quarta-feira, dezembro 31, 2008, posted by # 7 at 19:06
Chegou mais uma véspera de fim de ano. Mais uma vez vamos desejar um feliz ano a todos, incluindo algumas pessoas com as quais não nos importamos minimamente. Mas é o correcto a fazer, o socialmente aceite. Temos que nos inserir, não é?

Este ano, devido ao meu Gabriel ser tão pequeno, vou ficar por casa.
Não me lembro da última vez que passei um final de ano em minha casa. Foi há muitos anos mesmo.
Devido à minha condição de pai recente, os festejos não poderão ser demasiadamente efusivos ou prolongados, mas vou fazer o que posso para me divertir, embora comece a achar que esta data é apenas mais uma desculpa para festejar do que outra qualquer coisa.

Normalmente e desde há muito tempo atrás, cumpro certos rituais quando chega a meia-noite, nomeadamente comer 12 passas, beber um copo de espumante e fumar um charuto.
Este ano porém, comecei a pensar. Não gosto de espumante, o sabor dos charutos é intragável (para mim, claro), então, porque raio faço eu isto ano após ano? Posto isto resolvi alterar a tradição. O charuto ali está, religiosamente guardado há quase um ano e, a não ser que alguém mo peça, ali continuará até que decida jogá-lo fora. O espumante também não vai ter lugar no meu ritual. Ao invés disso resolvi comprar uma boa garrafa de vinho tinto, que é algo que realmente aprecio, e vou celebrar a meia-noite com um belo copo de vinho.

Não faz sentido celebrar a chegada do novo ano com actos que não nos agradam.
Outra coisa que resolvi eliminar foram as mensagens de telemóvel para toda a gente, sem significado algum. Falarei com as pessoas de quem realmente gosto e pronto.

Vou ter o meu jantar, beber os meus copos e estar bem com as pessoas que estão comigo. O resto pode esperar. Apenas quero estar tranquilo comigo e com os que realmente gostam de mim.
 
domingo, dezembro 28, 2008, posted by # 7 at 17:49
Passou mais um Natal. E por muito que eu gostasse de dizer que passei ao lado do consumismo e festejei o dia apenas pelo que ele significa, não o posso fazer.

A minha pequena recebeu tantas, mas tantas prendas, que a meio da abertura dos embrulhos, dei por mim a pensar na hipocrisia do que falo e escrevo.

Constantemente critico o abuso dos bens materiais e o crescendo do consumismo, mas dou por mim a filmar a minha filha a abrir prendas atrás de prendas, numa maratona para ver quem deu a maior e melhor.

Encontro-me assim embrenhado em tudo aquilo que critico, mas não me sinto assim tão mal. Não porque penso que os meus filhos devem ter o máximo que eu lhes posso dar, ao contrário do que sucedeu comigo quando eu era criança. Não porque ficar quieto e comprar apenas uma pequena prenda para a pequena era bem mais fácil, mas ver o sorriso crescente dela é bem mais compensador.

Bem sei que no final do dia, ao entrar no quarto dos brinquedos, a minha estrelinha vai olhar para tantos brinquedos que não sabe com qual há-de brincar e consequentemente não dará valor ao facto de ser abençoada com tanta gente que gosta dela.
Mas entre isso e a possibilidade de ela se sentir triste por não ter brinquedos, prefiro a hipótese consumista.

Menos para os adultos para proporcionar felicidade aos pequenos.

Mimos a mais? Talvez, mas eu tive mimos a menos quando era pequeno e passei muito mal na vida. Não quero que os meus tenham que passar também por isso.
 
, posted by # 7 at 17:46
 
, posted by # 7 at 17:26
Com a vinda do meu pequeno para casa, naturalmente acabaram as noites de sono.
O ter que acordar regularmente para lhe dar leitinho e trocar a fralda, aliado às vezes em que a pequena também acorda aos gritos, estão a tranformar-me novamente naquela espécie de zombie que fui há um tempo atrás, quando era a estrelinha quem precisava desses cuidados.

Ando um pouco confuso com horas e horários e por vezes tenho mesmo que assentar e fechar os olhos um pouco durante o dia, para recarregar de alguma forma as baterias.

Seria de esperar que estivesse bem preparado para tudo isto, visto ser o segundo filho, mas ao que parece, já tinha esquecido o quanto custa levantar várias vezes por noite. E ainda não estou a trabalhar. Aí sim, vai ser uma dura prova de resistência. Já para não falar que o pequeno ainda não faz grandes birras. Refila muito, mas não é nada de mais. Quando ele resolver abrir os pulmões, vamos ver como é.

Mas é assim, tudo faz parte da maravilha de se ser pai. Se fosse tudo bom e fácil, não haveria desafio, logo não seria tão bom.

Também não desejo que esta fase passe depressa, por duas razões. Uma, é que começamos outra vez a olhar para os mais pequenos e a dizer que temos saudades deles daquele tamanho, outra, é porque nessa altura, vou estar substancialmente mais velho, coisa que não me agrada muito.

Vamos dar tempo ao tempo, dormir mal e deixar as coisas serem como são.
Importante é que o pequeno está a ficar gordinho e forte. O resto aguenta-se.
 
sábado, dezembro 20, 2008, posted by # 7 at 22:06
E eis que, inesperadamente, chegou o dia em que o meu pequeno anjo rumou em direcção ao seu lar, para estar junto dos que o amam.

A manhã foi normal, dentro do que se tem passado. Acordámos, preparámo-nos e lá fomos, no intuito de dar mais um banhinho e um leitinho ao pequeno Gabriel.
Ao chegarmos, uma das enfermeiras disse à minha mulher que havia hipótese de termos uma surpresa.

Sinceramente, não acreditei muito nessa possibilidade, mas deixei andar.
Lá demos o banho, ou melhor, dei o banho, porque hoje foi a minha vez, e, quando a pediatra o veio ver, antes de o vestirmos, começou a falar com ele e a perguntar se ele queria vir para casa hoje ou se queria lá ficar. A princípio pensei que ela não deveria estar a dizer coisas daquelas, porque estava a suscitar esperanças em nós, que depois seriam defraudadas, mas logo me apercebi que era sério mesmo. O pequeno estava pronto a abandonar o hospital.

Lágrimas vieram-me aos olhos, mas consegui disfarçar e penso que ninguém deu por isso.
Regressámos a casa, pois ele só podia sair depois da última toma de antibiótico, contámos a novidade às pessoas e mais ao fim da tarde lá fomos, buscar o lutador.
Ao chegarmos, a Beatriz dava (literalmente) pulos de alegria e só dizia: "Oh mano, oh mano. O meu mano." Foi contagiante, a alegria da pequena. Só se interessa em fazer festinhas, dar beijinhos e tentar agarrar o mano ao colo. É difícil explicar-lhe que ele ainda é muito pequeno, mas lá vamos conseguindo.

Agora é a fase de habituação a uma nova vida, com um núcleo familiar maior e atenções redobradas.

A família começa a aumentar.
Finalmente........em casa.
 
quinta-feira, dezembro 18, 2008, posted by # 7 at 15:13
Começa a ser difícil sair do hospital e deixar lá o meu pequeno arcanjo lutador.
Hoje chegámos lá e logo ficámos com um sorriso nos lábios ao perceber que ele já não se encontrava na incubadora. Foi de tal forma emocionante que me atrapalhei todo a vestir a bata. Quanto mais depressa mais devagar.
O meu anjinho lá estava, num berço, como todos os bebés acabados de nascer, a fazer uma sestinha.

É bom demais ver os progressos do pequeno. De dia para dia a evolução é mais e mais rápida.
Hoje fomos mais cedo para termos a certeza de que lhe dávamos leitinho e o segurávamos ao colo, visto que ontem tal não foi possível. Mas como um bem também nunca vem só, tivémos o privilégio de assistir ao seu primeiro banho.
O pequeno ainda resmungou um pouco ao entrar na água, talvez por ser a primeira vez, mas logo acalmou e deixou que a enfermeira o lavasse tranquilamente. Hoje foi a enfermeira, mas amanhã, se tudo correr bem, já vão ser os papás a dar banho.

Démos-lhe leitinho, estivémos com ele ao colo, beijinhos, festinhas, tudo. Hoje foi maravilhoso.
Se as coisas continuarem a andar assim, mal posso esperar pelo dia de amanhã. Cada dia tem sido melhor e melhor.

Pelo menos até prefazer os 10 dias de antibiótico, o pequeno tem que ficar lá, o que implica que não o teremos em casa pelo menos até Sábado à tarde. Depois disso, bem, depois disso ainda não sabemos, mas espero mesmo que deste fim-de-semana não passe.
O meu arcanjo está a revelar ser um lutador nato. Ainda nos vai dar muitas boas surpresas.
 
quarta-feira, dezembro 17, 2008, posted by # 7 at 22:24

Hoje, a mãe de outro pequeno prematuro que se encontra numa incubadora ao lado da do Gabriel, disse-nos que o nome que escolhemos foi muito bem escolhido. Isto porque, segundo as palavras da senhora, o pequeno tem um ar angelical, pacífico e tranquilo.
Claro que ela não viu a foto que aqui está em cima, em que o malandro parece estar a sorrir e a piscar o olho ao papá. Parece estar a pensar : "Aguardem que eu estou quase a chegar para vos fazer a cabeça em água."

Cá para mim o pequeno vai ser fresco.

É pena aquelas marcas dos adesivos no seu "bigode", mas já passaram. Agora já está todo à maneira.
O meu pequeno anjo ainda vai fazer muita traquinice ao longo da vida. E nós só temos é que aguentar, tentar encaminhar e esperar pelo melhor. Importante é estar cá para nos fazer essas travessuras.

Hoje, quando o visitámos, constatámos que já não tem o catéter ligado. Ou seja, agora só está mesmo a fazer antibiótico.
Já respira por si, come bem, "sorri", dorme, dorme e dorme......e é lindo.
Quer-me parecer que o dia da sua vinda para casa está mais perto do que eu poderia imaginar. Claro que eu sou uma pessoa um pouco pessimista, mas ainda assim, esperava que durasse mais tempo a sua recuperação.

Hoje, infelizmente, não o segurámos ao colo, mas amanhã vingamo-nos.
Mais um dia, mais um passo dado no caminho a percorrer. Estás quase lá pequeno.
 
terça-feira, dezembro 16, 2008, posted by # 7 at 21:56
 
, posted by # 7 at 18:10

E ao sétimo dia da sua estada neste planeta....peguei-o ao colo. E soube tão bem, soube tão certo.
O seu pequeno corpo encostado ao meu, sentir a sua fragilidade e ao mesmo tempo estar ali para o proteger. Foi mágico.
Quando a enfermeira perguntou se eu tinha medo de o agarrar, disse-lhe logo prontamente que nem pensar. Medo de agarrar os nossos filhos? Isso é para quem ainda não sabe a maravilha que é ser-se pai.

Estes últimos dias têm sido de boas notícias e espero que assim continue até chegarmos ao auge da nossa felicidade, que consistirá na união de toda a família. Juntos no nosso lar.
Vê-lo assim, sem tubos, hoje nem marcas de adesivos tinha na cara, é tão bom.

A estrada da dor começa a ser cada vez mais pequena e já se vê, ao longe, a saída para a alegria.
Espero que seja antes do Natal, para dessa forma, pela primeira vez na minha vida, poder dizer sem receios que tive um Natal sagrado.

Ah, e quando estiveres a ler isto, meu pequeno, não te assustes com a máscara. O papá anda um pouco constipado e não pode correr o risco de tu também ficares doente.
 
segunda-feira, dezembro 15, 2008, posted by # 7 at 21:41
Hoje dei o primeiro beijo no meu anjo Gabriel. E mais importante ainda, a mãe pegou-o ao colo, também pela primeira vez.

Foi mágico, o tempo passou sem que déssemos por isso.
Finalmente vi os seus olhinhos bem abertos, aquelas expressões que se assemelham em tudo a sorrisos, aqueles pequenos gemidos que nos fazem sentir tão protectores.
Por fim vimo-lo sem tubos na garganta ou no nariz, embora ainda tenha que estar em fototerapia e a tomar antibióticos.

Hoje foi também o primeiro dia que o vimos beber leitinho do biberão, e que gula ele revelou. Comeu tudo num ápice e, pelo que deixou a entender, ficou com vontade de comer mais.
A sua pele é tão suave. Todo ele é tão frágil.

Mal posso esperar para o ter cá em casa, bem de saúde, a fazer as birras dele e a brincar com a sua irmãzinha, que tanto pede para o ver.

Apesar de tudo, não deveria ser normal os pais de um recém nascido terem que vir para casa e deixá-lo longe, ligado a máquinas e a ser tratado por estranhos. Mas, se é esse o preço a pagar para o voltar a ver a olhar para mim e o sentir a apertar o meu dedo com a sua pequena mão, esperarei, ainda que impacientemente, o tempo que for preciso.
Gosto tanto de ti meu pequeno, tanto que dói não te ter aqui comigo.

A reter mesmo mesmo mesmo, fica que hoje foi o dia em que te dei o primeiro beijo. O primeiro de muitos. Hás-de fugir de mim enquanto eu te tento agarrar para te beijar, meu campeão.

 
sábado, dezembro 13, 2008, posted by # 7 at 23:45
Começa a ser difícil continuar com a fachada de durão, de homem que não chora, de pai que sabe que tudo vai correr bem.
Começa a ser complicado atender aos pedidos que me fazem para dar força às minhas pequenas e fazer crer que tudo vai correr bem.
Começa a ser insuportável ter que conter todos os gritos que se escondem no meu peito, todas as lágrimas que aguardam por correr pela minha cara.

Não vou conseguir aguentar por muito mais tempo este clima mórbido que me rodeia.
A minha mulher sofre, a minha estrelinha pede para ver o mano e eu, eu finjo que isto vai tudo correr bem e que é só uma questão de tempo.

Mas a verdade não é esta. A verdade é que morro de medo que algo corra mal. Quando estou só, choro que nem uma criança por não ter o meu pequeno perto de mim. Ainda não o agarrei ao colo, ainda não lhe acalmei nenhuma birra, ainda não o beijei.
Apenas observo, através das paredes plásticas da incubadora. Olho para uma criança tão carente cheia de tubos e máquinas ligadas ao seu pequeno corpo.

Não vou conseguir suportar isto por muito mais tempo. Preciso do seu calor, do som da sua birra, da sua mão a apertar o meu dedo. Preciso da sua presença na minha casa.
Ao invés disso, tenho que me deslocar ao hospital para o observar durante alguns minutos, no seu sofrimento constante por um lugar neste mundo cruel e escuro.
Em casa eu protegê-lo-ia contra este mundo, assim, apenas posso observar enquanto outros tratam dele.

E enquanto isso, vou escondendo as minhas lágrimas para que os meus não percebam o quanto sofro. Enquanto isso, vou morrendo por dentro, um pouco, todos os dias.
 
quinta-feira, dezembro 11, 2008, posted by # 7 at 22:32
Hoje experenciei mais uma dose forte de sentimentos controversos.
Tive más notícias, depois boas, seguidamente mais más e por fim, novamente boas.

Quando cheguei ao hospital, a minha mulher disse-me que o pequeno teve que ser ligado a mais uns tubos, devido a ter sofrido algo durante a noite, que não posso dizer o que é devido a desconhecer a designação técnica do sucedido. Resumindo, mais tubos para o meu menino.

Passado algum tempo, já depois de ter ido buscar a minha estrelinha, que não se cansa de pedir para ir ver o irmão, embora lhe seja vedado o acesso, lá tive um vislumbre de um belo sorriso nos lábios da esposa, que me disse que o rebento estava a melhorar.
Ficámos todos mais descansados e aliviados, ainda que eu só baixe as minhas guardas no dia em que ele estiver nos meus braços, na minha casa....na nossa casa.

Lá fiquei eu o dia todo no hospital, a fazer companhia à ex-grávida, quando, passadas umas horas valentes, resolvemos ir ver novamente o menino.

Infelizente desta vez as notícias já não foram tão boas. Ao que parece, o pequeno estava a perder um líquido essencial à ajuda respiratória, devido ao facto de se esforçar excessivamente para absorver ar. Resultado, teve que ir para o ventilador de modo a ser ainda mais ajudado a respirar.
Mais picadas, análises, muito choro da mamã e muita vontade de chorar do papá e lá tivémos que vir embora para deixar os profissionais fazerem o seu trabalho.
Foi um choque. Depois de estar mais descansado devido às pequenas melhoras do meu campeão, a situação voltou atrás.

Felizmente, passado algum tempo, fomos novamente chamados para junto dele e ao que parece ele reagiu bem à medicação e estava mais calmo.
Agora aguardo impacientemente pelo desenvolvimento da situação.

Nenhum pai ou mãe deveria ser sujeito a tanta incerteza.
Tenho tanta vontade de o agarrar ao colo e de o beijar.....mas não posso.
 
quarta-feira, dezembro 10, 2008, posted by # 7 at 22:39
Hoje nasceu o meu filho. Mais uma vez, numa Quarta-feira, mais uma vez, no que seria suposto ser uma consulta de rotina.

Quando a minha estrelinha nasceu, em Junho, apesar de supostamente o tempo ter de ser quente e solarengo, choveu a potes. De tal forma que houve inclusive inundações um pouco por todo o país.

Hoje, apesar de estarmos em Dezembro, o dia esteve invulgarmente solarengo. Lembro-me de logo pela manhã ter examinado o céu e ter pensado para mim mesmo que era estranho não haver nem uma única nuvem no céu.

Fomos beber um café, deixámos a menina na escolinha e dirigimo-nos a Lisboa. Ainda comentei com a minha mulher o facto de parecer estarmos a reviver o nascimento da Beatriz, mas sinceramente, não pensei que seria desta. Até porque ainda faltavam 15 dias para o grande acontecimento.

Depois de lá estarmos, o médico voltou a reforçar essa minha idéia ao dizer que ainda faltava um pouco.
Foi quando a minha mulher lhe disse que estava com dores de cabeça e que estas estavam a ser cada vez mais constantes.
Mandou-me sair do quarto (quarto esse que era o mesmo onde ela tinha ficado quando nasceu a pequena), fez o que tinha a fazer e, quando dei por mim, dou com aquele homem alto de bata branca a dizer "Vai nascer hoje. Vá-se preparando que ela fica já cá."
Bem, depois de tantos sinais, o dia da semana, o tempo controverso, o mesmo quarto, parvo fui eu em pensar que não era hoje.

Depois de horas e horas de espera, muitas dores e muito sofrimento, lá fomos. Eu todo equipado a rigor, com máscara e bata, obviamente a assistir a tudo.
Foi bem mais difícil para ela desta vez. Dava para ver. As lágrimas corriam-lhe face abaixo e percebia que a dor era mais intensa do que da última vez.
O cordão umbilical estava enrolado à volta do pescoço do meu campeão e isso impressionou-me, mas o médico tratou diso com tal perícia, que parece que o faz todos os dias. E talvez o faça.

Bem, apesar de tudo isto e de o nascimento ter decorrido sem males maiores, houve uma contrariedade. O pequeno, por ser prematuro, não estava preparado para lidar com o mundo exterior tão cedo. Por isso mesmo, encontra-se neste momento numa incubadora, a aguardar melhores tempos.

Ao que parece, tudo irá correr pelo melhor, mas como pai, temo sempre pelo pior.
Espero que o pequeno saia ao pai e dê luta. Até porque as coisas que vêm fáceis não dão satisfação ao obter.
Luta por mim pequeno, por mim, pela mamã e por todos os que te amam tanto.
 
domingo, dezembro 07, 2008, posted by # 7 at 15:55

Agora é oficial. Chegámos à grandiosa época do consumismo generalizado e constante.
Se antes era difícil ir ao super-mercado ao fim-de-semana, agora torna-se complicadíssimo, mesmo durante os dias de semana, inclusive em horário laboral.
Os que estão de férias juntam-se aos que dão uma fugida do local de trabalho e os corredores dos estabelecimentos comerciais transformam-se em verdadeiras auto-estradas em hora de ponta.

Embrulhos e mais embrulhos, prendas e brinquedos, laços, sacos, correrias, encontrões, pessoas a refilar. Enfim, o espírito natalício levado ao seu mais baixo nível.
Ao invés de darmos prioridade ao facto de que este evento deveria servir para nos unir a todos, por pouco que fosse, parecemos loucas formigas a aprovisionar para a chegada do Inverno. A diferença é que essas o fazem para sobrevivência e nós apenas por capricho e perda de valores.

Temos que dar prendas a todos, ai de quem não nos der, temos que ter as melhores prendas, sem deixarmos de ser originais nas que damos. Afinal de contas, o que vão pensar de nós?
Houve uma altura da minha vida em que nem árvore de Natal queria em minha casa. Pura e simplesmente não gostava da falsidade vivida. Mais tarde, a minha mulher voltou a incutir-me o espírito natalício e voltei a gostar de todo este ambiente, muito devido ao facto da família se juntar. Quando a minha pequena nasceu, ainda mais fiquei a gostar do Natal.

Mas agora volto a sentir este amargo sabor da falsidade, das aparências, do consumismo desenfreado. Quero obviamente dar o maior número de prendas possível à minha filha, mas eu comporto-me assim durante todo o ano. Estou sempre a inventar desculpas para lhe comprar mais alguma coisa. Deve ser devido ao pouco que tive. Sinto necessidade de compensar.

Mas este exagero de prendas em demérito de carinho e amor não é o que quero que os meus filhos apreendam do Natal.
Mais que tudo, a união e a ternura deverão imperar nesta quadra.
 
, posted by # 7 at 01:45
 
, posted by # 7 at 01:22
Quando somos crianças, nada é urgente. Nada é desesperante a não ser o facto de não termos aquele brinquedo ou aquele doce.
Quando somos crianças não sabemos o que é stress. Não há horários a cumprir, patrões a satisfazer ou contas a pagar. Apenas o amor dos pais é essencial.
Quando somos crianças o tempo não passa. Os dias parecem durar uma eternidade e temos tempo para tudo e mais alguma coisa.
Quando somos crianças qualquer ida a uma rua que não seja a nossa é uma aventura. Qualquer novidade à rotina é suficiente para nos fazer rejubilar de alegria por termos sido capazes de transpor mais um obstáculo.
Quando somos crianças, a única razão pela qual perdemos o sono, é aquele raspanete mais duro dos papás.
Quando somos crianças o que importa verdadeiramente é termos muitos amigos, independentemente da sua raça, situação financeira, partido político ou religião.
Quando somos crianças choramos sem vergonha e rimos com efusismo. Não nos importamos verdadeiramente com o que pensam de nós, porque também nós não pensamos nada sobre ninguém.
Quando somos crianças a chuva não é algo mau, o vento sabe melhor nos cabelos e sujarmo-nos sabe tão bem quanto comer aquele bolo cheio de açúcar.
Quando somos crianças a relva sabe melhor debaixo dos pés descalços, o Sol aquece mais a face e o frio não nos afasta das brincadeiras.
Quando somos crianças tudo é tão bom.

Agora, porque raio passamosa vida a dizer barbaridades como : "Vê lá se cresces", "Já não tens idade para isso", "Deixa de ser bebé", "Isso é para crianças", e afins?
E porque dizemos estas coisas e em simultâneo nos queixamos de estar a ficar velhos depressa demais?

A única coisa certa na vida do adulto são as preocupações, o tempo que não chega para tudo o que há a fazer, osproblemasdo emprego ou da falta deste, o que é preciso comprar lá para casa.

Gosto de ser adulto, mas preferia ser criança. Começo a ficar farto de viver para sofrer e andar sempre a queixar-me do mesmo.

Talvez seja tempo de abdicar um pouco dos luxos e das preocupações banais e descer à terra, ser mais básico.
Talvez seja tempo de ser mais infantil sem me preocupar com o que os outros pensam, chorar quando me apetece chorar, rir quando estou bem disposto, brincar quando estou na disposição.....ser uma criança outra vez.
 
sexta-feira, dezembro 05, 2008, posted by # 7 at 12:14
Pela primeira vez sinto que perdi a ansiedade do Natal devido a eventuais prendas que possa vir a receber. Até ao ano passado, tinha sempre aquele sentimento de alegria por ir receber algo no dia de Natal, tal qual as crianças. Por mais que dissesse o contrário,a verdade é que ansiava sempre por saber o que iria ganhar.

Este ano porém, se não recebesse nada, não me importava com isso. Estou sempre a pensar é no que a minha pequena vai receber. Sempre que passo pela secção de brinquedos em algum estabelecimento comercial, fico a olhar e a pensar se ela não gostaria de mais alguma coisa. Isto, apesar de já ter comprado vários brinquedos para a princesa.

Deve ser sinal da velhice. Agora o Natal é para a família se juntar e para os pequenos brincarem com os novos brinquedos.

Desde que me lembro, sempre que me perguntavam o que queria para o Natal, tinha várias coisas em mente. Agora, nem sei o que pedir. Talvez já tenha tudo o que preciso. Talvez esteja a dar mais valor às coisas realmente importantes. Talvez esteja velho.
 
segunda-feira, dezembro 01, 2008, posted by # 7 at 18:36
 
, posted by # 7 at 18:20
Não são poucas as vezes em que paro a pensar no quanto sou afotunado por ter na minha vida este pequeno ser que me faz sentir orgulhoso, grandioso, poderoso e tudo mais o que se possa imaginar.
Muitas vezes ainda me faz confusão perceber como é possível que criatura tão linda e perfeita tenha tido a minha contribuição para estar neste mundo. Como é que alguém como eu pôde ter influência na criação de tal maravilha da natureza?

É difícil explicar o que sinto. É estranho sentir tanto amor por alguém. É tanto tanto que fico de pulsação acelerada só de pensar que algo de mal lhe pode acontecer.

Os seus mimos, gestos, palavras, os seus pedidos quando não consegue fazer algo, todas essas pequenas coisas que me fazem sentir tão grande. Como pode ser que eu tenha contribuído para que tal milagre se encontre junto a mim? Não consigo encontrar resposta para isso.

Apenas sei dizer que nunca pensei que fosse possível nutrir tal sentimento em relação a outra pessoa. É como se tudo acontecesse em sua função. O nascer do Sol, as nuvens no céu, o vento nas nossas faces. Acho que por mais que escreva, nunca vou conseguir exprimir por palavras o que sinto dentro de mim. É de tal forma gigante este sentimento, que não há maneira simples de o explicar.


Se antes a razão de viver era algo por descobrir, agora está mais que claro.
Se precisava de uma razão para acreditar em milagres, foi-me dada mais que uma razão. Foi-me dado um milagre.
 
Emanuel Simoes

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