Ultimamente tenho pensado muito no fim.Muito mesmo, mais que o normal.
Dou por mim a olhar para mim mesmo e a pensar sobre qual será o dia em que deixarei de cá estar. Até quando terei o privilégio de estar entre os que gosto.
Se houve um tempo em que parecia que o mundo iria ser meu e que eu viveria para sempre, esse tempo já lá vai.
Agora penso mais e mais no meu fim e no quão pouco falta para que tal suceda.
Já não estou novo, como é óbvio, e, apesar de me dizerem que ainda é muito cedo para pensar no fim, a verdade é que cada vez mais visualizo mentalmente o mundo sem a minha existência.
E fico sem perceber, se essa percepção da realidade me dói mais a mim ou a outros, nomeadamente aos que realmente sentiriam a minha falta.
Não escrevo isto para que sintam pena de mim ou para que me dirijam palavras de conforto.
Apenas sinto o que sinto, sem o saber explicar. E por isso aqui deixo estas palavras.
Sinto que o fim está próximo, ao virar da esquina. E que nada há a fazer, pois a força do destino é deveras superior à força de vontade.
A carcaça que sustém o meu ser está cada vez mais putrefacta e os traços do tempo não perdoam, fazem-se sentir e clamam pela sua recompensa.
Digam o que disserem, que sou novo demais para pensar nisso ou tretas do género, a verdade é irrefutável: estou cada vez mais perto do fim e, sinceramente, assusta-me aperceber-me de que esse fim está ali, mesmo ao alcance de um braço.