Não é fácil abdicar de todos os sonhos que possamos ter e viver exclusivamente para a realidade. Deixar de se fantasiar, de quebrar barreiras e transpor limites, sem se estar sempre preocupado com o que realmente somos aos olhos dos outros. Ainda assim, muitos são os que nem nunca sonharam, os que naturalmente aceitam a vida como ela é, sem questionar se não haverá outra forma de a viver.
Outros são os que vivem inteiramente num estado de fantasia, como que presos num sonho interminável. A esses, chamamos de loucos e internamo-los, longe de quem não quer nada a ver com esse estranho mundo.
Mas, talvez mais difícil, seja sonhar, imaginar, viver fora de nós próprios sempre que possível e, de repente, sem que nada o faça prever, a realidade se abata sobre nós como uma espada aguçada que decepa toda e qualquer réstia de sonho. Imaginar a perfeição e constatar que, não só não existe, mas ainda por cima não entendemos porque deixou de existir. Ver o desmoronar dos sonhos, tentando agarrar as pedras que caem abruptamente, sem perceber o porquê. como foi isto? Onde foi que o caminho desviou?
A realidade é dura, fria, repentina. Por vezes nem nos apercebemos, pois estamos tão habituados a viver sempre sob as regras e as imposições.
A realidade tem que estar presente, para gerar o equilíbrio necessário, mas os sonhos, esses nunca poderão morrer, por mais que os tentem extinguir.