Volto a encontrar-me na situação de não gostar de ver no que me estou a tornar.
Mais uma vez parece que abro a boca e digo o que não quero, penso em algo e faço o oposto. Mais uma vez o pouco controle que tinha sobre mim mesmo desaparece na escuridão.
Não consigo manter a calma, ter discernimento, ser coerente.
Os obstáculos surgem e, em vez de os tentar contornar, só tenho em mente destruí-los. Eliminá-los de vez e ver-me livre de tudo o que me impede de ser como quero. Já falta a paciência para observar o que está mal e tentar encontrar uma solução. Só penso em cortar o mal pela raíz, largar tudo e começar de novo.
Sei que não posso agir desta forma. Se todos o fizessem não existiria uma réstea de organização neste caos em que nos encontramos, mas é o que me corre na alma. É o que está dentro de mim, a tentar a todo o custo explodir para o exterior.
Já não estou bem de forma nenhuma, vejo em mim, cada vez mais, atitudes que atribuía aos que critico e, embora esteja consciente da situação, parece ser mais forte que eu, pois não me parece que esteja a fazer progressos para acabar com isto.
Dou por mim a querer bater com a cabeça nas paredes até que todos os problemas se vão embora, a querer correr de olhos fechados até que algo me faça parar e tudo esteja no seu devido lugar. Apetece-me cerrar os punhos com toda a força até ver gotas de sangue a esorrer pelas mãos abaixo. Imagino-me a enterrar os dedos nas órbitas para tentar deixar de ver o que me leva a sanidade.
Acho que estou a dar em louco, ou melhor, a ficar ainda mais.