei para fazer algum exercício, ainda que andar não seja o que mais gosto de fazer, devido ao pouco esforço produzido nesse acto. Mas pronto, saí de casa, o jovem acalmou, apanhei um Sol, nada mau.
Porém, assim que cheguei ao princípio da rua, o pirralho abriu os olhos. Deve ter algum sensor, pois ainda faltavam 200 metros para chegar a casa. Assim que entrou, abriu as goelas e assim ficou TODO o dia. Ora chorava, ora gritava, não percebi nada. Não era fome, não era fralda suja, nada.

Quando já estava praticamente rendido ao facto de que este dia não era dos melhores, por volta das 18 horas, a minha sogra disse que se eu quisesse ir correr ou ir ao ginásio, que não se importava de ficar com o bebé. Finalmente luz no fundo do túnel.
Acabei de lhe dar o leite, arrotou, deitei-o na espreguiçadeira e entreguei-o à avó.
Resolvi ir andar de bicicleta, ainda que já estivesse a ficar escuro. Lá fui.
Passados 3 quilómetros começo a sentir a bicicleta a fugir e aí constatei que tinha tido um furo.
Tantas provas, tantas descidas íngremes cheias de pedras afiadas, tantas quedas e nunca tinha tido um furo.

Logo hoje que o dia estava a correr tão mal, aconteceu isto.
Lá tive eu que vir a pé, ao frio e ao vento, directo para casa, conformado com o facto de que hoje é realmente para esquecer. E ainda não acabou o dia.
 
segunda-feira, março 02, 2009, posted by # 7 at 22:56
 
, posted by # 7 at 21:49
Acordo. Sento-me na beira da minha cama. Grande, fria, vazia.
Algo estranho está a acontecer. Não sei se é dos meus olhos, não sei se estou a sonhar.
Vejo tudo em tons de cinza, com pequenos rasgos de névoa a flutuarem fantasgoricamente em todos os cantos.

Procuro, em vão, por vida em meu redor. Sinto-me como numa cidade fantasma, daquelas que nos preenchem o imaginário "farowestiano" e que muitas vezes são retratadas em filmes depressa esquecidos.

Tenho o corpo frio e no entanto duas gotas de suor correm pelo meu peito abaixo, como que numa corrida desenfreada para determinar qual dos dois desaparecerá primeiro. Resolvo levantar-me e tentar averiguar o que se passa. Sonharei? Será tudo produto da minha imaginação? Deve ser, pois não consigo definir se tenho frio ou calor, não sinto dores nem fome. Ainda assim, por muito que tente, não consigo acordar. Tenho dúvidas.
Na rua o ambiente é o mesmo. Tudo é cinzento e esta estranha névoa insiste em se fazer notar.

Quando inspiro o ar corta-me por dentro, como se as minhas entranhas estivessem num misto de gelo e fogo, agulhas e lâminas que dilaceram toda a carne que encontram no seu caminho.
Porém só dura por breves momentos, essa estranha sensação. Cada vez mais me sinto perdido e só.

Os carros passam em camera lenta e aparentam não ter ninguém lá dentro. Nas ruas não há movimentos humanos. Ninguém. Estranho.

Começo então a andar, andar sem destino, sem traçado definido, à procura de uma qualquer resposta a uma pergunta que não quero fazer.
Subitamente começo a vislumbrar edifícios em chamas, corvos em elegantes círculos por cima da minha cabeça, cães que ladram ferozmente embora não produzam um som que seja.
Resolvo começar a correr. Correr como se estivesse a treinar para uma prova importante, correr como se não houvessem limites físicos. Rapidamente me apercebo que o esperado cansaço não se abate sobre mim. Por mais que corra, não existem dores, não há dificuldade em respirar.

Porém também constato que por mais que me esforce, não saio da mesma cena. Os corvos continuam a pairar por cima de mim, os cães continuam a ladrar silenciosamente, embora agora pareçam estar a ingerir uma qualquer substância putrefacta, tipo carne rasgada e dilacerada, de aspecto horrível. Os prédios ainda ardem, os automóveis continuam a mover-se de modo fantasmagórico e eu pareço não ter para onde ir.


Ainda assim corro, corro em frente, corro com firmeza e determinação.

Começo a lembrar-me das pessoas que conheço, da minha família. Que será feito deles?

Sem que perceba porquê, o chão debaixo dos meus pés começa a desaparecer. A desintegrar-se como se fosse puxado por um buraco negro.
Caio. A queda é intensa e dura muito tempo. Visualizo ruínas de casas outrora habitadas por famílias felizes, cadáveres por identificar nas bermas das estradas. Vejo carros acidentados, animais petrificados, crianças a chorar. E então choro também. Choro com tanta força que começo a gritar. E quando grito, acordo. Levanto-me repentinamente e abro a janela, na esperança de ver o Sol e constatar que tudo foi um sonho mau, mas tudo o que vejo é uma árvore seca. Rodeada de corvos de olhos vazios e frios.

Olho para trás e vejo-me a mim mesmo, deitado na cama, a dormir profundamente, enquanto labaredas de fogo dominam a divisão, dançando num macabro ritual, como se a avisar que a morte chega.
Apercebo-me então que estou preso no meu próprio pesadelo, que a névoa veio para ficar, as chamas irão arder eternamente e ficarei para sempre em busca do meu lugar.
 
, posted by # 7 at 12:50
 
domingo, março 01, 2009, posted by # 7 at 18:46
Muitas das pessoas que me rodeiam, conhecem ou apenas me viram poucas vezes, dizem que sou anti-social, e por vezes até antipático.

A parte do anti-social, aceito, compreendo e até concordo. É um dos meus defeitos, daqueles que por muito que tente alterar, se agarra a mim, tal carraça escondida aos olhos de todos, que suga, irrita, magoa, mas que eventualmente, perante a impossibilidade de a retirar, se torna suportável.
O ser antipático já é outra questão. Penso que sou bastante simpático até, visto que muitas das vezes até guardo os meus comentários e opiniões, em prol do bem estar de terceiros. Evito ser indesejável e criar conflitos, isto com as pessoas que conheço- Sinceramente, os outros, pouco me importam.

Mas o que penso verdadeiramente e o que me torna anti-social, é o facto de não gostar de "conversa de chacha". E é isso que me torna distante. Quando tento integrar-me em alguma conversa, muitas das vezes constato que, ou estão a falar de assuntos dos quais eu desconheço e não domino, ou se encontram a discutir banalidades, como falar mal de quem não se encontra presente.

Aí penso que mais vale estar calado, no meu canto e deixar que pensem de mim o que quiserem. Entre isso e dizer baboseiras, venham de lá essas críticas. Eu encaixo bem.
Porém devo dizer, sem querer ofender ninguém, que por vezes quando falam para mim sobre trivialidades tão banais como roupas e saídas e tretas do género, tudo o que ouço é "Blah Blah Blah." Sem ofensa.
 
, posted by # 7 at 18:40
 
, posted by # 7 at 18:25

Ultimamente a dose de pesadelos a que sou sujeito durante a noite tem aumentado substancialmente.
Talvez seja devido à falta de descanso, ao excesso de exercício ou simplesmente tenho o cérebro a fritar.

Desde monstros que só deveriam existir no imaginário de crianças, a espíritos dos que já não se encontram entre nós, passando por situações mórbidas e macabras que surgem do nada e que me ficam na memória durante dias. Tudo passa por este cérebro e infelizmente, cá fica, retido como uma fotografia a sépia, recordando-me que, por muito bem que as coisas possam parecer, tenho sempre que dormir e aí toda a obscuridade poderá voltar a inundar a minha mente como uma semente macabra plantada pelo demónio em pessoa.

Por vezes penso que estes pesadelos se devem a um qualquer filme que tenha visto ou livro que tenha lido, mas, curiosamente, nenhum filme que tenha visto ultimamente se reflecte em nada do que tenho sonhado e o livro que estou a ler chama-se "insónia" e é sobre um homem que não consegue dormir.

Tudo isto me leva a concluir que tanto pesadelo se deve unica e exclusivamente ao estranho funcionamento desta cabecinha.
Talvez me devesse dedicar a ficar em casa e a escrever detalhadamente sobre tudo o que sonho. Quem sabe se um dia algum director pirado não converteria as minhas idéias para um qualquer filme de terceira categoria, apresentado num festival underground?
 
Emanuel Simoes

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