segunda-feira, abril 27, 2009, posted by # 7 at 22:27
Enquanto definho neste canto lamacento, onde a chuva bate forte e intensamente, penso no que foi e no que poderia ser.
Tenho o corpo molhado mas não sinto frio, os relâmpagos caem perigosamente perto, mas não receio a morte.

Já estou morto. Há muito que a minha mente abandonou este triste e enfadonho mundo, mas a minha alma insiste em ficar presa dentro desta carcaça a que chamo corpo, como que expectante por algo que há-de vir. Algo milagroso que supostamente surgirá do nada e me levará a acreditar novamente na luz. TRETAS.

O que sinto não importa, o que penso a ninguém interessa.

As gotas correm furiosamente pelo meu corpo, formando minúsculas cascatas. Como um enorme aglomerado de lágrimas. Como se nesta noite sombria, estivesse a chorar tudo o que guardei dentro de mim ao longo dos tempos.

Elevo a cabeça e fito o céu cinzento. As nuvens são violentamente empurradas pelo forte vento que se faz sentir e que uiva. Uiva alto e imperativo, fazendo notar a sua presença.
As verdadeiras lágrimas confundem-se com chuva que me cai no rosto e isso deturpa a minha visão.

Estou louco. O frio extremo, a chuva, o vento e a sujidade que me envolve, toldaram-me o discernimento.

Parece uma luz a descer sobre mim. Não. É impossível.
Uma luz que tem tanto de brilhante como de negro, se é que tal é coerente.
O frio parece abrandar e o vento não uiva com tanta intensidade. A pedra sepulcral que se encontra à minha frente adquire cores estranhas e fantasmagóricas.
Será que..... Sim, é verdade, és tu.

Envolves-me nas tuas majestosas asas e libertas as minhas que se encontravam escondidas. Escondidas de vergonha neste antro em que me encontro.
O frio desaparece e sinto o teu calor, meu anjo negro. Dás-me esperança incerta, mas ainda assim, esperança. A força parece voltar a correr nas minhas veias e agora percebo a teima da minha alma.

Afinal, estava escrito que me salvarias.
 
3 Comments:


At 29 de abril de 2009 às 07:07, Blogger Prison Inside...

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At 29 de abril de 2009 às 07:28, Blogger Prison Inside...

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At 30 de abril de 2009 às 01:20, Blogger Lara

Eu que tenho uma estranha relação com a chuva,posso dizer que a mesma vem sempre acompanhada de algo que limpa,que liberta.Seja do que somos ou do que sentimos.É como ser lavado de dentro para fora.
Não sei quem é o teu anjo negro.Se fosse eu, te pegava no colo e te levava para ver a lua,mesmo ela com todo o seu brilho é só reflexo do que ela apaixonada sempre olha:o Sol.
Nossa libertação e segurança vem da certeza de que de facto nunca estamos sós.Nossas asas só aguardam pelo breve momento de sentir o calor de outro anjo.Então já não é mais um.Somos dois.7*

 


Emanuel Simoes

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