quinta-feira, outubro 29, 2009, posted by # 7 at 17:40

Lembro-me tão bem de olhar para ti e ver as lágrimas que corriam pela tua face, enquanto olhavas para o pequeno e frágil ser, enclausurado naquele seu feio mundo, na sua "gaiola vital" que, apesar de causar desconforto que causava ao olhar, era e foi o que o manteve nas nossas vidas.

Lembro-me também das lágrimas que queriam sair de dentro de mim, que forçavam o seu caminho, mas que contive. Mantive-as escondidas para parecer forte, seguro de mim, para parecer algo que não sou.

Observei enquanto o tempo passava, olhei-te quando não o percebias e desejei extrair todo o teu sentimento de angústia e colocá-lo dentro de mim. Desejei sofrer eu por ti, para que não tivesse que ver a dor em que te encontravas.

Olhei para o pequeno ser, que tão valentemente lutava por um lugar entre nós, que tão inocentemente me ensinava que nada é impossível, desde que tenhamos força.
Recolhi-me ao nosso lar, sozinho, enquanto tu ficavas junto dele. Rebentei em lágrimas, fúria, desespero, raiva. Afinal sou apenas um fingido, uma farsa. Não sou forte, como quis fazer transparecer. Sou apenas mais um.

Não fui capaz de afastar o sofrimento que nos assolou durante aquele período.
Felizmente, a redoma desapareceu e o pequeno respirou por si mesmo. As forças foram chegando, a vida ocupou o lugar do sofrimento.

Felizmente regressámos a casa, ao lar, doce lar.

Mas ainda hoje, depois de tudo, continuo a olhar para o pequeno guerreiro e a temer. A temer pelo seu futuro, pelo seu destino.

O que te reservará o futuro, pequeno ser? Será que nos irás surpreender com a tua garra, com a tua força de vida? Será que provarás que és mais forte do que seria de esperar? Acredito que sim, que serás superior a tudo isto, mas.......tenho tanto medo ainda.
 
Emanuel Simoes

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