domingo, agosto 26, 2012, posted by # 7 at 01:19


 Mais um ano, mais uma viagem. Creio que agora, ao fim de 4 anos consecutivos, posso afirmar que esta viagem já se tornou uma tradição para mim, um evento a realizar anualmente, sem desculpas, sem hesitações.

Se no 1º ano a grande questão era se eu conseguiria ou não percorrer a distância que separa Montijo do Cercal, com o passar do tempo e o ganhar da confiança, passou a ser mais uma questão de saber quanto tempo iria demorar. Até este ano. A partir de agora, o que pretendo basicamente é usufruir da viagem, desfrutar das paisagens que o percurso oferece e aproveitar para estar a sós comigo mesmo.

Este ano, para não variar, o despertar foi cedo, ainda de noite. O pequeno almoço foi diferente, no entanto. Tinha uma grande tigela de esparguete que havia sobrado do jantar da noite anterior, juntei-lhe umas torradas com marmelada e aí está um pequeno almoço digno de campeões :)

Desta vez não fiz vídeos nem preparei em demasia a partida. Aliás, se no 1º ano levei 2 mochilas cheias de comida e água e ainda parei numa estação de serviço, desta vez apenas levei alguma água, umas barras de cereais e alguns geles. E ainda assim foi demais.










Arranquei determinado a fazer um percurso diferente. Nos anos anteriores havia feito caminho até Sines e depois virava em direção ao Cercal. Desta vez, optei por ir até à Mimosa, virar para Alvalade e fazer um percurso mais no interior, em que se vêm mais paisagens alentejanas e menos obras.
Senti-me tão bem no caminho que nem sequer pensei em parar e as fotos que tenho, como se pode ver, foram tiradas em andamento.
Ainda assim parei. Uma vez para trocar as lentes dos óculos, pois o Sol fazia-se sentir, e outra para trocar um bidon vazio por outro cheio de água, que trazia na mochila.

Tive o privilégio de, mais ou menos ao km 120, ter arranjado companhia de um companheiro de pedaladas, de Santiago do Cacém, que por ali andava a treinar. Ainda fizémos 20 ou 30 km juntos e posso garantir que não os tinha feito ao ritmo que fiz, se não fosse pela ajuda daquele atleta de sangue alentejano. Um muito obrigado ao Jorge Rodrigues, pela ajuda, pela simpatia, pela boa disposição.

Mais uma vez, apesar de ter levado muito, mas muito menos mantimentos do que no 1º ano, acho que levei demasiada carga. Para o ano, 3 bidons, camel bag e apenas algumas barritas e marmelada.

Algo cansado (um bocadito, apenas), ao fim de 155 km, lá cheguei. Acho que foi o ano em que melhor me senti na chegada, sem grandes dores ou cansaço em demasia. 
Demorei menos de cinco horas e meia, contra as seis horas dos anos anteriores. Mas verdade seja dita, creio que, para além do amigo Jorge, o vento também foi meu amigo. Para um amador, sozinho, fazer uma média de 29 km/h numa distância tão grande, só com alguma sorte mesmo.

Resumindo, mais um ano, mais uma viagem, mais uma pequena aventura.
Esperançosamente, escrevo que para o ano há mais.



 
sexta-feira, agosto 24, 2012, posted by # 7 at 01:06





Desde que comecei a experimentar correr com calçado minimalista, aldrainventado por mim, que fiquei curioso em relação aos estranhos sapatos com compartimentos para os dedos, os Vibram 5 fingers.

Fiz algumas pesquisas mas, desde logo, o preço deste produto assustou-me. Em Portugal, através dos representantes da Vibram 5 fingers, o par mais barato custa mais de 100 euros.
Ora, se por um lado estava ansioso por saber qual a sensação de correr com umas coisas destas, por outro, não estava disposto a dar tal quantia por algo que me era tão desconhecido.
Mas esse foi um obstáculo ultrapassado, após conversa com um amigo que, sendo um mestre nestas coisas de arranjar coisas a preços, tal como o calçado, minimalistas, conseguiu encontrar um sítio onde pelo preço de um par em Portugal, eu poderia comprar três pares. Lá se vai o ajudar a economia portuguesa.

Na passada 2ª Feira, lá fui eu levantar a minha encomenda aos correios e, como não poderia deixar de ser, propus-me desde logo a experimantar esta nova aquisição nesse mesmo dia.

Devo dizer que li algumas coisas e vi alguns vídeos sobre como utilizar este calçado e que, como é óbvio, deveriam ter sido as minhas linhas guia. Mas não foram.

Para calçar os sapatos, foi um martírio. Os dedos dos pés estão de tal forma habituados ao calçado convencional que alguns dedos parecem simplesmente se negar a entrar nos orifícios criados para o efeito.
Depois de muita persistência, lá consegui calçá-los e aí começou a estranheza sentida por ter os dedos dos pés afastados entre si.
Mas a história ainda mal havia começado.

Estava tão entusiasmado que, no mesmo dia em que os fui buscar e logo a seguir ao jantar, tive que ir dar uma corrida. De frisar que aconselham a que quando compramos este calçado, que andemos algum tempo com eles e que a 1ª corrida seja uma distância curta, para uma melhor habituação.

E eu o que fiz? Para além de ter ido correr logo a seguir a jantar (o que faz maravilhas à digestão), arranquei a uma passada elevada (para mim, claro) e, ao invés de correr 5 ou 7 km, fui correr mais de 12.
Ou seja, a sensação de leveza foi notória. Apesar de ter acabado de comer, senti-me leve e fiz um bom treino com uma média de 04:09m/km, o que, para treino, não me parece mau.
O pior foi que os meus pés não estavam habituados a este estranho tipo de calçado.
Resultado: algumas bolhas e dores em locais que nunca antes havia sentido o que quer que fosse.

Tenho andado a fazer uma habituação progressiva, a sair com os sapatos calçados, passando grande parte do dia com eles e hoje, voltei a fazer algo muito inteligente. Fui correr a seguir ao almoço, com mais de 30º de temperatura e com os pés cheios de pensos por causa das bolhas e feridas. Mais de 13 km debaixo de um Sol forte, mas, valeu a pena. Cada vez estou mais habituado às novas "barbatanas" e estou ansioso por completar a minha 1ª prova com estes sapatos.

Ainda assim, continuo na minha cruzada pela construção de umas sandálias ainda mais minimalistas, que me permitam correr ainda mais leve.

Uma coisa é certa, um corpo habituado a décadas de caminhadas e corridas com calçados feitos para amortecer o impacto do andar, irá certamente sentir dor quando passa para a utilização deste tipo de calçado.
Mas, tal como correr em si, se fosse fácil não dava pica.
 
Emanuel Simoes

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