Por vezes gostaria de voar.
Por vezes gostaria de me elevar acima de qualquer sentimento, bom ou mau e, lá bem de cima, olhar para tudo o que se passa no mundo.
Por vezes gostaria que a minha alma abandonasse o meu corpo, deixando-o num estado semi-adormecido, e se elevasse, acima das nuvens, acima do céu, acima do Universo.
Que lá de cima pudesse contemplar toda a dor e tristeza, todo o abandono e preconceito e, no fim do dia, pensasse na sorte de estar longe de tudo aquilo.
Por vezes gostaria de bater as asas e voar em redor do planeta, constatar as diferenças entre os seres, observar os comportamentos institivos de quem por aqui anda.
Por vezes gostaria de me abstrair de tudo o que me faz humano e tornar-me num ser único, inigualável, estranho para tudo e todos.
Por vezes sonho em ser todo poderoso e estar em todo o lado ao mesmo tempo, tudo saber, tudo ouvir. Resolver injustiças, recompensar actos nobres.
Por vezes gostaria de estar num patamar bem superior a todos os restantes mortais.
Por vezes gostaria de ser capaz de colocar tudo no sítio certo, todos com a vida perfeita.
Por vezes gostaria de ser um anjo.