terça-feira, agosto 31, 2010, posted by # 7 at 21:09
Há muito tempo atrás, sendo que não sei precisar quando, surgiu o mítico filme "Entrevista com um vampiro". Vi esse filme várias vezes e, curiosamente, ou talvez não, estou a vê-lo pelo canto do olho, enquanto escrevo este post.

Mas isso foi antes desta triste e absurda febre pela moda vampírica. Desta enchente de novelas que copiam as películas recentes de cinema em que entram vampiros e lobisomens. Películas essas, aliás, bem fraquinhas, na humilde opinião deste escritor. Mas, e como tudo tem um mas, essa moda, essa fixação nas criaturas da noite parece ter vindo para ficar e, certamente, proporciona lucros astronómicos a quem explora o cada vez menor intelecto das camadas jovens, intelecto esse que parece limitar-se à imitação, ao inés da inovação.

Enfim, isso seria tema para outro post, para outro dia. Quero mesmo é falar do filme acima referido.

De todas as vezes que vi o filme, com a excepção desta, sempre tomei o partido de Louis, o vampiro com sentimentos, defensor do "bem". Aquele que se alimentava de animais de modo a preservar a vida humana. Afinal, a vida humana deve ser preservada a qualquer custo, certo?
Já Lestat, o mau da fita, é aquele de quem ninguém gosta. O que desrespeita por completo qualquer vida humana, qualquer valor moral. Acaba por ser a personagem odiada por todos, apenas por fazer algo que a grande maioria de nós receia fazer: aceitar a sua natureza.

A verdade é que a vida humana não tem tanto valor assim. Aliás, terá tanto valor quanto a de uma formiga, de uma mosca, de um peixe. Somos meros seres vivos que aguardamos a inevitabilidade da morte. E a maior parte de nós merece essa morte.
A nossa inteligência, que supostamente será o que nos diferencia e coloca num patamar mais elevado do que as outras espécies, ao invés de ser utilizada para atingir a harmonia entre nós, usamo-la para mesquinhices, confrontos, disputas de poder, dinheiro, status. Damos tão pouco valor à vida do próximo que, irrefutavelmente afirmo que o ser humano não presta.

Afinal, no fim do dia, a grande maioria de nós não passa de um bando de chorões, sempre a reclamar com a nossa vida, invejando a do outro e olhando sistematica e obcessivamente para o próprio umbigo. Os que não são invejosos, os que detêm o capital, o poder, a fama, esses olham para os outros, os que estão lá em baixo, com desdém, com ironia, com desprezo.

Cada um de nós pensa que é mais importante que todos os restantes. Que o Universo gira em nosso redor. Se acontece algo complicado na nossa vida, é uma desgraça. Se alguém sofre um acidente mortal na casa do lado, "Oh, coitadinho. Olha, azar.".

É por isto, tudo isto e muito mais, que tomo agora o partido de Lestat. Somos maus, somos vírus. Somos o que somos mas poucos têm a coragem de o assumir. Preferem esconder-se por trás da falsidade, da falsa moralidade.
Não merecemos a vida que nos foi abençoadamente concedida. Não enquanto o objectivo de vida de cada um for o seu bem estar, independentemente das pessoas que nos rodeiam estarem a sofrer.

Neste caso, o mal parece-me tão bem.
 
quinta-feira, agosto 26, 2010, posted by # 7 at 00:04
Pintas. Esta é a alcunha que dei ao meu pequeno, por estes dias que correm. É que, com tanta pinta que lhe ocupa o corpo, o coitadinho só pode ser chamado por este nome.

Tudo começou quando ainda faltava um dia e meio para eu entrar de férias. Recebi um telefonema, a dizer que o pirralho tinha que ir ao hospital porque tinha umas borbulhas suspeitas e lá saí eu do emprego, para prestar a minha assistência. Resultado: Varicela. Um mínimo de 5 dias sem poder ir à praia e sem sair de casa, de modo a não contagiar ninguém. Bela forma de começar as férias.

Não fizémos muito por afastar a estrelinha do mano mais novo, até porque quanto mais cedo ela apanhar, melhor. Mas até à data, parece que ela se safou.

Já o pequeno, coitadito, chegou a dar pena. Tantas, mas tantas pintas, que até fazia impressão. Em todo o lado, até nos pés, e na cabeça, nem se fala.

A preocupação era mesmo que ele não se coçasse, para evitar as marcas permanentes no corpo ou, principalmente, no rosto.
Mas pelo menos não teve febre nem nada do género. Foram só mesmo as pintas, no meu pintas. 

Agora já vamos à praia, à piscina, já damos grandes mergulhos e já passeamos na rua. Só falta a estrelinha.
 
quarta-feira, agosto 25, 2010, posted by # 7 at 00:09
E pronto, está feito. A expectativa terminou, assim como a tão aguardada viagem. Foram 152 km de alcatrão percorridos em cima da minha fiel companheira.

Já foi há mais de uma semana que me lancei à estrada, mas, devido a ter estado num local onde a rede de internet é praticamente inexistente, só agora escrevo sobre tal ocorrência.
Levantei-me pouco depois das 5 da madrugada, no Sábado, dia 14 de Agosto. Tomei, calmamente, o meu pequeno almoço, tratei dos últimos preparativos e lá fui eu, assim que a pouca luz do dia surgiu. Apesar de ser um dia de Verão, nas primeiras horas do dia cheguei a sentir frio, especialmente nas descidas que iam surgindo no caminho e que fazam com que o ar fresco da madrugada se fizesse sentir intensamente no meu corpo.

Contrariamente ao último ano, desta vez não estava excessivamente nervoso, até porque já sabia mais ou menos o que me esperava. Levei menos comer e mais líquidos e isso foi uma aposta ganha.

À passagem por Àguas de Moura, por volta das 7 da manhã, os raios de Sol que forçavam o seu caminho através dos ramos dos inúmeros sobreiros existentes, fizeram com que me apercebesse de toda a beleza que me rodeava e que continuaria em meu redos ao longo dos longos 152 km.
Parei duas vezes. Uma, aos 80 km, para comer e outra, aos 130, para tirar umas fotos. No ano passado fiz 4 ou 5 paragens, sendo que a primeia foi logo aos 50 km. Mas desta vez estava em melhor forma.

Na viagem de 2009, fiz 145 km em 5 horas e 55 minutos. Desta vez, fiz 152 km em 5 horas e 38 minutos. Uma melhoria agradável que me permitiu constatar que a minha evolução tem vindo a ser favorável.

Apesar de tudo, a dor que sentia no rabo, a partir dos 90 km, era demasiadamente desmotivante. Tenho que pensar em adquirir um banco novo.
Enfim, sem dor também não seria uma vitória. Agora estou já a estudar um novo desafio. Algo mais puxado, que puxe por mim, ao extremo.
 
segunda-feira, agosto 09, 2010, posted by # 7 at 12:44
Há muito que anseio pelo dia que ainda não chegou, pela viagem que, mais uma vez, irei fazer. E quanto mais perto está esse dia, mais sinto aquele nervoso miúdinho dentro de mim.

A bicicleta está pronta, tenho a lista do material que julgo ser necessário para o trajecto a cumprir e a vontade está cá, cada vez maior.

No ano passado, quando parti com destino a Cercal do Alentejo, não sabia minimamente o que se passaria, visto que nunca tinha percorrido tantos quilómetros, muito menos sozinho. Escolhi mal a hora da viagem, pois fui perto da hora de almoço, num dia de calor abrasador, levei uns sapatos nada indicados e levei também excesso de carga. Este ano vou apostar mais em líquidos e deixar os alimentos sólidos um pouco de parte, levando apenas umas barras e uns cubos de marmelada. Vou também de madrugada, de modo a não apanhar tanto calor e, mito importante, troquei os pneus do veículo. Desta vez, em vez de utilizar os pneus de mato, levo uns de estrada o que certamente me permitirá aumentar a média de velocidade.

Estou mesmo ansioso. Mesmo, mesmo. Por mim ia já hoje, mas, infelizmente, ainda há trabalho.

No ano passado, demorei 5 horas e 55 minutos. Este ano era bom que reduzisse para as 5 horas e meia. Veremos.
 
domingo, agosto 08, 2010, posted by # 7 at 15:36
Bem, parece que é o fim. A despedida. A inevitabilidade do nosso desaparecimento finalmente abateu-se sobre nós e agora nada mais nos resta que não a despedida.

O senhor dos senhores (suspeito e muito provavelmente culpado de ter assassinado pelo menos 3 jovens), detentor de um imenso e inquestionável poder, Rei Ghob, postou um vídeo no Youtube em que dizia que hoje, dia  8 de Agosto de 2010, ocorreria um terremoto em território nacional que iria consumir cerca de 75% desse mesmo território.

Ora, vivendo tão perto do oceano, pareceu-me correcto e necessário postar o meu adeus a todos, agradecendo pela vida que tive e lamentando-me pelo que queria ter feito mas não tive oportunidade.

Estou neste momento a aguardar o mais que certo terremoto (afinal, o Rei Ghob é que sabe. É como o Marco Bellinni, das pizzas), esperando que a minha passagem para o outro lado seja o mais tranquila possível.

Como não há nada a fazer que não rezar, tal como o rei dos gnomos disse, e eu não sou um rapaz de rezas, espero também que o meu castigo no mundo do além não seja excessivamente duro. Mas, por outro lado, acho que já me portei tão mal que o castigo é certo.

Seja como for, meus amigos, aqui fica o meu adeus. O Rei Ghob é que sabe e, se ele disse que vamos ser consumidos pelo oceano no dia de hoje, é porque é verdade. Por isso, adeus a todos e espero ver muitos de vós do outro lado.

Quanto ao grandioso Rei Ghob, se sobreviver, espero que tenha as costas suficientemente largas para absorver todas as pancadas que o esperam na prisão. 
 
Emanuel Simoes

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