segunda-feira, junho 29, 2009, posted by # 7 at 00:12
Aceitando tudo o que está para vir eu me mantenho.

Acreditando que o que tem que ser terá que ser por alguma razão, superior à minha vontade.
Mantenho-me firme, contemplando o horizonte, buscando pela luz que nunca me iluminará.

Aceito o que vem e o que me está destinado.

De nada vale refutar, lutar, esbracejar, argumentar. Apenas aceitar.
Mantenho-me no meu posto, tal qual escravo sem direito a pensamento próprio.

Aqui estou, para o que der e vier. Atirem-me com todas as vosas acusações, todas as vossas desconfianças.

Aqui permaneço, como que aceitando o que aí vem, sem forças para lutar, sem vontade para mudar.

Disparem sobre mim, massacrem-me em silêncio, destruam-me furiosamente.
Não me importa, não me transtorna. Desisto. Não lutarei mais.

Lágrimas de sangue, dor, aceitação. Eu aceito.

Adeus.
 
domingo, junho 28, 2009, posted by # 7 at 19:25
Agora que costumo vir aqui, dar uma vista de olhos ao que escrevi, ao que sentia na hora e, principalmente, ao que comentam sobre os meus textos, apercebo-me de algo. Por vezes, muitas vezes, as pessoas confundem os meus textos.

Tomam-nos como algo pelo qual passo, factos da minha vida. Mas não meus amigos e inimigos. Nem tudo o que escrevo se refere a mim, à realidade ou a quaisquer ocorrências na minha vida. Por vezes escrevo apenas porque alguma ideia surge na minha mente, vinda do nada, espontaneamente.

Escrevo sobre amor, ódio, sangue, dor, prazer, sem que necessariamente esteja a passar por algo ou seja a pessoa sobre quem escrevo.

É o meu mundo, a fantasia eminente e presente na vida de todos nós. Cada um exterioriza-a da forma que pode, que quer. Outros passam a vida inteira sem o fazer.
Quando escrevo não implica que o esteja a fazer sobre mim, mesmo que os textos sejam escritos na primeira pessoa.

Tenho este meu pequeno mundo, escondido na minha mente, mundo em que me posso tornar quem quiser, quando quiser, sem que na realidade o faça.

Infelizmente, parece que as pessoas, ou algumas pessoas, confundem a fantasia e a realidade. Engraçado, tendo em conta que alguns acham que sou estranho pelos textos que redijo. Pelo menos faço alguma distinção entre o real e a fantasia.

Pinto o meu mundo, arranjo-o à minha medida, encaixo as peças onde quero e não onde têm que encaixar. Planto as minhas árvores, construo as minhas fantasias.

Vivo neste mundo sim, como todos os outros. Mas tal não implica que não possa também viver noutro mundo, onde sou monstro, assassino, salvador, herói, vilão. Onde sou tudo e sou nada, onde posso tudo e tudo é possível. O meu mundo.
 
sábado, junho 20, 2009, posted by # 7 at 22:21
O amor. Estranho sentimento que causa tanto sofrimento e que, no entanto, parece ser a razão pela qual vivo.

Procuro-o ao longo do caminho, encontro sentimentos semelhantes, mas acabo sempre por constatar que é algo a ser sentido por duas entidades e não apenas uma.

Amo, sou amado, sou odiado. Tudo num piscar de olhos.

É ténue a linha que separa estes dois sentimentos.
Vagueio só, sem procurar nada e no entanto sempre expectante de encontrar a minha razão de viver.
As feridas e cicatrizes que vou coleccionando entranham-se na minha alma, enquanto desbravo caminho por entre os sinuosos caminhos que me são apresentados.
Amo, sou amado, sou odiado. Tudo num piscar de olhos.
Entrego-me de corpo e alma, talvez excessivamente confiante, até que sinto o gume da espada a trespassar-me o coração. Mais uma cicatriz, mais uma ferida. Porquê? Não sei. Apenas sei que devo continuar o meu caminho.
Olho para trás, sinto falta do que nunca tive, tenho saudades do que não vivi. Recordo-me do que não existiu.

Amo, sou amado, sou odiado. Tudo num piscar de olhos.

Tento encontrar algum vestígio de razão ao longo do caminho. Algo que justifique o porquê do meu constante sofrimento. Algo que explique as barreiras no meu caminho. Nada. Vazio. Escuridão. Caminho em frente, apesar de nada ver, de nada entender.
O vento do desencorajamento é frio e intenso. Bate em mim com uma tal intensidade que me leva a questionar se devo ou não continuar.

Amo, sou amado, sou odiado. Tudo num piscar de olhos.

Continuo, mesmo que não entenda. Mesmo que tudo me empurre para trás. Sigo o meu caminho pois ele é tudo o que tenho, ainda que seja sombrio e desmotivante. Mesmo com os olhos fixos no chão negro que guia os meus passos, sinto que tenho obrigação de prosseguir, pois não sou eu quem decide. É o destino.

Amo, sou amado, sou odiado. Tudo num piscar de olhos.

O meu coração está desfigurado. Cicatrizes, cortes, dor, sofrimento.

Amo, sou amado, sou odiado, tudo num piscar de olhos.

Mas prossigo, até chegar ao fim, até alcançar o abismo. Com um coração partido.
 
sexta-feira, junho 19, 2009, posted by # 7 at 11:31
Calma. Relaxa. Deixa fluir os acontecimentos. Em breve tudo acabará.
A dor? Não ligues. É passageira. O sangue que te cobre? Sim, é teu. E meu. Pertences-me agora. O teu corpo mutilado é meu, a tua alma pertence-me, o teu destino sou eu que o traço. Termina aqui e agora, a tua vida, os teus sonhos. Eu decido.

Estou tão feliz. És a minha primeira. Vou sempre recordar-me de ti, enquanto te inflijo cortes precisos e me delicio a ver-te contercer de dor. Calma, em breve tudo passará. A dor acabará e terás a honra de ter sido a número um, a origem de tudo, o princípio do mal.
Ou serei eu o princípio de toda esta maldade, de toda esta malvadez? Talvez sejamos os dois. Sim, os dois, o momento, o aqui e agora. É este preciso momento que determinará o mal que se avizinha.

Calma. Não precisas dos teus dedos para onde vais. Não grites. Não te esforces. Só causará dor inútil, se bem que gosto tanto da tua expressão enquanto sofres.

Calma, não invoques o teu deus. Achas que ele aí vem? Achas que um milagre te salvará? Mesmo que tudo parasse agora, serias capaz de viver com esse rosto desfigurado? Com essa bela obra que tive o privilégio de criar? Mutilada, desfigurada, transtornada, não viverias muito. Ninguém aceitaria mais um monstro. Acredita, sei o que digo. Não me aceitaram a mim. Sou mais um monstro. Um montro que teve a sorte de te encontrar. De se cruzar no teu caminho.

Estou tão relaxado e ao mesmo tempo excitado. Estranha sensação. Estou a perder a virgindade do sangue.
Vou sempre ter-te no pensamento. A minha primeira obra.

Vou abrir-te o corpo agora, libertar a tua alma, para que ela se eleve para sempre e deixe este triste mundo. Cruel não é? Um local onde a todo o custo tentamos extinguir a nossa própria raça. Talvez eu esteja apenas a ser o que todos querem que seja. E sabe tão bem sê-lo. Nunca pensei que gostasse tanto de ter poder absoluto sobre outro ser humano.
Não grites mais. São mudos os teus gritos. Talvez nem te tenhas apercebido, mas há muito que gritas e não emites qualquer som. O pânico é magnânime de se ver.

As lágrimas de sangue vertem, maravilhosas, espessas. O suor funde-se com o sangue, com a sujidade.
Relaxa, em breve estarás livre.

Pronto, o gume afiado já está em ti, finalmente. Vês? Não foi assim tão mau. Eu disse que terminaria em breve.
O teu corpo ainda tem espasmos. Será que alguém ainda te poderia salvar? Parece que não. Não oiço nada, nenhum cavaleiro encantado, nenhum deus furiosamente justo.
Termina finalmente. Foi breve. Talvez não para ti, mas para mim, foi curto demais.

Foste a minha primeira, a minha obra prima.

Vou sempre lembrar-me de ti.
 
terça-feira, junho 16, 2009, posted by # 7 at 11:14
Não é fácil abdicar de todos os sonhos que possamos ter e viver exclusivamente para a realidade. Deixar de se fantasiar, de quebrar barreiras e transpor limites, sem se estar sempre preocupado com o que realmente somos aos olhos dos outros. Ainda assim, muitos são os que nem nunca sonharam, os que naturalmente aceitam a vida como ela é, sem questionar se não haverá outra forma de a viver.

Outros são os que vivem inteiramente num estado de fantasia, como que presos num sonho interminável. A esses, chamamos de loucos e internamo-los, longe de quem não quer nada a ver com esse estranho mundo.

Mas, talvez mais difícil, seja sonhar, imaginar, viver fora de nós próprios sempre que possível e, de repente, sem que nada o faça prever, a realidade se abata sobre nós como uma espada aguçada que decepa toda e qualquer réstia de sonho. Imaginar a perfeição e constatar que, não só não existe, mas ainda por cima não entendemos porque deixou de existir. Ver o desmoronar dos sonhos, tentando agarrar as pedras que caem abruptamente, sem perceber o porquê. como foi isto? Onde foi que o caminho desviou?

A realidade é dura, fria, repentina. Por vezes nem nos apercebemos, pois estamos tão habituados a viver sempre sob as regras e as imposições.

A realidade tem que estar presente, para gerar o equilíbrio necessário, mas os sonhos, esses nunca poderão morrer, por mais que os tentem extinguir.
 
, posted by # 7 at 10:48
Mais um ano passou. Como o tempo anda rápido. Tão pequena que era a minha estrelinha e agora já é ela que praticamente manda cá em casa.

Para não variar, a chuva ameaçou estragar a festa. Quando nasceu, chovia intensamente, quando fez um aninho, o mesmo cenário, se bem que no segundo aniversário o dia tenha estado solarengo. A excepção à regra.

O dia começou cinzento e a chuva fez-se sentir. Desesperei. Só me apetecia gritar e esquecer a festa.
Tanto trabalho a arranjar o quintal, todos os brinquedos, piscina, para os miúdos terem que ficar confinados à casa? Que mau.
Ainda assim, lá fomos pondo as mesas e preparando tudo. A Beatriz não parecia importar-se muito com a chuva. Menos mau. Já eu, que fúria.

Mesmo quando acendi os fogareiros, ainda caíam umas gotas de chuva.
Depois os convidados começaram a chegar. Os miúdos a brincar, comer, beber, conversar e, quando dei por mim, estava dentro da piscina. A chuva foi embora de vez.

Resultado, o jardim fervilhava de vida, brinquedos por todo o lado, miúdos na piscina, jogos de bola.

O momento alto foi quando o avô, que não pode vir à festa por ter que trabalhar, passou por aqui, ele e mais dois aviões, bem baixinhos. Muito gritava a pequena a chamar o avô que ia nas alturas.

Acabou por ser uma bela festa para a minha estrelinha mais brilhante do Universo.
Três aninhos já passaram. Está grande, personalidade forte, espevitada.
Parabéns estrelinha. O papá adora-te.
 
sábado, junho 13, 2009, posted by # 7 at 17:38
Quantas e quantas vezes já ouvi dizer coisas como :"Vá lá, teve sorte.", "Podia ter sido pior. Até teve sorte.", "Já viste a sorte de só ter morrido um?".
Desculpem que me diga, mas isto é extremamente estúpido.

Exemplo, tenho um acidente. Bato de frente contra um camião. O meu carro fica destruído. Quase de certeza que vai aparecer alguém a dizer "Epá, tiveste sorte. Podias ter morrido." Epá não. Não tive sorte nenhuma. Tive um acidente que me f.... o carro e apanhei um susto do caraças. Sorte era bater no camião, não acontecer nada e ainda chegar a casa para descobrir que me tinha saído o euromilhões. Isso sim.

Outro. Um barco naufraga. 300 pessoas a bordo. Morre um passageiro. "Foi um milagre terem ficado tantas pessoas vivas. Só morreu um. Que sorte.". Sorte? Se calhar é melhor perguntarem à família de quem morre se se consideram afortunados. Talveseja melhor arranjar uma qualquer madame Maia para perguntar à alma do defunto como se sente por ter participado num acidente em que houve tanta sorte.

Ok. Não podemos ser pessimistas. Mas ser optimistas em excesso também é sinal de burrice.
Sorte é sermos felizes sem saber bem porquê, nunca nos acontecer nada de mal.
 
quarta-feira, junho 10, 2009, posted by # 7 at 20:09

Caminho pelo escuro, ouvindo os ruídos estranhos que me rodeiam, sentindo olhares fixados em mim, embora a única coisa que veja sejam as árvores que me circundam, as pedras frias, afiadas no meu caminho, o sangue que brota do chão, como se a terra chorasse à minha passagem.

Outrora o caminho tornou-se belo, raios de Sol através de confortantes nuvens cinzentas, numa osmose agradável, reconfortante. Aí os meus passos eram alegres, expectantes, com o que de novo poderia surgir, com o que de novo poderia fazer-me esquecer a realidade.

Mas cedo as nuvens ganharam força e extinguiram por completo os quentes raios de Sol que iluminavam o meu caminho. As lágrimas vertidas transformaram-se em sangue, sangue que rapidamente se apoderou de tudo. Lutei, tentei afastar a escuridão, esforcei-me por voltar a sentir o Sol na minha face. Mas as forças faltaram-me, as minhas asas estavam quebradas e nada mais havia a fazer.

Agora caminho, em frente, sem saber o meu destino. Sem saber onde me leva este longo caminho, esta estrada de sangue que se estende à minha frente, até ao infinito.

Caminho pelo escuro, sem mais forças para lutar. Resigno-me a aceitar o que me está destinado.

Percorro a estrada de sangue, triste por não ter força para afastar as nuvens, chorando sangue por ter perdido o que nunca foi meu.
 
, posted by # 7 at 19:53
Esta noite foi complicada. A minha estrelinha acordou de madrugada, a vomitar e com diarreia. Veio para a minha cama, para ver se acalmava, mas estava sempre a dizer que tinha dói-dói na barriga e a vomitar. Lençóis, almofadas, toalhas, tudo num estado lastimável. Mesmo durante o dia de hoje andou com diarreia, mas como esteve bem disposta, resolvemos esperar para ver.
Agora, enquanto escrevo isto, ela está normal. Risos para aqui, birritas para ali, o normal.
E eu, para desanuviar da noite mal passada e da tristeza de ver a pequena sofrer, resolvi postar aqui um dicionário com as palavras que a Beatriz diz ou dizia há algum tempo, e os seus respectivos significados.

Assim, sem mais demoras, apresento-vos : "O dicionário Beatrizesco"

Passanete - Sabonete
Faganhoto - Gafanhoto
Pacacete - Capacete
Gagueça - Cabeça
Gagafão - Garrafão
Gagamapo - Guardanapo
Bogoleta - Borboleta
Gavitou - Vomitou
Pacachinho vermelho - Capuchinho vermelho
Puculento - Turbulento (o cão do Noddy)
Fimana - Fim-de-semana
Pancainha - Campainha
Baguiga - Barriga
Chapaio - Gaspar (o cão da vizinha da frente)
Arute - Iogurte
Omato - Tomate

Por agora são estas as mais marcantes. Umas já as diz correctamente, outras ainda se esforça um pouco. Mas é tão engraçada a dizer certas palavras que quase nem tenho vontade de as corrigir. Mas tem que ser, não é?
 
, posted by # 7 at 17:38
Parece que foi ontem, ou se não ontem, há bem pouco tempo, há semanas, talvez meses. Parece que ainda há pouco tempo a pequena Beatriz ainda era somente uma ervilhinha dentro da barriga da mamã. Há pouco tempo eu nem sabia o que era ser pai, a melhor profissão do mundo.

Parece que ainda agora passaram os dias em que me aborrecia sem saber o que fazer e agora mal tenho tempo para o que quer que seja, se quiser ter tempo para brincar com os meus pequenos. Parece que comecei a viver tudo há tão pouco tempo.
No entanto, no dia de hoje, o pirralho Gabriel faz 6 meses. Meio ano de vida já passou. Tão rápido, tão despercebido.

As preocupações de ser prematuro, os cuidados médicos, tudo passou, rápido, veloz.
Agora o pequeno está grande, rechonchudo, sorridente. Sempre a sorrir. Sorri quando me vê, quando toma banho, ao acordar. A primeira coisa que faz ao acordar é sorrir.

Uma destas madrugadas, acordou, com fome e eu lá tive que me levantar. Estava cansado, com sono, rabugento. Não me apetecia ter que dar leite ao pequeno. Comecei a pensar porque não dormia ele mais um pouco. Até que olhei para ele. Eram 4 da manhã e ele tinha um sorrido de tal forma contagiante que eu não consegui mais ficar rabugento. Tive que sorrir também, tal era o brilho que ele tinha nos olhos ao me ver.

Tanto tempo já passou, tão rápido.

Seis meses, meio ano. O internamento, a preocupação, as lágrimas. Já eram, já passaram.
Gabriel é agora um belo bebé, activo, inteligente, feliz.

O tempo passa tão rápido. Meio ano e mais 4 dias e a Beatriz fará 3 aninhos. Estou velho. Velho e feliz por ter sido tão abençoado com os meus filhos.

Parabéns pequeno Gabriel. Mais uma etapa superada com distinção.
 
Emanuel Simoes

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