terça-feira, junho 28, 2011, posted by # 7 at 01:16

É estranho como vamos mudando ao longo do tempo. Tem certamente que ver com a maturidade que se vai adquirindo, embora nem todas as mudanças sejam as melhores ou para melhor.

Mas no que diz respeito ao tema da morte, a minha opinião mudou muito. 

Lembro-me de achar a morte fascinante, de pensar que seria a única verdadeira forma de descansar, se estar em paz. De certo modo, idolatrava a morte, pois, em princípio, nela não há dor, não há sofrimento, não há nada. E assim era eu, até que este "não há nada" me bateu, juntamente com a vontade de viver e de viver intensamente, sempre que possível.

Hoje, quando vejo jovens a morrer, pais a perderem os filhos, amores separados por essa foice mortal, não fico feliz. Não associo essas ocorrências a nenhum tipo de paz. Hoje, prezo a vida, a luz. Toda aquela escuridão, toda aquela fantasia pelo negro e pelos rituais relacionados com o obscuro, desapareceram.

Não consigo imaginar nada pior que um pai perder um filho, um filho perder um pai. Do que sentir que alguém se foi com tanto ainda por concretizar. 

A morte, a escuridão, a tristeza, tudo isso é mau. Tudo isso é dispensável.

Não, não quer dizer que tenha mudado a minha opinião em relação aos seres-humanos e à sua eterna campanha para contaminar o planeta com a sua podridão. Continuo a não gostar de ser esta espécie de vírus. Mas não gosto de pensar que posso desaparecer de repente sem que ninguém dê por isso.

Por outro lado, gosto muito de gomas.
 
quinta-feira, junho 23, 2011, posted by # 7 at 01:09





Hoje estava na sala a fazer o inútil zapping, quando me deparei com um filme, relativamente antigo, sobre dois adolescentes que, por descuido, vão ser pais. 

A rapariga gosta do rapaz e o rapaz gosta da rapariga, mas não têm condições para educar uma criança. Quanto mais não sejam, psicológicas.

Não apanhei o filme de início, mas deu para fazer-me pensar. Duas pessoas que gostam uma da outra, um bebé, a falsa moralidade da sociedade. Resultado: os jovens entregaram a criança a uma mão adotiva.

Fez-me confusão. Não o faria, há alguns anos atrás, quando eu ainda não era pai. Mas agora faz.

As pessoas fumam e não abdicam desse vício, bebem e não prescindem de o fazer, vão ao café e tomam isso como um ritual que não pode ser quebrado de forma alguma.
Por tudo isso e muito mais, quando me dizem que as pessoas têm de entregar um filho para adoção, eu penso: não têm, é-lhes mais conveniente. Seja a nível financeiro ou somente de comodidade, a verdade é essa.
Nunca na minha vida eu entregaria um filho meu. E este é o maior nunca que eu possa imaginar.

Posso estar a passar fome (algo que não é novo para mim) , com problemas financeiros, mas os meus filhos, pensar sequer em utilizá-los como modo de atenuar os meus problemas desse género, nunca mesmo.
Aliás, a simples insinuação de tal atitude desperta em mim uma enorme vontade de perder a compostura e de me tornar violento.

Os meus filhos são minha responsabilidade, e por muitas dificuldades que passe, a eles nada deverá faltar. A eles nada faltará. Nem que tenha que me tornar num assaltante.
Agora, as supostas mães que entregam os filhos sob a pretensa desculpa de que estes ficarão melhor assim, por muita razão que tenham, no que diz respeito ao nível monetário, humanamente são zero. São equiparadas ao verme mais viscoso e repugnante que percorre a face deste triste planeta infestado de doença.

Uma mãe que abdica de um filho nem deveria ser considerada mãe. Um pai que permite que tal aconteça, deveria ser colocado em praça pública e espancado até à morte. 

Muito se fala em sacrifícios. Pois se há sacrifício que vale a pena, esse é tratar dos nossos filhos e assegurar-se de que nada lhes falta.

Nunca entregá-los a outrem, por mais dinheiro que esteja envolvido.
 
quarta-feira, junho 15, 2011, posted by # 7 at 00:29





No dia em que chegar a minha hora, gostava de ir de forma diferente. Gostava de evitar a cama onde lentamente morrerei, ou o acidente, em que a vida abandonará a minha carcaça, ou o evento em que tombarei inanimado repentinamente. 

Gostava de algo mais fantasioso, mais irreal, mais surrealista.

Imagino-me numa noite quente de Verão, estando em pé em cima de um tronco velho numa qualquer planície em que os vestígios da ação humana são inexistentes. Sentindo o ar quente da noite, ouvindo os grilos e olhando para as estrelas, brilhando, despertando curiosidades e dúvidas. De repente, algo em mim me faz saber que chegou a minha hora e começo a sentir a adrenalina a crescer em mim. Pétalas de todas as cores rodeiam-me, como que se fossem borboletas, acompanhadas de uma luz brilhante e até mesmo ofuscante, que me deixa algo confuso.

Sinto-me rodeado e, quando finalmente deixo de ser capaz de olhar para fora daquela minha prisão de natureza, entrego o meu corpo e aceito o destino da minha alma. Elevo-me no ar e, de repente, o meu corpo desintegra-se, restando apenas a minha alma, que ascende, não aos céus, mas ao céu. 

Para de lá contemplar o que de bom e de mau fiz. O que gostei e o que me arrependi de não ter feito.

É assim que quero ir, subitamente, numa quente noite de Verão, sem que ninguém esteja por perto.

Porque na verdade, ninguém se importa.
 
terça-feira, junho 14, 2011, posted by # 7 at 22:21





É extremamente estranho para mim aperceber-me de que já passaram 5 anos desde que foi o dia mais feliz da minha vida. Sim, o dia mais intenso, mais desejado, mais tudo o que há de forte. 

Foi há 5 anos que nasceu a estrela que ainda hoje, e espero que para sempre, ilumina a minha vida.

A minha princesinha entrou neste mundo para me lembrar que nem tudo é mau na vida, que vale a pena cometer sacrifícios para se atingir o desejado objectivo.

O meu objectivo, é ver-te feliz, sempre e para sempre, minha estrelinha. Consegues surpreender-me todos os dias com as tuas demonstrações espontâneas de carinho e de amor. E olha que todos os dias em 5 anos, são muitos dias.

Se fosse possível quantificar o amor que sinto por ti.......seria na mesma impossível, pois não existe universo suficientemente extenso para que nele coubesse esse imaginário mundo.

Amo-te mais que tudo. E amo-te para sempre.

Ah, e sinto-me velho.
 
quinta-feira, junho 02, 2011, posted by # 7 at 23:38





Já quase me havia esquecido do bom que é e do bem que sabe correr à noite.Há muito tempo que não o fazia.
Especialmente numa noite destas, em que a temperatura está agradável.

Não sei bem explicar, mas há algo especial em correr de noite. Parece que, apesar de exposto, pois estou no meio da rua, a escuridão proporciona-me algum refúgio. Sabe bem.

E, melhor ainda, como me dou bem com temperaturas menos altas, faço sempre bons tempos quando corro à noite.
Hoje, inclusive, fiz um excelente tempo. Média de 03:50 por Km. Para quem percebe minimamente de atletismo, sabe que é uma excelente média para um atleta amador.

Mas enfim, gabarolices à parte, foi muito bom. Foi terapêutico, como que se desse para eliminar algumas das energias negativas que me possam rodear. Aliás, para mim, toda a atividade física se revela terapêutica. Quando passo mais de um dia sem fazer nada, isso revela-se nas minhas atitudes, na minha maneira de encarar a vida.

Ainda por cima, tive o privilégio de ver uma estrela cadente bem brilhante. Terá sido um sinal de que algo de bom está para me acontecer.......ou que já aconteceu?
 
Emanuel Simoes

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