quinta-feira, outubro 29, 2009, posted by # 7 at 17:40

Lembro-me tão bem de olhar para ti e ver as lágrimas que corriam pela tua face, enquanto olhavas para o pequeno e frágil ser, enclausurado naquele seu feio mundo, na sua "gaiola vital" que, apesar de causar desconforto que causava ao olhar, era e foi o que o manteve nas nossas vidas.

Lembro-me também das lágrimas que queriam sair de dentro de mim, que forçavam o seu caminho, mas que contive. Mantive-as escondidas para parecer forte, seguro de mim, para parecer algo que não sou.

Observei enquanto o tempo passava, olhei-te quando não o percebias e desejei extrair todo o teu sentimento de angústia e colocá-lo dentro de mim. Desejei sofrer eu por ti, para que não tivesse que ver a dor em que te encontravas.

Olhei para o pequeno ser, que tão valentemente lutava por um lugar entre nós, que tão inocentemente me ensinava que nada é impossível, desde que tenhamos força.
Recolhi-me ao nosso lar, sozinho, enquanto tu ficavas junto dele. Rebentei em lágrimas, fúria, desespero, raiva. Afinal sou apenas um fingido, uma farsa. Não sou forte, como quis fazer transparecer. Sou apenas mais um.

Não fui capaz de afastar o sofrimento que nos assolou durante aquele período.
Felizmente, a redoma desapareceu e o pequeno respirou por si mesmo. As forças foram chegando, a vida ocupou o lugar do sofrimento.

Felizmente regressámos a casa, ao lar, doce lar.

Mas ainda hoje, depois de tudo, continuo a olhar para o pequeno guerreiro e a temer. A temer pelo seu futuro, pelo seu destino.

O que te reservará o futuro, pequeno ser? Será que nos irás surpreender com a tua garra, com a tua força de vida? Será que provarás que és mais forte do que seria de esperar? Acredito que sim, que serás superior a tudo isto, mas.......tenho tanto medo ainda.
 
domingo, outubro 18, 2009, posted by # 7 at 14:28
Ah bom. AH bom. AH BOM. Assim está bem.

Para os mais observadores, eu falar do trauma de Alcacer do Sal não constitui novidade. Mas como eu até gosto de escrever, vou relembrar.
No passado ano, participei na minha primeira prova unicamente de btt. Em Alcacer do Sal. Creio que eram 66 km, dos quais apenas percorri 60, devido a ter partido a corrente. Fiquei traumatizado. Cada vez que me lembro, até fico zangado. Tanto esforço para nada.

Este ano fui sozinho. Bicicleta diferente, treino mais intenso. Estava confiante. E para apimentar mais o desafio, inscrevi-me para os 85 Km. Se era para sofrer, que sofresse a sério. E sofri meus amigos, sofri mesmo. A minha ida ao Alentejo, apesar dos seus 145 Km, não foi nada em comparação com estes 85. Tanta areia solta, subidas que, embora fossem esperadas quanto ao grau de inclinação, não esperava a sua quantidade. Frio à partida, calor durante o percurso, ou seja, direito a tudo.

Numa das tais subidas, eis que aconteceu. Um estranho barulho, olho para baixo e vejo a corrente no chão. Nem queria acreditar. Estaria eu amaldiçoado? A maldição da corrente partida?
Parei, claro. Desta vez levei a chave para retirar o elo partido. Uni a corrente, passados uns 20 minutos, e lá fui novamente. Até ia a sorrir. Nunca esperei conseguir arranjar uma corrente partida. Pedalei, esforcei, a subida era grande e íngreme e, PUMBA. Partiu-se a corrente novamente. Só me apetecia deitar a bicicleta lá para baixo. Isto é que é azar. Felizmente, após vários minutos de frustração, apareceram uns companheiros do pedal que se disponibilizaram a ajudar, e que ajuda. Um deu-me um elo rápido, o outro montou a corrente e lá fiquei eu, pronto para o resto. Agradeci, ainda andei perto deles por um pouco, mas depois tive que ir. O espírito competitivo é maior que o de companheirismo.

Acelerei, a sério, pois o pensamento de todos os que já tinha ultrapassado se encontrarem de novo à minha frente era mau demais. Ainda alcancei alguns, muitos mesmo, para ser sincero.
Foi duro, doloroso, mas gratificante.
Ainda não sei em que posição fiquei, apenas que pedalei durante 4 horas.

Importante mesmo é que este ano, mesmo com corrente partida, terminei, passei a meta. Isso sim, é importante.

Para o ano há mais.
 
sexta-feira, outubro 16, 2009, posted by # 7 at 22:27

E pronto, mais um ano, mais um record batido.

Ainda me lembro "ferpeitamente" (como diria o ébrio Obélix) da, ou das primeiras árvores de Natal que vi no passado ano. Dia 22 de Outubro. Fiquei algo surpreendido, mas, pensando bem, sem grandes razões para tal. Afinal, vivemos ou não numa sociedade inteiramente vocacionada para o consumismo desmedido?

Bem, certo é que, como já devem ter calculado, este ano as coisas mudaram. Para pior, claro. Estamos a dia 16 de Outubro e, hoje vi as primeiras árvores natalícias à venda. Mas não foram lá colocadas apenas hoje. Eu é que só as vi agora. Aliás, há cerca de 2 a 3 semanas, num folheto publicitário de um estabelecimento comercial bem conhecido, haviam já duas páginas desse mesmo folheto, dedicadas à publicidade de doces e enfeites natalícios. No mês de Setembro.

Não será pois de estranhar que, no ano que há-de vir e se nada de mau me acontecer, eu aqui esteja, em pleno mês de Agosto (ainda de férias, quiçá), a relatar sobre as promoções natalícias e afins.

Começo finalmente a entender os que não retiram os célebres pais natal de suas janelas, os que mantêm as iluminações instaladas todo o ano. Não são preguiçosos meus senhores, são visionários.

Só tenho pena do Pai Natal, pobre senhor. Até a ele a crise afecta. A flexibilidade do horário é tramada.
 
, posted by # 7 at 22:09

É engraçado o funcionamento da nossa mente. Consegue-nos levar a fazer coisas que todos pensam ser impossível, ou a falhar em algo que há partida é do mais simples que existe.

Um belo exemplo disso ocorre neste preciso momento.
Estamos em Outubro. Por norma, nesta altura é suposto estar frio, as roupas de Inverno começam a sair das gavetas, o vento e a chuva marcam presença.

Certo é que, de há muitos dias a esta parte, as temperaturas rondam os 30ºC e por vezes até mais.

Ora vejamos, se estivéssemos em Agosto, o normal seria praia, calções, camisolas de alças, chinelos.......
Mas não. Apesar do calor tórrido que se faz sentir, algo na programou as tristes mentes de muitas pessoas e, não esporádicamente, não raramente, deparo-me com indivíduos que trajam golas altas, cachecóis, botas de Inverno, sweat-shirts, isto com 30ºC.
Meus amigos, algo está errado nessas cabecinhas.

Depois vêm para aí falar em gripes e constipações, alergias e afins.
Abram os olhos. Estão temperaturas propícias a ir para a praia, para a piscina, raios, para qualquer local onde possam usufruir do Sol.

Esse amontoado de tecidos que vos cobre, muitas vezes por se tratar de "moda" apenas, só serve para que transpirem, para que nos obriguem a travar conhecimento com os vossos mais pútridos odores, para que fiquem doentes mais rapidamente.

É estupidamente abismal ver pessoas com gorros na cabeça com as presentes condições atmosféricas em que vivemos. Abismal e ridículo.

A vaidade humana não conhece limites.

Podemos sofrer, mas o importante é parecer bem.
Simplesmente.......estúpido.
 
sábado, outubro 10, 2009, posted by # 7 at 23:34
Isto vai um pouco contra a minha forma de escrever, de me expor, de me dar a conhecer.

Não costumo falar de futebol ou de trabalho, mas, meus amigos, 3 jogos, 2 golos, ao serviço da Selecção Nacional.

Críticos de ontem, onde se enfiam nos dias que correm?
Ah, já sei. À espera do primeiro deslize. Falar por antecipação é perigoso.
 
segunda-feira, outubro 05, 2009, posted by # 7 at 21:52
Hoje subi à montanha. Sozinho.

Subi, corri, andei. Parei e observei, sorri e continuei.
O vento soprava forte. Ora me empurrava para trás, ora me forçava a andar para diante, para o meu objectivo, o topo.

Pedra atrás de pedra, fui saltando e correndo.

Lá em baixo, na aldeia, os cães ladravam. Furiosamente, intensamente.
O vento, o latido dos cães, os guizos das cabras que pastavam lá longe. Eram os sons que eu ouvia.

Cheguei ao topo. Cansado e transpirado, mas feliz.
Olhei para baixo e senti-me um deus. Acima de tudo, de todos. Indiferente a tudo. Tranquilo, sereno.

Fechei os olhos e sorri.

Ao longe, numa aldeia vizinha, os sinos de uma igreja ecoavam.
A paz infiltrou-se em mim, na minha alma, em todo o meu ser.

As minhas pernas sangravam devido aos ramos secos que quebrei na minha corrida. Mas nem a dor ou o ardor me retiraram a serenidade. Aliás, apenas me fizeram sentir vivo.

Cada som, cada paisagem, cada pensamento me transmitiam calma.
As nuvens bailavam ao sabor do vento.

Quem me dera aqui poder ficar. Longe dos problemas, de preconceitos, de julgamentos. Quem me dera aqui permanecer, a sentir os raios de Sol, quando está calor, o vento gelado, quando o dia chega ao fim, a força da Mãe Natureza.

Aqui estou tão só e no entanto sou tão completo.

Hoje subi à montanha.......e fui feliz.

04-10-2009
 
quinta-feira, outubro 01, 2009, posted by # 7 at 22:07

3ª Feira passada fiquei em casa, para ir com o pequeno Gabriel a um laboratório fazer uma ecografia.
Como a dita estava marcada para a parte da tarde, decidi-me a aproveitar a manhã para ter o meu primeiro dia de aulas oficial na faculdade.

Muitos nervos, muita hesitação, algum receio e expectativa em relação ao que iria encontrar, mas tudo isto não passaram de factores que simplesmente tive que ultrapassar.
Levantei-me cedo, nervoso, tomei o pequeno almoço, nervoso, fiquei ainda mais nervoso, e fui, fui em frente, devagar, mas fui.

A caminho só pensava em encontrar alternativas que me livrassem da obrigação imposta por mim mesmo a ter que ir à minha primeira aula. Pensei, pensei, pensei. Tanto pensei que, quando dei por mim, já lá estava, às portas dos edifícios onde passarei algum tempo.

Entrei e dirigi-me à sala. Apenas duas pessoas esperavam, como eu, a professora.
Até que, vindos sei lá de onde, surgiram os restantes elementos da turma. Nitidamente oriundos do 12º ano de escolaridade. Médias de idae de 17 anos. Miúdos, "putos" como lhes chamam. Senti-me velho, deslocado, mas depois olhei para as duas pessoas qe lá estavam antes de mim, ambas mais velhas que eu. Pensei: "Se eles cá estão, também eu ficarei."

Chegou a professora. Abriu a porta e entrámos.
A minha primeira ideia dela, a imagem dela, a expressão, foi que era uma senhora simpática, possivelmente algo tímida.

Errado. Completamente.

Quando começou a falar, fiquei maravilhado.

Espero que, se algum dia um colega de turma tiver acesso a este meu canto e ler esta postagem, não fique aborrecido comigo, mas apenas exponho o que sinto, o que penso.
Ouvi vários comentários, em burburinho. "Esta mulher nunca mais se cala.", "Começa a falar e nunca mais pára.".
Não sei, talvez devido ao local onde trabalho, das conversas aí serem extremamente básicas, mesquinhas e insultuosas. Não sei, mas fiquei vidrado na cultura desta minha nova docente.

Os exemplos que dava, indo buscar referências históricas que nem me passam pela cabeça, o respeito ao respeito, â maneira de lidar com as pessoas, à pontualidade. Tudo isso cativou a minha atenção e me fez começar a ponderar sobre algo. Será que a idade correcta para se tirar um curso superior é quando se termina o secundário? Não sei se é ou não, mas, por mim, pessoalmente, sinto-me muito mais motivado agora do que há 10 anos atrás.

Veremos no que vai dar. Veremos se é só agradável no início. Veremos.
 
Emanuel Simoes

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