quarta-feira, junho 10, 2009, posted by # 7 at 20:09

Caminho pelo escuro, ouvindo os ruídos estranhos que me rodeiam, sentindo olhares fixados em mim, embora a única coisa que veja sejam as árvores que me circundam, as pedras frias, afiadas no meu caminho, o sangue que brota do chão, como se a terra chorasse à minha passagem.

Outrora o caminho tornou-se belo, raios de Sol através de confortantes nuvens cinzentas, numa osmose agradável, reconfortante. Aí os meus passos eram alegres, expectantes, com o que de novo poderia surgir, com o que de novo poderia fazer-me esquecer a realidade.

Mas cedo as nuvens ganharam força e extinguiram por completo os quentes raios de Sol que iluminavam o meu caminho. As lágrimas vertidas transformaram-se em sangue, sangue que rapidamente se apoderou de tudo. Lutei, tentei afastar a escuridão, esforcei-me por voltar a sentir o Sol na minha face. Mas as forças faltaram-me, as minhas asas estavam quebradas e nada mais havia a fazer.

Agora caminho, em frente, sem saber o meu destino. Sem saber onde me leva este longo caminho, esta estrada de sangue que se estende à minha frente, até ao infinito.

Caminho pelo escuro, sem mais forças para lutar. Resigno-me a aceitar o que me está destinado.

Percorro a estrada de sangue, triste por não ter força para afastar as nuvens, chorando sangue por ter perdido o que nunca foi meu.
 
Emanuel Simoes

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