domingo, janeiro 08, 2012, posted by # 7 at 23:35



Desistir sempre foi algo que me fez confusão. Não relativamente a tudo o que me surge no caminho, claro, mas sim em relação às coisas a que me proponho.

Ou seja, se me surge um desafio, relativo a algo que não me interessa, não me motiva, não me traz a sensação de dever cumprido, nem sequer equaciono a concretização desse mesmo desafio. É uma desistência que não me custa admitir. Agora, quando o tema em questão se reflete em algo que foi previamente concebido por mim como uma meta a atingir, aí sim, a desistência penetra-me a alma e sinto o tormento do afastamento com todos os nervos da minha carcaça.

E até há bem pouco tempo, pensei que essa dor fosse a mais poderosa e intensa que se poderia sentir.
Até ao dia em que resolvi desistir de vez do que me tem vindo a atormentar a vida, desde há alguns anos para cá: a escola.

Tomei a decisão, baseada em particularidades que aqui não mencionarei, e pensei que essa frustração fosse a pior coisa que tinha sentido até então.

Mas não, essa não é a pior dor.

A pior dor, aquela que nos atinge bem nas profundezas do nosso ser, é quando desistimos de algo e alguém nos diz que estamos errados, que temos valor, que deveríamos prosseguir com o nosso caminho, por mais penoso que este possa ser.

Mas não uma pessoa ou pessoas quaisquer, pois normalmente as pessoas dão-nos palmadinhas nas costas, mas sem realmente sentir o que quer que seja por nós. Falo de pessoas que são influentes na nossa vida, pessoas que lidam com o nosso trabalho e sabem atribuir ao mesmo, o valor real do nosso esforço. Pessoas que, no meu caso, tenho em alta consideração e que, no meu momento de despedida, me tentam fazer demover da minha decisão, mas sem pressões ou julgamentos.

Essa sim, é a dor mais intensa que se pode sentir. Desvalorizar o nosso próprio trabalho, quando pessoas bem mais competentes e experientes nos dizem que estamos a seguir um caminho errado.

Mas o pior é que já tomei esse caminho. Já o estou a percorrer e ouvi dizer que não é possível voltar atrás. 
 
Emanuel Simoes

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