segunda-feira, março 30, 2009, posted by # 7 at 21:51
O tempo passa, o tempo muda. O tempo muda-nos.

A evolução leva-nos a sonhar cada vez mais alto, cada vez mais longe, mas tira-nos cada vez mais essência. Somos mais vazios, ocos, despojados de integridade e sentimentos.

O mundo é hoje um local frio, sombrio, feio. Um beco escuro e assustador onde impera a lei do mais forte ou do mais rico. Já pouco resta da solidariedade entre pessoas que existia há uns anos.

Acabaram os tempos em que amigos se entreajudavam sem pensar em compensações que não fossem o prazer de se sentirem úteis.
Somos todos distantes. Erguemos as nossas barreiras e muros, atrás dos quais concebemos um mundo só nosso onde dificilmente deixaremos alguém se intrometer. Até poderão haver pessoas que lá entram, mas não podem lá ficar certamente.

Actualmente, a coisa mais importante que existe no Universo, é o nosso umbigo. Vivemos obcecados com ele e estamos-lhe a prestar tanta atenção, que nos alienamos completamente do que se passa em nosso redor.

Alguém precisa de ajuda? Que vá a um psicólogo. Alguém precisa de um abraço? Já existem grupos específicos para isso. Alguém quer um mínimo de compreensão? Bem, a vida é lixada.
Isto já sem contar que as pessoas estão tão empenhadas em ser melhores que os outros, que nos esquecemos de que o mundo em que vivemos precisa da nossa ajuda para garantir a sua sustentabilidade.

Depois temos ainda os pediatras pedófilos que são estranhamente absolvidos e podem voltar a exercer as suas funções, os maridos que assassinam as mulheres e ainda podem requerer uma pensão de sobrevivência à segurança social, as crianças que levam tiros nas ruas por conflitos tão banais como um jogo de futebol.

As pessoas vivem viradas para si mesmas, comportando-se como autênticos zombies tecnológicos, com um ambiente cada vez mais degradado, com cada vez mais guerras inúteis e sem significado e conflitos políticos e religiosos que roçam o ridículo.

Não era este mundo que eu idealizava para os meus filhos.
 
Emanuel Simoes

Criar seu atalho