quarta-feira, abril 29, 2009, posted by # 7 at 23:42
A porta está fechada, trancada. Aproximo-me lentamente e silenciosamente, ainda que os meus passos sejam bem audíveis. Melhor. Quero que saibas que estou a chegar. Que o fim se aproxima.
Encosto o ouvido à porta e sorrio com a antecipação do que está para vir. Ouço claramente a tua respiração ofegante do outro lado. Provavelmente estás escondido debaixo da cama, dentro do armário, melhor, atrás da cortina da banheira. Tão Pshico.
Rodo gentilmente a maçaneta. Sem luvas, sem medo do que há-de vir quando tudo acabar. Parece que te trancaste aí dentro.

Onde será que está o valente que se escondia por trás de falsos amigos, amealhando inimigos atrás de inimigos. Onde estão os teus amigos agora? Ah, é verdade, matei-os. Esventrei-os e lambi-lhes as entranhas enquanto os seus corpos moribundos ainda se moviam com os espasmos. O seu sangue era quente e aconchegante, adocicado mesmo.

Mas fui benevolente contigo. Deixei-te observar, todos os pormenores, todas as incisões. Quem é amigo? Deixei-te fugir, ou melhor, deixei que tivesses a ilusão de poder fugir.
Óbvio que, como bom macaco amestrado, fizeste exactamente o que estava previsto. Rastejaste para o buraco imundo, impregnado de fezes e doença, a que chamas de casa. Esse antro escuro e nauseabundo onde te deitas noite após noite, num colchão que serve de casa para os ratos que vagueiam livremente por todas as divisões quando te encontras fora, armado em deus na terra.

Porta trancada. O que fazer? Ups, parece que o idiota aqui tratou de arranjar uma chave enquanto elaborava todo este plano.
Enquanto introduzo a chave na ranhura, noto claramente que a tua respiração aumenta de intensidade. Gostava de te dizer para teres calma, que tudo seria rápido e indolor. Mas infelizmente estaria a mentir. Quero que sintas pânico. Quero que saibas que vais sofrer como nunca, que me irei saciar no teu sangue e te forçarei a observar o teu interior, antes de te arrancar os olhos.

A minha faca ainda pinga, embora o sangue dos teus valentes amigos comece já a secar.
Quando abro a porta constato que ou és mais valente do que eu pensava, ou és burro mesmo. Nem uma tentativa de fugir pela janela, nem uma tentativa de te esconderes por baixo de algo. Ali estás, em pé, lágrimas a correrem-te pelas faces e as duas únicas palavras que te saem dessa imunda boca de hálito fedorento são "Por favor". Fazes-me lembrar de mim próprio, quando me confrontavas com os teus companheiros e eu dizia; "Por favos, já chega.". Na altura não me ligavas muito. Talvez seja melhor fazer o mesmo em relação a ti.
Olha, tens um canivete. E agora? Devo fugir amedrontado, ou encarar-te? Bem, a minha faca tem uma lâmina bem maior. Deixa-me experimentar algo.
Desfiro um golpe duro e seco e decepo-te a mão com que seguravas a ridícula navalha. Gritas, grunhes. Pareces um porco agarrado ao coto que espicha sangue, tal qual uma pequena fonte, daquelas que ficam tão bem a enfeitar qualquer sala hoje em dia.

Os teus gritos são música para mim. Por falar em música, perfeito. Vejo que tens um sistema de som todo janota.
Um cd de Diana Krall? Deve ser para dares um ar de culto, quando pagas às prostitutas para cá virem a casa.
Belo som, contrasta com os teus gritos agonizantes. Gosto tanto de contrastes.

Introduzo a ponta afiada da faca na parte interior do teu braço esquerdo e rasgo completamente o músculo. Gritas ainda mais e eu rejubilo. Vou picando e picando, cada vez com mais força, cada vez mais fundo. Mas sem nunca correr o risco de desmaiares. Tens que estar acordado para o fim. És um priveligiado mesmo. Quantos sabem exactamente quando vão morrer?

Tentas fugir, ridiculamente. Cambaleando pela sala, como um coxo que tenta correr. Agarras-te à janela da sala, apenas para deixar a marca da tua mão ensaguentada, pois já não tens força para a abrir.

Gosto de contrastes, mas também gosto de simetria. Por isso, arranco-te a outra mão e peço-te para me esmurrares, em nome dos bons velhos tempos. Só que não o fazes. Não consegues.

A tua casa, se é que se pode chamar casa a este buraco, já é mais sangue que outra coisa enão tardará até que percas os sentidos, por isso, vamos a isso.
Enterro a faca bem fundo, por baixo da barriga e subo. Bela faca. Parece que corto manteiga.
Tens uma expressão de horror digna de um filme. Belo. Parabéns.
Enquanto vou subindo, os teus olhos abrem-se mais e mais. É isso mesmo que quero. As primeiras entranhas começam a cair e apresso-me a segurá-las e a colocá-las de fronte dos teus olhos para que conheças o teu podre interior. Cheiras mal por dentro, mas ainda asim provo algum do teu sangue. Percebo que ainda viste algo, pois a tua expressão continua a mudar.

Subitamente cais. Espero que tenhas sofrido. Muito.
Retiro-te os olhos das órbitas e coloco-os virados para ti. Para que vejas onde a tua vida te levou. À tua morte.

Foi um bom dia. Talvez vá tomar um banho de emersão, beber um copo de vinho e ouvir um som.
 
segunda-feira, abril 27, 2009, posted by # 7 at 22:27
Enquanto definho neste canto lamacento, onde a chuva bate forte e intensamente, penso no que foi e no que poderia ser.
Tenho o corpo molhado mas não sinto frio, os relâmpagos caem perigosamente perto, mas não receio a morte.

Já estou morto. Há muito que a minha mente abandonou este triste e enfadonho mundo, mas a minha alma insiste em ficar presa dentro desta carcaça a que chamo corpo, como que expectante por algo que há-de vir. Algo milagroso que supostamente surgirá do nada e me levará a acreditar novamente na luz. TRETAS.

O que sinto não importa, o que penso a ninguém interessa.

As gotas correm furiosamente pelo meu corpo, formando minúsculas cascatas. Como um enorme aglomerado de lágrimas. Como se nesta noite sombria, estivesse a chorar tudo o que guardei dentro de mim ao longo dos tempos.

Elevo a cabeça e fito o céu cinzento. As nuvens são violentamente empurradas pelo forte vento que se faz sentir e que uiva. Uiva alto e imperativo, fazendo notar a sua presença.
As verdadeiras lágrimas confundem-se com chuva que me cai no rosto e isso deturpa a minha visão.

Estou louco. O frio extremo, a chuva, o vento e a sujidade que me envolve, toldaram-me o discernimento.

Parece uma luz a descer sobre mim. Não. É impossível.
Uma luz que tem tanto de brilhante como de negro, se é que tal é coerente.
O frio parece abrandar e o vento não uiva com tanta intensidade. A pedra sepulcral que se encontra à minha frente adquire cores estranhas e fantasmagóricas.
Será que..... Sim, é verdade, és tu.

Envolves-me nas tuas majestosas asas e libertas as minhas que se encontravam escondidas. Escondidas de vergonha neste antro em que me encontro.
O frio desaparece e sinto o teu calor, meu anjo negro. Dás-me esperança incerta, mas ainda assim, esperança. A força parece voltar a correr nas minhas veias e agora percebo a teima da minha alma.

Afinal, estava escrito que me salvarias.
 
terça-feira, abril 21, 2009, posted by # 7 at 16:19
Hoje estou a ter um dia porreiro. Muito bom mesmo, até ao momento.

O Sol brilhou todo o dia, de manhã fui pedalar 35 km. Almocei, fiz uma pausa de meia hora e lá fui novamente, pedalar mais 32 km.

De manhã o tempo estava impecável, ainda que com algum vento, mas é bom para aumentar a resistência física. Pedalei forte, média de 32 km/hora, umas vezes a favor do vento, outras contra, mas sempre tentando manter a máxima velocidade possível.
À tarde, o tempo melhorou ainda mais. Um verdadeiro dia primaveril. O vento acalmou e o calor fez-se sentir.

Enquanto pedalava, sentia o calor no meu corpo. Agradável. Ao passar junto ao rio Tejo, o cheiro da água misturado com o calor era maravilhoso. Mais tarde, já mais afastado do rio, entrei em caminhos no campo e, mais uma vez, o odor da natureza, as árvores, ervas, flores, fez-se notar e relembrei-me do quanto gosto do ar livre, do calor, da paz da natureza.

Realmente, quando penso que, aos 31 anos de idade tenho mais aptência física do que tinha aos vinte, fico revoltado. As pessoas dão-me os parabéns porque consegui ter força e determinação para levar um estilo de vida saudável, mas eu, com a minha visão pessimista, fico a pensar nos anos que desperdicei a fazer coisas de que não gostava e a ocupar os meus tempos livres das piores maneiras possíveis.

Mas enfim, importante mesmo é que o dia foi muito bom em termos de exercício físico e ainda tive um, ou melhor, dois bónus. Numa subida acentuada ia um rapaz à minha frente, com a sua bicicleta de estrada (bem superior à minha pobre BTT) e picámo-nos mutuamente. Claro que, se disse que foi uma coisa boa, é sinal que o deixei para trás. Ainda deu luta, mas só por um pouco. Depois, já mais longe e em recta, um outro, desta vez com uma btt também. Esse já não deu tanta luta. Foram só dois segundos até que eu desaparecesse à sua frente. Ahhh, nada como uma picaria saudável para nos levar aos limites. Quando penso que estou cansado, é só ver alguém a pedalar à minha frente que ganho logo energias.

Já levei as minhas abadas, e de indivíduos bem mais velhos, mas esses tempos já lá vão. Agora sou o rei da estrada. Ah ah ah.
 
sexta-feira, abril 17, 2009, posted by # 7 at 13:48
Bem, como já tinha referido ontem, o jovem Gabriel não se entusiasmou muito com o facto de lhe terem mudado a dieta. A sopa é boa sim senhor, mas é para os outros. Nada como o leitinho quentinho para encher a barriga. Aliás, como se pode constatar pela imagem acima, tudo nele é felicidade quando tentam que coma alguma sopita.
Hoje vamos experimentar ao jantar, pode ser que se dê melhor, ou então cuspa tudo de uma vez. A incerteza paira no ar e aceitam-se apostas.

Hoje já ficou na escola durante mais algum tempo, para que a ambientação seja gradual.
O meu Gabriel é o bébé mais pequeno da escola, o que nos deixa ainda mais apreensivos, mas não há-de ser nada demais.
Aliás, ele parece não estranhar minimamente o novo ambiente. Dorme, come e está sempre bem disposto.

Ao que parece e até ver, a adaptação à escola está a correr lindamente. Quanto à sopa, bem, melhor sorte para a próxima.
 
quinta-feira, abril 16, 2009, posted by # 7 at 14:27


Hoje foi o primeiro dia para o meu pequeno anjo Gabriel. Primeiro dia de escola e primeiro dia de sopa.

A escola, para mim, foi mais fácil de aceitar do que quando foi com a Beatriz, mas penso que seja normal. O primeiro filho é sempre mais complicado.
Ainda assim, chegou lá depois das nove da manhã, teve visitas de mãe, avós e mana e era meio-dia quando o fomos buscar. Teve que ser. Pouco tempo para nos irmos habituando. Ah não, espera, para ele se ir habituando.

Ao que parece tudo correu bem. Comeu ao chegar, fez o seu cócó que transbordou de tal forma que sujou a roupa, dormiu, esteve ao colo da educadora, enfim, o rapaz é simpático e dá-se com toda a gente. Sempre a sorrir.

Quando veio para casa, cá o esperava a primeira sopa. Finalmente a alternativa ao leite. Como seria de esperar, já com a experiência adquirida com a pequena Beatriz, a aceitação a este novo alimento não foi pacífica. Mais para fora do que para dentro, caras feias, tentativas de "fugir", mas lá foi ficando alguma.

Quando foi com a Beatriz, ela cuspiu bastante. Fez questão de espalhar sopa, não só por cima dela, mas igualmente por cima dos pais, da mesa e até da parede.

O Gabriel não. Não cuspiu, mas tamém não comeu tanto. Fez uma birra tal, recusando-se a engolir a sopa, que tive que lhe fazer um biberon de leite para o acalmar.

Mas pronto, o primeiro passo está dado. Os primeiros passos. A partir de hoje é escola todos os dias e sopinha todos os dias. Com birra ou sem birra.
 
sexta-feira, abril 10, 2009, posted by # 7 at 18:55
Hoje é Sexta-feira santa. Um dia em que supostamente temos que fazer sacrifícios, sendo que um deles é não ingerir carne. Não me parece grande sacrifício, tendo em conta que existem tantas alternativas, mas ok.

Podemos comer de tudo o resto, à grande, à guloso. Peixe e doces com fartura, bebidas podem ser antes, durante e depois das refeições, vale tudo, menos claro, comer carne.
É que a carne deve ter algum significado maléfico que faz com que seja pecado o seu consumo neste dia, ainda que de resto nos possamos lambuzar que nem alarves.

Ainda assim, hoje de manhã, consegui ver algumas pessoas no McDonalds. Grandes malucos, a desafiar o patrão lá de cima. Ainda lhes cai um raio na mona.
Se bem que para mim, o simples facto de observar constantemente pessoas a degustar hamburguers logo pela manhã, já deveria ser considerado um pecado, punido severamente com chicotadas intensas, mas isto é apenas a minha opinião. E eu sou BURRO mesmo.

O que realmente me levou a escrever este post que certamente será considerado de mau gosto por muita gente (e eu não me importo nem um pouco), é que acho um piadão ao facto de comer carne ser um pecado neste dia festivo com a justificação de que nos devemos privar de luxos, como Jesus fez, mas enchemo-nos de álcool, doces, bolos, amêndoas, ovos de chocolate, enfim, o derradeiro sacrifício.

Eu por mim, hoje já fiz o meu sacrifício. Fui correr e tenho feito as minhas flexões. Ah espera, isto é um sacrifício mas é para os outros. Eu gosto. Ups, sou um pecador.
 
terça-feira, abril 07, 2009, posted by # 7 at 22:56
 
, posted by # 7 at 22:12

Suavemente e subtilmente me aproximo. Tudo em mim parece perfeito neste mundo de constante imperfeição. Os meus ideais, o meu aspecto, a minha maneira de ver a vida. Cedo te envolvo na minha teia obscura e levo-te a acreditar que estás cá por tua livre e espontânea vontade. Errado. Estás cá porque eu tracei antecipadamente o trajecto que tu havias de percorrer. Cada pedra no caminho, cada desvio sinuoso, tudo foi engendrado por mim de modo a te encontrares nos meus braços neste momento. Pensas que estás perante mim por tua exclusiva e inquestionável escolha, mas enganas-te. Estás cá porque eu quero que cá estejas. Eu comando as tuas decisões, mesmo as mais íntimas. Deixo-te pensar que gozas de alguma arbitrariedade mas a verdade pura dura e crua é que te encontras completamente submissa perante mim.

Abordas-me e finjo estar surpreendido. Falas-me da primeira vez que nos conhecemos e da velocidade fulminante com que te deixaste apaixonar por mim. Frisas que é estranho que tal suceda mas que há algo que te faz sentir cada vez mais presa a mim e eu, eu simplesmente faço o meu papel e deixo-te sonhar. Permito que os teus sonhos divaguem e fllutuem nesse teu mundo cheio de sofrimento e de necessidade de te agarrares a alguém que te dê força para te sentires mais uma vez viva.

Dou-te força para acreditares que tudo correrá bem, incentivo-te a acreditar que o mundo é um local pelo qual vale a pena lutar, mas sei bem que tudo não passa de mais um esquema para te sugar a vitalidade, de modo a que eu me sinta bem com tudo o que se passa em meu redor.
Tornas-te dócil e submissa e voltas a pensar que o fazes por livre e espontânea vontade. Mas eu sei o que faço. Eu sei como te levar onde quero.
Quando adquiro a tua total confiança, envolvo-te nos meus braços num abraço reconfortante que esconde a sua verdadeira finalidade.

Relaxas, suspiras, olhas-me nos olhos e voltas a abraçar-me. Aí solto as roldanas do meu maquiavélico plano e deixo de pensar em ti para me dedicar exclusivamente a mim. Cravo as minhas presas no teu pescoço. A tua jugular é grossa e apetitosa. Sorvo o teu sangue gulosamente como se não houvesse amanhã, como se fosse esta a minha última refeição. Afinal, depois de todo o esforço que tive para que confiasses em mim, o mínimo que poderia fazer era sugar-te com prazer.

Chega a hora do fim. Vida ou morte, luz ou trevas. Fito-te nos olhos, moribundos mas ainda com expressão e vida. Algo no teu olhar decadente me cativa. Desta vez és tu que me hipnotizas e levas-me a crer que somos um só.
Dou-te vida novamente. Bebo do teu sangue para que bebas do meu. Tiro-te uma vida e dou-te uma nova.

Somos um a partir de agora, para todo o sempre, para tudo o que vier.
 
, posted by # 7 at 17:57
 
, posted by # 7 at 17:19
Mudam-se os tempos mudam-se as vontades. Mudam também as mentalidades.

Actualmente dizem-se as coisas da boca para fora sem pensar bem nas consequências das palavras proferidas. é tudo no momento e para o momento. O que nos levar onde queremos chegar é o que dizemos, mesmo que não o sintamos.

Principalmente quando se fala de amor.

Lembro-me de quando andava na escola. A minha namorada de liceu foi minha companheira durante vários anos e eu apenas proferia as palavras "amo-te" quando as sentia e quando o momento era nosso, longe de tudo o resto que nos rodeava. Ainda hoje sou assim, não ando por aí a dizer a torto e a direito, até porque quando sentimos, ainda que seja bom ouvir que somos desejados, o excesso poderia levar à banalidade e as palavras tornar-se-iam obsoletas. Como que uma mera formalidade, uma obrigação ou um meio de atingir um propósito.

É o que se passa hoje em dia com os adolescentes. A palavra "amo-te" foi completamente banalizada. Aliás, a palavra "amu-the". O amor foi relegado para um segundo plano e agora é usado em qualquer relação que sobreviva a três dias de existência.

Escrevem-se nas paredes palavras de amor sobre alguém que para a semana á é odiado, mandam-se constantes mensagens de telemóvel em que o "amu-the" é a palavra de ordem e tudo isto sem parar para pensar minimamente sobre o verdadeiro significado do que se diz a outra pessoa. Sem se deter e tentar perceber se a pessoa a quem se dizem tais palavras as entendem da mesma forma.

Perdeu-se o verdadeiro significado do amor. Amor não é estar sempre preso à mesma pessoa, mas também não é dizê-lo inconsequentemente a qualquer pessoa. Amor é sentir dentro de nós uma conexão, um bem estar, um à vontade com outrém.
 
quarta-feira, abril 01, 2009, posted by # 7 at 21:48

Por vezes temos atitudes que nos fazem sentir mal. Acções espontâneas, actos irreflectidos que nos apanham de surpresa e ficamos sem saber muito bem quem somos afinal. Porque razão agimos desta ou daquela forma, como fomos capazes de fazer isto ou aquilo?

Não é pelo que os outros pensam de nós. O que os outros pensam cada vez mais me deixa triste e consequentemente tento me alienar disso. É mesmo pelo que sentimos cá dentro depois de nos comportarmos de modo errado.

Mas a culpa é um tormento poderoso. Faz-nos sentir mal, fracos. Faz-nos olhar no espelho e ver um monstro do outro lado. Perder o sono. É difícil lidar com uma consciência pesada.
Mas mais difícil é quando mostramos o nosso arrependimento a alguém, apenas para tentar aliviar a culpa, e somos brindados com palavras hostis, com comentários depreciativos chegando a roçar o insulto e a ironia.

Quando a culpa não nos deixa pensar em mais nada que não o sucedido e logo de seguida nos atiram ainda mais ao chão, o sentimento torna-se mais e mais devastador. Mesmo que estejamos a falar de algo não muito grave, tendo em conta que para mim, matar um bicho é algo que me custa.

Mas, por muito ou pouco grave que sejam as coisas, penso que quando se procura alguém com quem partilhar o sentimento de culpa, é com a esperança de sermos aconselhados, ouvidos e até repreendidos, mas sempre de forma construtiva e não destrutiva, como parece ser hábito hoje em dia.

Não nos podemos dar ao luxo de sermos diferentes, mesmo que nos arrependamos mais tarde, seremos julgados, condenados e executados. Não há espaço para perdão.
 
Emanuel Simoes

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