segunda-feira, setembro 24, 2012, posted by # 7 at 18:32




No passado Sábado, teve lugar em Lisboa uma prova que me agradou francamente. Aliás, logo desde que começou a ser divulgada, captou-me logo a atenção.
Um trail urbano, realizado à noite. Ora trail unido com a noite dá um resultado muito positivo, pois adoro trail e adoro correr à noite.

Inscrevi-me assim que pude e fiquei a aguardar ansiosamente pelo dia do evento.

Infelizmente e definitivamente, este ano de 2012 está a ser severo e cruel comigo. Começou com a lesão no joelho, contraída na maratona de Sevilha e, pouco mais de um mês depois, deu-se a minha queda. Só à conta desse acidente, deixei de participar em alguns eventos, aos quais aguardava impacientemente por ir. Nomeadamente a meia-maratona da 25 de Abril e, mais importante, o ultra-trail de Sesimbra, onde me iria estrear em provas de média/longa distância em trail.

Mais tarde, lá consegui a algum custo participar numa prova de 10 km, obtendo um resultado satisfatório, apesar de ter cumprido o percurso com algumas dores na coluna. Mas foi uma prova simples, 10 km, estrada, enfim, o do costume.
Depois disso não voltei a participar em nenhum evento. Era só treinar, à espera do Lisboa Night Race. E, como o azar tem sido uma constante, toma lá uma ruptura muscular, duas semanas antes da data da prova.
Fiquei mesmo triste e desmotivado. Será que não chega de azares?

Continuei a treinar, mas apenas fazendo bicicleta de estrada. De vez em quando ainda tentava correr, mas só conseguia fazer entre 1 a 3 km, antes das dores se apoderarem de mim.
Na 6ª-Feira antes da prova, voltei a tentar. Mas fi-lo de forma lenta. Corri 11,5 km a um ritmo baixíssimo: 04:58m/km. Mas não deu para mais, pois eu bem sentia que, se aumentasse a passada, logo teria que parar.

Ainda assim mentalizei-me de que faria a prova devagarinho, apenas para aproveitar as vistas e apreciar a corrida.
Fui para Lisboa, sozinho (para não variar) e lá estive a aguardar o momento da partida, sempre com aquele nervoso miudinho.
Dirigi-me à linha de partida e lá fui eu. Assim que comecei a correr, comecei também a sentir as dores a instalarem-se. E, sinceramente, apeteceu-me chorar. Não é justo. Treino tanto, correr é algo que me traz tanta paz de espírito e, quando preciso de estar bem fisicamente, é quando estou mal.

Mas corri, corri cheio de dores, corri a coxear, a evitar aplicar demasiado peso na perna esquerda, mas corri.
A determinado ponto do percurso, pelo que conseguia ouvir das pessoas que aplaudiam e incentivavam, apercebi-me de que não estava tão para trás quanto pensei ficar.

As ruas e vielas de Lisboa são realmente cheias de vida. Foi um percurso estrondosamente belo.
Belas também foram as subidas. Escadas e mais escadas, rampas e mais rampas e muitos atletas a deixarem de correr para simplesmente andar, enquanto praguejavam contra todo aquele desnível.
Para mim, sem falsas modéstias, ainda bem que as subidas foram muitas. 1º porque a lesão não se fez sentir em terrenos a subir e 2º porque adoro subidas. É aí que se vê realmente quem tem força nas pernas e/ou espírito de sacrifício. E foi precisamente nas subidas que consegui ganhar posições, já que em reta e descidas via-me obrigado pelas dores a abrandar para velocidades miseráveis.

Perto do km 7, depois de uma prova em que estava constantemente a emitir sons de agonia causada pela dor (e não estou a exagerar), resolvi dar tudo por tudo até ao fim e que se lixasse a lesão. Depois logo se via. E a partir daí, ninguém mais me ultrapassou e isolei-me do grupo de 5 ou 6 atletas em que estava inserido.
Resultado, acabei por terminar em 18º lugar, num total de 1125 atletas que cumpriram o percurso na sua totalidade.

Foi bom? Foi, foi porque estava lesionado, porque estava com dores e ainda assim consegui ter a força mental necessária para superar a vontade inicial de desistir.
Foi mau? Foi, foi porque sinto que se não estivesse lesionado conseguiria um lugar muito mais digno. Aliás, estou convicto de que o pódio não seria difícil de conseguir, pois a arrastar-me como me arrastei, fiquei a menos de 5 minutos do 1º classificado.

Quem sabe se esta maré de azar não está a chegar ao fim e quem sabe se não está por aí um pódio reservado para mim?
Seria um sonho tornado realidade.


 
segunda-feira, setembro 17, 2012, posted by # 7 at 23:23

Hoje foi um dia muito importante e definitivamente marcante.

Apercebi-me de que a expressão "o tempo voa", tem cada vez mais influência e razão de ser na minha vida.

Parece que foi há apenas uns dias que me sentava na cadeira do escritório, escrevendo sobre a minha pequena estrelinha, que há tão pouco tinha começado a fazer parte das nossas vidas. Parece que foi ontem, que me estreava a dar banho a um bebé, mudar fraldas, dar de biberon e bater nas costinhas para que o belo do arroto viesse por fim.

E agora, bem, agora são dois filhotes e a minha estrelinha teve hoje o seu primeiro dia de escola.
Bem, a escola, supostamente, começou na 6ª, mas nesse dia foi só uma pequena apresentação e depois disso, a pequenita veio para casa.

Hoje já foi diferente. Fui levá-la, estive com ela na sala, onde ela escolheu desde logo um lugar à frente para se sentar e, verdade seja dita, eu estava muito (mas muito) mais nervoso que ela. Só me apetecia agarrar nela e fugir dali para fora, trazê-la para casa, para perto de mim.
Passado algum tempo, muito gentilmente e extremamente receoso, virei-me para a filhota e disse-lhe: "Olha, o papá tem que ir embora agora, 'tá?". Sinceramente, esperava que ela se agarrasse a mim, pedindo para que não fosse. Mas...não. Disse-me um grande "Adeus!!!", acenando com a mãozita e lá ficou, tranquilamente, sem qualquer tipo de problema.
Fiquei estupefacto. Não esperava que a minha pequena estrelinha fosse tão decidida e pronta para lidar com esta nova situação de uma forma tão descontraída.
Para dizer a verdade, até me senti um pouco estranho, por ser eu a estar tão nervoso em relação ao primeiro dia de aulas da filhota.

Mas a verdade é que foi melhor assim.
O dia correu bem, brincou, fez os trabalhos, nada fora do normal aconteceu.
Nada, excluindo o facto de que me deu aquela pequenina vontade de chorar, quando a deixei lá. 

E assim começou mais uma etapa da nossa vida.
 
Emanuel Simoes

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