sábado, maio 28, 2011, posted by # 7 at 23:05





Toda a gente tem um local de eleição, um sítio onde se sente bem, confortável, longe dos problemas que nos assolam a todos.

Para uns é o café, onde se encontram com os amigos, para outros  é o centro comercial, onde passeiam e fazem compras, para outros é o sofá da sala, onde se sentam, relaxam e se alienam deste mundo e dos seus problemas.
Todos esses locais são válidos, são, digamos, socialmente aceites.

Pois eu também tenho o meu local de eleição. O único local neste mundo onde consigo estar e realmente ser eu, sem as tão utilizadas máscaras que a sociedade nos impõe, sem as falsas moralidades inerentes à tristeza de se ser humano.
O local onde eu mais gosto de passar tempo, de ouvir música, de pensar, esse local tão remoto e único, situa-se precisamente dentro de mim mesmo. É um canto que guardo na minha mente, onde me dou ao luxo de não envelhecer precocemente, de me permitir a sonhar e a ambicionar, de ser diferente destes tristes seres que me rodeiam e que de alguma forma governam o meu mundo.

Não, não estou a afirmar que sou melhor que ninguém. Aliás, eu devo ser o pior de todos. Devo ser o mais deslocado dos deslocados.
Ainda tenho a esperança que um dia alguém me decida internar e aí sim, terei tempo para me dedicar ao que gosto de fazer. Irai compor músicas, escrever, cantar, gritar. Sempre sem me preocupar com o que pensam ou deixam de pensar.

Apenas neste pequeno e escuro canto na minha mente me permito ser verdadeiramente livre. E feliz. Pois se disser que alguma vez fui verdadeiramente feliz, estarei a mentir.
Apenas neste espaço por mim criado e por mim alimentado me sinto bem. Pois aqui sou quem sou digo o que tenho a dizer e silencio-me, quando assim tem que ser. Masnão por obrigação. Por opção.

Neste meu escuro e sombrio canto, sou eu, o verdadeiro eu. Sem fingimentos, sem falsas esperanças. Apenas aguardando a minha hora. O momento em que deixarei de pertencer a esta triste raça que sobrevive apenas da sua própria desgraça.
 
sexta-feira, maio 27, 2011, posted by # 7 at 18:36





No decorrer dos anos que já vivi, pelo menos daqueles em que me lembro de ser eu, que me lembro de entender o que me dizem, já me perguntaram várias vezes porque sou tão reservado, tão distante, tão anti-social.

Devo admitir que a princípio pensei ser apenas o meu feitio, algo com o qual nasci. Posteriormente, associei essa minha condição ao facto de ter tido a vida que tive, cheia de percalços, episódios de violência e outras coisas mais que tomariam demasiado do meu tempo, para as relatar aqui e agora.

Agora penso de forma diferente. Penso que não me dou a conhecer, que não me deixo absorver porque as pessoas são um autêntico labirinto. Sempre que penso que estou a chegar à saída, esbarro com mais um beco sem saída. 

Quando penso que conheço alguém, algo acontece que me faz pensar que tudo o que tina como adquirido em relação a essa pessoa não era uma realidade incontestável. Isto a todos os níveis, amizades mais fortes, menos fortes, simples conhecidos, família. Toda a gente é estranha e diferente daquilo que tenta mostrar ser. Mas, eventualmente, alguma situação inesperada poderá ocorrer e as pessoas, perante a adversidade, mostram que podem ser diferentes daquilo que aparentam ser.

Como tal, penso que também eu sou assim. Talvez o que todos pensem de mim esteja errado. Aliás, isso é algo que sei há já muito tempo, algo a que estou habituado. 

Mas o que quero dizer, é que eu até me esforço (às vezes) por me integrar, por me ligar mais às pessoas. Mas parece que as pessoas mudam tão rapidamente, que não sei como lidar com esta pressão de as tentar acompanhar, para não parecer incorrecto ou desrespeitoso. Assim, prefiro mesmo ficar no meu canto, que é o meu local favorito neste mundo.
 
terça-feira, maio 17, 2011, posted by # 7 at 22:43

Ora aqui está uma das grandes afirmações do século XX e XXI, se me é permitido escrever (e se não é, FUCK WHAT PEOPLE THINK).

Toda a gente diz à boca cheia que o que os outros pensam não interessa, que o importante são os valores individuais de cada um, que cada um sabe de si, enfim, tanta, mas tanta TRETA, que não vou estar para aqui a evidenciar todas elas.

Senão, vejamos: o puto que tem a mania que é cool, cheio de brincos e tattoos, que se veste de forma irreverente, diz que não quer saber do que os outros pensam. Ora, isto até pode ser verdade. Verdade porque esse mesmo puto tem, para além de todos os que falam mal dele, os outros, que o idolatram, que o seguem, que fazem o mesmo que ele. E são esses que lhe dão a força para continuar a ter este pensamento absurdo.

Façamos então um exercício, simples, até para alguém menos dotado de cultura geral. Um puto desses, sai à rua e descobre que ninguém, mas é que mesmo ninguém lhe acha piada. A sua irreverência é vista apenas como uma triste forma de chamar a atenção, os seus amigos não concordam com a sua maneira de ser e, este indivíduo, passa os dias só, pois ninguém se aproxima dele, pois ninguém o aceita. Por muito que venham dizer que não mudavam, a verdade é que todo e qualquer ser humano pensaria de imediato em alterar as suas atitudes, por forma a ser aceite.

Sim, é fácil ter mil contra nós, se tivermos dez que nos apoiam incondicionalmente. Até é fácil ter mais de mil contra nós, se cinco forem nossos devotos fãs. Mas a verdade, e essa pode ser alvo de refutação constante, que não deixa de ser verdade, é que poucos são os que aguentam uma afirmação sem cooperação. Eu pago se aparecer alguém assim à minha frente.

O que os outros pensam é sempre importante. Quer seja bom, quer seja mau.E a negação de tal facto apenas demonstra, mais uma vez, a ignorância e a presunção da raça humana.
 
, posted by # 7 at 20:56





Há pouco tempo li que alguns cientistas realizaram um estudo e chegaram à conclusão de que as pessoas que levam a vida de um modo mais positivo, têm tendência a viver menos do que os pessimistas por natureza.

Para muitos, esta constatação pode ser confusa e até controversa, mas, para mim, é apenas a confirmação do inevitável.
E é uma confirmação que não se revela muito justa, por sinal. Afinal, anda uma pessoa a ser pessimista uma vida inteira e depois está condenada a viver mais que os alegres paspalhos que a rodeiam. Bah!!!

Enfim, mas, a verdade, é que tal não me surpreende minimamente. Vejamos, para um optimista, nada lhe acontecerá de mal, tudo se resolverá, Deus providenciará pelo que falta. Resultado, Tudo corre mal, os acidentes ocorrem por não se ter a capacidade de antecipá-los, Deus não dá emprego a ninguém, que não os padres.

Já os pessimistas, estão sempre a antecipar o que de mal lhes irá acontecer. "Vou cair naquele buraco. Vou ser despedido. Vou ter que fugir daqui.".

Ora, tal pensamento permite um muito melhor relacionamento com a realidade, tornando os pessimistas uma espécie de adivinhos, estando preparados para as adversidades que se avizinham.

Já os optimistas, com as suas falsas esperanças de que o mundo é cor-de-rosa e de que tudo sempre irá correr bem, irão sempre ser os cromos do mundo, os imbecis da actualidade, que ainda acreditam em fadas e em génios da lâmpada, que irão fazer com que tudo corra bem no final.

Depois, morrem, cedo e à espera do que nunca acontecerá.

And they didn't live happilly ever after.
 
sexta-feira, maio 13, 2011, posted by # 7 at 23:35

Muito se fala de amor, do amor, sobre o que é o amor, o verdadeiro amor.
Para mim, que sou um mero energúmeno que tem o privilégio de andar sobre a face deste maravilhoso planeta, essa conversa de "verdadeiro amor" não passa de uma desculpa inventada (mais uma) para justificar a nossa curta estadia nesta vida.
Parece que é obrigatório que toda a gente acredite no amor e na sua imensa e divina veracidade. Independentemente da vida que leva, da realidade que o/a rodeia.
A verdade (a minha verdade, claro) é que tudo isso se resume a uma imensa treta, rodeada de um imenso lamaçal e impregnada com um igualmente imenso odor de putrefacção.
O amor existe sim, mas não é o que nos tentam impingir constantemente, american style: boy meets girl, girl meets boy, boy loves girl, girl loves boy, boy and girl get married and live happily ever after. Já que estamos no inglês, allow me: Give me a fucking break. Esta treta só existe nos filmes. E nos maus filmes, por sinal.

O verdadeiro amor, o real e inquestionável, é aquele que vem sem qualquer condição. Sem dinheiro envolvido, sem sexo à mistura, sem conversas obrigatórias, sem presentes calendarizados.

Amor é estar deitado na cama e ouvir os pequenos passos do meu filho, a correr do quarto dele para o meu, apenas para me dar um beijo. Amor é a minha filha pedir-me para me curvar, para que me possa acariciar o rosto e dizer: "Papá, tu és lindo." . Isso é amor, no seu estado puro, sem contaminação alguma.

Amor não é perguntar se o dia correu bem, oferecer chocolates, jantar fora, passar férias luxuosas. Amor é olhar nos olhos e, sem palavras, sentir que se está disposto a dar a vida pela outra pessoa.
 
segunda-feira, maio 09, 2011, posted by # 7 at 23:31

Há algo nesses teus olhos azuis que me faz sentir bem comigo mesmo. Algo que me acalma, que parece querer extinguir este fogo interior que me queima há tanto tempo.

Há algo nesses teus olhos azuis que me faz acreditar na vida, na felicidade, no amor.
Bem sei que é apenas uma situação temporária, que estes sentimentos não são reais. É apenas uma ilusão minha, um devaneio inconsequente de alguém que procura desesperadamente por uma razão.......

Não me canso desse teu olhar. O quanto mais aprofundo o meu olhar no teu, o mais me sinto vivo. Sinto o monstro em mim a desvanecer, dando lugar a uma pessoa normal, a alguém que apenas quer viver e deixar viver. Alguém como nunca fui e como nunca serei.
Ainda assim, atrevo-me a sonhar. Imagino uma vida em que o monstro está morto e em que estamos juntos, vivendo um para o outro. Olho para esses teus lindos olhos azuis e sonho, sonho com um mundo onde o Sol brilha constantemente, onde as pessoas sorriem enquanto caminham na rua, onde o monstro está morto e felicidade é mais que uma mera palavra inventada para manter o ser-humano ocupado, até ao dia da sua morte. Sonho com o impossível.

Perco-me fundo nos teus olhos azuis e imagino um dia perfeito, em que caminhamos de mãos dadas, em direcção ao pôr do Sol, sem horários para cumprir, sem preocupações.

Há algo nesses teus olhos azuis que me faz feliz. Algo que me permite olhar para o espelho e conseguir ver para além do monstro que sou.

Há algo nesses teus olhos azuis que incendeia a minha alma e me faz elevar alto no céu, voando para longe desta agonia constante que ocupa os meus dias.

É uma pena que este sentimento esteja prestes a terminar. É uma pena que o teu cadáver comece a apresentar sinais evidentes de putrefacção. Mas, que mais esperava eu? Já passaram dois dias desde que te permiti o último fôlego.

Ainda assim, os teus olhos continuam lindos. Lindos e azuis.

Agora, deito-me aqui, a teu lado. Seguro-te na mão e acaricio-te o rosto. Serás sempre linda para mim, mesmo em decadência. Deito-me aqui e aqui ficarei até que as forças me abandonem, até que seja hora de ir para junto de ti.

Bem sei que sou considerado um monstro, uma besta. Mas se ao menos conseguissem ver o mundo através dos meus olhos, saberiam que não tive escolha. Fui uma mera marioneta nas mãos do monstro que se apossou de mim.

Mas agora tudo termina. Eu, tu e esses lindos olhos azuis. Para toda a eternidade.
 
Emanuel Simoes

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