segunda-feira, fevereiro 20, 2012, posted by # 7 at 22:20

E pronto. Mais uma aventura, mais um objetivo cumprido.
E, para não variar, custou. Mas se não custasse, não teria o mesmo sabor.

No espaço de 2 meses e meio fiz 2 maratonas, o que, há bem pouco tempo atrás, nem sequer era imaginável.
Mas a verdade é que já são duas as maratonas concretizadas.

Fomos 5, os aventureiros que se disponibilizaram para tamanho objetivo. 3 de nós tinham o cumprimento da totalidade do percurso em mente, enquanto que os 2 restantes elementos apenas iam para correr o quanto pudessem, e quando não aguentassem mais, desistiriam.
A verdade é que, dos 5 do grupo que foram, 5 terminaram a distância dos 42,2 km. Uma enorme vitória, independentemente do tempo demorado para alcançar a meta.
Sei agora que tenho um grupo de amigos desportivos capazes de superar qualquer obstáculo que se atravesse no nosso caminho, e espero conseguir ser uma inspiração para eles, para que se possam superar a si mesmos, na tentativa de alcançar mais e mais objetivos.

Quanto à prova em causa, tudo começou no Sábado, logo pela manhã. Arranque às 5h da manhã. Muito frio e muito sono.


A viagem foi tranquila. O pessoal foi falando, rindo, enfim, passou-se bem o tempo.
No entanto, ao entrarmos em terras algarvias, as nuvens começaram a povoar o céu e o dia que, ainda agora havia começado a mostrar a sua luz, começava a ficar escuro. Não tardou muito para que a chuva se fizesse sentir e de uma forma intensa mesmo. Começámos logo a fazer contas e a pensar na eventualidade de termos que fazer uma maratona molhada. Nada que nos impedisse, como é óbvio.

Chegando a Sevilha, foi tempo de procurar a residencial onde estava marcada a nossa estadia de uma noite. 


Numa cidade onde, a cada 3 edifícios, se encontra uma residencial ou um hotel, calhou-nos o Jackpot. Pension La Gloria.
Deixem que vos diga que, de glorioso nada tinha.

A primeira coisa que me saltou à vista, foi uma placa a dizer "Se traspassa". Ora, imaginei desde logo que o atendimento num local que está para fechar não seria nada menos que glorioso, fazendo juz ao nome do estabelecimento.
 Depois foi entrar e constatar os nossos receios. As escadas eram sinuosas e os degraus, tudo menos simétricos. As divisões eram minúsculas e eu comecei logo a pensar que nos iriam colocar num quarto com uma cama para 5.
Como não estávamos cansados nem nada, calhou-nos o último andar, sem direito a elevador, claro está.
Descobri que a minha falta de visão é maior do que imaginava. É que, no folheto informativo sobre as condições do excelente estabelecimento em que pernoitámos, falava sobre televisão e Wi-fii gratuitos. Ora, televisão, vim de lá embora e, nem na recepção eu vislumbrei tal aparelho. E quanto à net, sim, haver havia, mas tínhamos que sair do quarto, descer 2 ou 3 andares e aí sim, obtínhamos algum sinal.
Mas pronto, vamos lá a ver. Nem tudo era mau. Tínhamos um terraço com direito a esplanada.......
.......uma bela vista.......
.......e até direito a belas obras de arte e salas altamente bem decoradas.......


.......e os quartos era do melhor que havia. Há falta de melhor descrição, lembravam-me de.......locais destinados ao consumo de drogas pesadas.








Mas enfim, temos que encarar as coisas e pensar que, nem tudo pode ser uma perfeição. A verdade é que, relativamente à prova, a organização foi excelente. Principalmente quando comparando com a maratona de Lisboa. Infelizmente para mim, que sou português (cada vez menos orgulhoso por isso), as organizações encontram-se a anos luz. É que são tantos os pontos em que os espanhóis são melhores, que se torna complicado de os enumerar individualmente, sem esquecer de algum. Ainda assim, uma superficial abordagem às principais diferenças: Oferta de t-shirt para correr, calções e meias, tudo de marca, tudo de boa qualidade. Oferta de almoço no dia anterior à prova, sendo que em Portugal também houve almoço, mas com um preço de 5 euros, para além do valor já pago na inscrição.
Mais, durante o almoço podíamos beber o que quiséssemos, as vezes que quiséssemos, acompanhantes incluídos.









No dia que chegámos, Sábado antes da prova, aproveitámos para dar um passeio pela cidade. Tenho que admitir que gostei do que vi. O tempo ajudou, pois estava um maravilhoso Sol. Os monumentos que vimos são lindos e a vida que emanava daquelas ruas era contagiante. 
Artistas de rua por todo o lado, bares e ruas cheios de gente, vida por todo o lado.
E verdade seja dita, também tivémos os nossos momentos de diversão naquele maravilhoso hostel.






Agora passando para o dia da prova, mas fazendo apenas uma pequena referência à noite passada naquela pensão. As camas eram dignas de.......esquece. Não eram dignas de nada. Eram uma tristeza. Depois, ainda houve um rapazito (Gabriel Pinheiro) que se quis armar em engraçado e andar a pregar partidas a quem dormia. Teve azar, pois o meu sono é leve e apanhei-o sempre que tentava entrar no quarto. Mas pronto, temos que dar desconto à juventude.

A verdade verdadinha é que fiquei altamente surpreendido por todos nós termos concluído a prova. Sério que sim. Podem achar piroso, mas fico orgulhoso com tal acontecimento.

Não posso dizer que tenha dormido grande coisa durante a noite. Não só devido às piadas do Gabi, mas também devido a algum nervosismo. Apesar de todo o treino a que me sujeito, a verdade é que ainda tenho dúvidas recorrentes, em relação às minhas prestações.
Mas pronto, eu sei que são "nóias" minhas e que, no final, as coisas até tendem a correr bem.

Dia da prova. Amanhecer bem cedo, cremes, ligaduras, equipamentos, respirar fundo e lá fomos. Uma ou duas fotos antes de abandonarmos o nosso luxuoso albergue e lá fomos em direção à meta.
A manhã estava fria e silenciosa, tal como a minha disposição.

 Tomado o pequeno almoço, foi tempo de arrumar o material, dirigirmo-nos à carrinha para rumarmos ao estádio olímpico, de onde foi dado o tiro de partida.
Obviamente que os nervos estavam à flor da pele, mas cada um de nós fez com que tal situação se notasse o menos possível.
A realidade era uma e inquestionável: a hora havia chegado. Agora não poderia haver espaço para dúvidas ou hesitações. O sofrimento estava prestes a começar, mas a recompensa de terminar sobrepunha-se a toda e qualquer dor.
Os Loucos & Furiosos estavam prontos.



Aqui, mais uma vez, ficou comprovado que a organização deste evento não foi nada menos que excelente. Entrega de roupas, indicações, WCs, animação, local de aquecimento. Tudo excelentemente excelente. Nada a ver com a prova disputada em Lisboa. 
Até na hora da partida, apesar da confusão inicial e dos empurrões, o clima foi brutal. Todos a gritarem, toda a gente a incentivar, enfim, maravilhoso.



Ao início, pensei em fazer a prova ao lado do meu amigo Zorro e terminá-la juntamente com ele. Mesmo que isso implicasse fazer os 42 km a um ritmo mais baixo do que usualmente faço. Infelizmente, pouco depois da passagem dos 10 km, o Leonel começou a sentir a famosa dor de burro e disse-me para que seguisse sem ele.
A partir daí aumentei a cadência da minha corrida e recuperei muitos lugares. Mas certamente já não daria para melhorar o meu tempo, em relação ao que fiz em Lisboa.
Mas não foi grave. Consegui ainda assim uma boa posição.

Visto que corri com algumas dores nas pernas e que ainda estava com alguns receios derivados de uma canelite que tive há pouco tempo, levei 2 aspirinas que tive mesmo que tomar no decorrer da prova. Mas com mais ou menos dor, lá se foi fazendo o percurso.

Terminei com 03:01 mas, como já referi, o importante mesmo foi que todos os Loucos & Furiosos terminaram e todos antes do limite das 5 horas.

 
Terminada a prova, mais elogios à organização. Pessoas à espera dos atletas, com toalhas turcas, bebidas, sólidos, massagens, banhos de água quente, enfim, tudo o necessário a um início de recuperação em condições.


Terminado isto, tempo de almoçar, almoço esse oferecido pela organização. Tudo muito rápido, apesar das longas filas. O tempo de espera foi mínimo e a animação, tal como no almoço do dia anterior, foi constante.

Falando em animação, uma palavra também para todos os que incentivaram os atletas no decorrer da prova. Não só o público que assistia e se fazia ouvir, mas também pessoas da organização que não se cansavam de puxar por nós. E só quem lá está sabe o quão importante podem ser umas palavras de incentivo.


Voltando ao almoço, tal como referi anteriormente, a animação foi boa e a comida também. Isto é, tirando aquela estranha sopa fria que até arrepiava.





Depois de tudo isto foi tempo de regressar a casa. E, mais importante que regressar, foi regressar com a sensação de dever cumprido. Nenhum de nós ficou pelo caminho, nenhum de nós desistiu, nenhum de nós ficou mal visto.
Acreditem ou não, isto deixa-me cheio de orgulho. Orgulho pessoal, pois há uns anos atrás até gozavam comigo por eu não correr nada e agora esses que gozavam não têm pernas para me acompanhar, e orgulho do grupo, pois encontrei pessoas capazes de se dedicarem a algo tão grandioso como é o atletismo e todo o sofrimento inerente a esta modalidade.

Foi uma experiência única, mas não uma meta final. Espero que hajam muitas mais maratonas para cumprir e que as faça na companhia dos meus amigos, dos LOUCOS & FURIOSOS.



Emanuel Simões – 429º, 142º escalão: 03:01:35
Leonel Viegas – 1123º, 317º escalão: 03:21:53
Josemar Gomes – 2026º, 399º escalão: 03:39:33
Gabriel Pinheiro – 4147º, 744º escalão: 04:40:09
Eduardo Tonon – 4148º, 745º escalão: 04:40:08



 
domingo, fevereiro 12, 2012, posted by # 7 at 15:09






O Facebook. Bem, o Facebook é, sem dúvida alguma uma das mais, se não a mais importante das redes sociais existentes na atualidade.
E eu nada tenho contra, até porque, também eu sou utilizador frequente desta rede.
Tenho mesmo vários argumentos a favor da utilização de tais ferramentas, tais como o facto de podermos estar em contacto permanente com os nossos amigos, de podermos partilhar informação e fotografias com pessoas que estão longe, enfim, creio que são realmente muitas as vantagens destas plataformas digitais de informação e relacionamentos.

Óbvio que muitos são os contras, os quais não irei estar aqui a enunciar, até porque não foi por isso que comecei a escrever este post.
A verdadeira razão de estar aqui sentado em frente ao pc, neste frio Domingo de Fevereiro, prende-se com as publicações, cada vez mais frequentes, que determinadas pessoas colocam no Facebook. E que tristes e ridículas publicações, tais como as que coloquei acima, a título de exemplo. Aquelas 2 imagens foram colocadas pela mesma pessoa, num espaço de minutos. Duas imagens com um texto em tudo contraditório, colocadas à disposição do público, num espaço extremamente reduzido de tempo.
O pior é que, este exemplo, é apenas isso mesmo. Apenas um exemplo no meio de tantas e tantas publicações do género.
As pessoas publicam mais e cada vez mais estas tretas, estas lamechices, que certamente não o seriam, se as pessoas realmente sentissem aquilo que ali publicam. Mas a verdade é que tudo isto são apenas manobras para que os outros tenham uma ideia errada de quem essas pessoas realmente são.

Eu, por mim, penso ter a ideia certa: são uns tótós que não conseguem ter uma vida para além do pc e que, quando estão reunidos com outras pessoas, contam histórias completamente fantasiosas sobre as suas vidas e em como estas são fabulosas e cheias de interesse. No fim do dia, sentam-se tristemente sós em frente ao ecrã e continuam a publicar estas merdas que me enchem de repugnância e revolta.
Atrevam-se a tentar ser quem dizem ser, seus cromos. Tirem-me estas mensagens de merda do meu ecrã, pois quando as publicam, também eu tenho que levar com a vossa lamechice.

AHHH!!!!!!! Que cambada de cromos.
 
, posted by # 7 at 14:31

Depois do Duatlo do Jamor, em que participei com uma canelite, essa mesma lesão foi-se agravando, até que a dor chegou mesmo a tornar-se insuportável, impedindo-me mesmo de correr por um período de 8 dias.
Treinei ciclismo durante esse período, mas mesmo a pedalar, quando arrefecia, as dores eram intensas.
Estando inscrito na Maratona de Sevilha e faltando, na altura, apenas 2 semanas para a prova, posso afirmar que que fiquei extremamente preocupado com o facto da minha lesão estar a piorar, ao invés de estar a melhorar.
Quanto mais tentava que a dor desaparecesse, mais esta se fazia sentir. Se fosse correr, tanto o treino como o pós-treino me traziam mais e mais dores. Inclusive, apareceu-me um caroço na canela, justamente no centro de todas as dores que tinha e tenho.
Tudo me dizia para parar, para dar descanso. Tudo, menos o tempo que faltava para a maratona. Eu sabia que, se parasse, talvez a dor desaparecesse, mas, por outro lado, o meu treino iria por água abaixo. 
Como sou teimoso que nem uma mula, apesar de, após 8 dias sem correr, as dores serem ainda intensas, comecei de novo a treinar.

As dores fizeram-se sentir e, neste momento, ainda as sinto.
Mas uma coisa é certa, com dores ou sem elas, a Maratona de Sevilha é para, no mínimo, se começar.
Se a termino ou não, isso depois se verá.

Como disse Lance Armstrong um dia: "Pain is temporary. Quitting lasts forever."
 
, posted by # 7 at 14:22





E já lá vão 5. 5 participações no Duatlo do Jamor, sempre em evolução, sempre a gostar e usufruir mais e mais desta modalidade desportiva.
Se no primeiro ano, em 2008, fui eu o "puxado" para uma modalidade sobre a qual conhecia nada ou quase nada, este ano foi a minha vez de levar alguém que nunca antes havia participado neste tipo de modalidade. E, como seria de esperar, no final ficou a vontade de repetir.

Este ano as coisas voltaram a correr-me bem, apesar de ter corrido com uma canelite, ainda que numa fase inicial.
Fiz uns tempos razoáveis, dentro do esperado e, pela primeira vez, fiquei nos 100 primeiros. 99º, para ser mais específico.

Mas tempos e posições à parte, a verdade é que, de ano para ano, esta prova continua a deixar uma imensa vontade de lá voltar. O percurso é excelente, intenso e podemos demonstrar os resultados dos treinos feitos.
Apesar de tudo, este ano não treinei convenientemente no que diz respeito à parte do btt. Mas ainda assim, foi bom, muito bom.

Mais uma vez, fico ansiosamente à espera da prova  do próximo ano.
 
domingo, fevereiro 05, 2012, posted by # 7 at 21:59





Todas as manhãs, ao acordar, ela mantinha-se deitada, de olhos abertos, durante dois ou três minutos.
Passado esse tempo, suspirava e levantava-se. Arrastando os pés, dirigia-se à casa de banho, cabisbaixa.
Olhava para o espelho, primeiro fixando-se no seu próprio olhar, para depois percorrer com os olhos os contornos do seu corpo. "Odeio-te", dizia para si mesma. "És uma baleia, uma gorda", e enquanto se lamentava pelo corpo que tinha, ia tocando na sua flácida barriga, nos seus flácidos braços, olhando para as suas rechonchudas pernas.
Lavava-se, perfumava-se, vestia-se e ligava o seu computador pessoal. Na sua rede social de eleição postava várias vezes o mesmo: "Hoje é almoço no Mac, porque eu mereço.", "Logo, encontro no Pizza Hut, para celebrar a vida", "Lanche hoje é na minha casa. Bolos e bolinhos para todos.".
Depois saía. Fazia o que tinha a fazer, sempre com as horas das refeições em mente e, chegada a hora mágica, empanturrava-se em açúcar e gordura. Apenas para mais tarde lamentar ser quem era.
Naquele cérebro, aparentemente, nunca passou a ideia de que para mudar é preciso agir. O grande e amarelo M foi sempre mais forte, mais saboroso.
Um dia, a ironia fez-se sentir. Ao passar a estrada, enquanto trincava alegremente mais um hambúrguer do dia, o tamanho do alimento era de tal ordem que não a deixava ver bem para onde ia. Foi mortalmente atropelada, tendo o seu corpo ficado repleto de uma osmose de sangue, carne de vaca (supostamente) e molhos diversos que acompanhavam o seu gordurento repasto. 
O veículo que a atropelou ficou totalmente destruído na parte frontal e o rapaz que o conduzia era funcionário da sua preferida cadeia de fast-food. Ironia levada ao expoente.
O jovem saiu do carro, olhou para ela, depois olhou para a sua viatura e disse: "Foda-se, a gorda fodeu-me o carro todo.".

Pela manhã, ele seguia aquele seu estranho ritual. Colocava-se em frente ao espelho e fazia aqueles movimentos recorrentes dos praticantes de halterofilismo. Tentava que os seus bíceps se evidenciassem, que os seus peitos sobressaíssem. Vestia daquelas camisolas de alças típicas de quem frequenta ginásios de musculação. Fazia cara de mau e sorria. No entanto, pesava 58 kg e era apelidado de "esparguete".
Nesta manhã em particular, estava mais mal disposto que o habitual. No dia anterior, pouco depois de sair do seu emprego, atropelou mortalmente uma jovem de grandes porporções que lhe danificou severamente o carro, deixando-o a pé.
"Estúpida da gorda. Além de se meter à minha frente e me ter lixado o carro, ainda bateu a bota. Agora é tribunal para aqui, bófia para ali...".
O seu quarto estava repleto de posters de indivíduos musculados, praticantes de artes marciais e outros tipos de luta. Na rua, dizia a todos ter um problema hormonal que não o deixava ficar em forma, mas que frequentava assiduamente o ginásio, onde era dos que levantava mais peso e onde frequentava igualmente três tipos de aulas de lutas.
Era arrogante e, apesar de ser uma fraca figura, estava sempre a tentar criar conflitos com quem quer que fosse, refugiado no facto de ter amigos que lutavam as suas lutas por ele.
Um dia, espancou um velhote, por este ter olhado para ele, olhos nos olhos, enquanto caminhava na rua. Foi a única vez que espancou alguém com as suas próprias mãos. Um velhote.
As poucas mulheres que conseguia atrair (mais pelo medo do que por outra coisa) eram mal tratadas e humilhadas por ele.
Continuou sempre a dizer que era forte, grande atleta, quando na verdade, tudo o que fazia era criar conflitos para os outros resolverem e gabar-se de ser o melhor no ginásio, quando nem sequer frequentava um.
Um dia, enquanto andava na rua e mandava piropos estúpidos e arrogantes a duas meninas que vinham da escola, um camião de artigos desportivos despistou-se e ele foi esmagado por mais de uma centena de barras de musculação. Aparentemente, um pouco mais de peso do que poderia aguentar.


A língua é um músculo poderoso. Faz de nós quem somos, quem não somos e quem gostaríamos de ser. Mas se não passarmos das palavras à acção, acabaremos esmagados pelos sonhos que não nos atrevemos a tentar alcançar.
 
sábado, fevereiro 04, 2012, posted by # 7 at 22:58





Ultimamente tenho pensado muito no fim.Muito mesmo, mais que o normal.
Dou por mim a olhar para mim mesmo e a pensar sobre qual será o dia em que deixarei de cá estar. Até quando terei o privilégio de estar entre os que gosto.

Se houve um tempo em que parecia que o mundo iria ser meu e que eu viveria para sempre, esse tempo já lá vai.
Agora penso mais e mais no meu fim e no quão pouco falta para que tal suceda.

Já não estou novo, como é óbvio, e, apesar de me dizerem que ainda é muito cedo para pensar no fim, a verdade é que cada vez mais visualizo mentalmente o mundo sem a minha existência.

E fico sem perceber, se essa percepção da realidade me dói mais a mim ou a outros, nomeadamente aos que realmente sentiriam a minha falta.
Não escrevo isto para que sintam pena de mim ou para que me dirijam palavras de conforto.
Apenas sinto o que sinto, sem o saber explicar. E por isso aqui deixo estas palavras.

Sinto que o fim está próximo, ao virar da esquina. E que nada há a fazer, pois a força do destino é deveras superior à força de vontade.

A carcaça que sustém o meu ser está cada vez mais putrefacta e os traços do tempo não perdoam, fazem-se sentir e clamam pela sua recompensa.

Digam o que disserem, que sou novo demais para pensar nisso ou tretas do género, a verdade é irrefutável: estou cada vez mais perto do fim e, sinceramente, assusta-me aperceber-me de que esse fim está ali, mesmo ao alcance de um braço.
 
Emanuel Simoes

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