domingo, dezembro 07, 2008, posted by # 7 at 15:55

Agora é oficial. Chegámos à grandiosa época do consumismo generalizado e constante.
Se antes era difícil ir ao super-mercado ao fim-de-semana, agora torna-se complicadíssimo, mesmo durante os dias de semana, inclusive em horário laboral.
Os que estão de férias juntam-se aos que dão uma fugida do local de trabalho e os corredores dos estabelecimentos comerciais transformam-se em verdadeiras auto-estradas em hora de ponta.

Embrulhos e mais embrulhos, prendas e brinquedos, laços, sacos, correrias, encontrões, pessoas a refilar. Enfim, o espírito natalício levado ao seu mais baixo nível.
Ao invés de darmos prioridade ao facto de que este evento deveria servir para nos unir a todos, por pouco que fosse, parecemos loucas formigas a aprovisionar para a chegada do Inverno. A diferença é que essas o fazem para sobrevivência e nós apenas por capricho e perda de valores.

Temos que dar prendas a todos, ai de quem não nos der, temos que ter as melhores prendas, sem deixarmos de ser originais nas que damos. Afinal de contas, o que vão pensar de nós?
Houve uma altura da minha vida em que nem árvore de Natal queria em minha casa. Pura e simplesmente não gostava da falsidade vivida. Mais tarde, a minha mulher voltou a incutir-me o espírito natalício e voltei a gostar de todo este ambiente, muito devido ao facto da família se juntar. Quando a minha pequena nasceu, ainda mais fiquei a gostar do Natal.

Mas agora volto a sentir este amargo sabor da falsidade, das aparências, do consumismo desenfreado. Quero obviamente dar o maior número de prendas possível à minha filha, mas eu comporto-me assim durante todo o ano. Estou sempre a inventar desculpas para lhe comprar mais alguma coisa. Deve ser devido ao pouco que tive. Sinto necessidade de compensar.

Mas este exagero de prendas em demérito de carinho e amor não é o que quero que os meus filhos apreendam do Natal.
Mais que tudo, a união e a ternura deverão imperar nesta quadra.
 
Emanuel Simoes

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