sexta-feira, maio 27, 2011, posted by # 7 at 18:36





No decorrer dos anos que já vivi, pelo menos daqueles em que me lembro de ser eu, que me lembro de entender o que me dizem, já me perguntaram várias vezes porque sou tão reservado, tão distante, tão anti-social.

Devo admitir que a princípio pensei ser apenas o meu feitio, algo com o qual nasci. Posteriormente, associei essa minha condição ao facto de ter tido a vida que tive, cheia de percalços, episódios de violência e outras coisas mais que tomariam demasiado do meu tempo, para as relatar aqui e agora.

Agora penso de forma diferente. Penso que não me dou a conhecer, que não me deixo absorver porque as pessoas são um autêntico labirinto. Sempre que penso que estou a chegar à saída, esbarro com mais um beco sem saída. 

Quando penso que conheço alguém, algo acontece que me faz pensar que tudo o que tina como adquirido em relação a essa pessoa não era uma realidade incontestável. Isto a todos os níveis, amizades mais fortes, menos fortes, simples conhecidos, família. Toda a gente é estranha e diferente daquilo que tenta mostrar ser. Mas, eventualmente, alguma situação inesperada poderá ocorrer e as pessoas, perante a adversidade, mostram que podem ser diferentes daquilo que aparentam ser.

Como tal, penso que também eu sou assim. Talvez o que todos pensem de mim esteja errado. Aliás, isso é algo que sei há já muito tempo, algo a que estou habituado. 

Mas o que quero dizer, é que eu até me esforço (às vezes) por me integrar, por me ligar mais às pessoas. Mas parece que as pessoas mudam tão rapidamente, que não sei como lidar com esta pressão de as tentar acompanhar, para não parecer incorrecto ou desrespeitoso. Assim, prefiro mesmo ficar no meu canto, que é o meu local favorito neste mundo.
 
Emanuel Simoes

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