Passou mais um Natal. E por muito que eu gostasse de dizer que passei ao lado do consumismo e festejei o dia apenas pelo que ele significa, não o posso fazer.
A minha pequena recebeu tantas, mas tantas prendas, que a meio da abertura dos embrulhos, dei por mim a pensar na hipocrisia do que falo e escrevo.
Constantemente critico o abuso dos bens materiais e o crescendo do consumismo, mas dou por mim a filmar a minha filha a abrir prendas atrás de prendas, numa maratona para ver quem deu a maior e melhor.
Encontro-me assim embrenhado em tudo aquilo que critico, mas não me sinto assim tão mal. Não porque penso que os meus filhos devem ter o máximo que eu lhes posso dar, ao contrário do que sucedeu comigo quando eu era criança. Não porque ficar quieto e comprar apenas uma pequena prenda para a pequena era bem mais fácil, mas ver o sorriso crescente dela é bem mais compensador.
Bem sei que no final do dia, ao entrar no quarto dos brinquedos, a minha estrelinha vai olhar para tantos brinquedos que não sabe com qual há-de brincar e consequentemente não dará valor ao facto de ser abençoada com tanta gente que gosta dela.
Mas entre isso e a possibilidade de ela se sentir triste por não ter brinquedos, prefiro a hipótese consumista.
Menos para os adultos para proporcionar felicidade aos pequenos.
Mimos a mais? Talvez, mas eu tive mimos a menos quando era pequeno e passei muito mal na vida. Não quero que os meus tenham que passar também por isso.