quinta-feira, dezembro 24, 2009, posted by # 7 at 15:52

E eis que chegou, mais uma vez, a véspera de Natal. Aquela altura das nossas vidas em que os sentimentos mais se fazem sentir. O amor, o sentido de família, a compaixão, a solidariedade, o consumismo, ups, o consumismo? Ah, é verdade. Já me estava a esquecer que nos preocupamos mais com as prendas que oferecemos e que nos vão oferecer do que propriamente com o espírito natalício. Mau, sou mau mesmo. Onde já se viu dar prioridade aos sentimentos sobre os bens materiais? Devo estar louco.
As superfícies comerciais, mais uma vez, estão ao rubro, tal qual formigueiro em vésperas de Inverno. 

Todos andam com aquela expressão de felicidade nas faces, como se fosse realmente o que sentem, quando, afinal, apenas se sentem pressionados e stressados por terem que andar a fazer compras à última da hora.

Se dou e recebo prendas? Sim, claro. Mas ofereço a quem realmente acho que importa e não espero nada em troca. Aliás, este ano está a revelar-se o que menos espero de quem quer que seja. Não me interessa que me dêm prendas. Interessa-me que me completem, que façam de mim melhor pessoa, todos os dias. Este ano, as prendas são para os meus filhos. Para o ano, também e assim sucessivamente.

Infelizmente, perdi a alegria do Natal. A falsidade é demasiado intensa, o fingimento impera a cada esquina. Cansei-me. Sinto-me triste nesta altura do ano.
Mas, como para cada infelizmente, há um felizmente, o que me vai trazer um grande sorriso à cara será a expressão dos pequenos ao desembrulharem os seus presentes. Isso sim, é alegria pura, sem manipulação. Isso sim, é ser-se fiel a si mesmo.

Começo a pensar se não será viável dar mais relevância ao dia da criança do que ao Natal. 
 
quarta-feira, dezembro 23, 2009, posted by # 7 at 01:09
E pronto, lá se foi a aventura da Serra da Estrela. Mas não uma boa aventura, devo dizer. Ou melhor, agora, que estou seco e quente, em minha casa, até me sinto tentado em dizer que foi uma aventura cheia de peripécias, que, no fim se revelou gratificante. Mas na altura em que lá estava, a congelar, sozinho no meio de uma tempestade súbita, não achei piada alguma.

Mas comecemos do princípio, tal como tudo na vida.

Arrancámos ontem, eu e dois amigos, para pernoitarmos na casa do norte, de modo a não termos que percorrer tantos Km no dia de subir. Chegámos, não tínhamos luz graças à minha falta de vista ao não me aperceber que um interruptor do quadro geral estava desligado, comemos, vimos um pouco de tv e fomos para a caminha.

Na manhã de hoje, tudo tranquilo. Acordar, arrumar as coisas, tomar o pequeno-almoço em Oliveira de Frades e vamos ao caminho que se faz tarde. 

Durante o trajecto apanhámos de tudo: frio, chuva, Sol, calor, nevoeiro, enfim, o pacote de canais completo.

Chegámos a Seia, encontrámo-nos com os restantes elementos que subiram, equipámo-nos e partimos.

Devo dizer que, sempre que me falaram da subida à Serra, me disseram que eram apenas 30 km de subida mas que eram os 30 km mais duros que se podia imaginar. Essas afirmações, para ser sincero, deixaram-me algo receoso pois, embora treine bastante, não gosto de penar como um animal, como é óbvio. Mas não, não são 30 km assim tão duros. É uma grande subida, é certo, mas nada do outro mundo. Qualquer pessoa com o mínimo treino a consegue fazer, mais rápido ou mais devagar, claro.

Ainda assim, lá fomos. A menos de meio já ninguém sentia os pés. Na primeira paragem, no Sabugueiro, a chuva começou a cair intensamente e o frio fez-se sentir ainda mais.
Voltámos a arrancar. Pouco tempo passou e já haviam elementos que falavam em desistir. O grupo começou a separar-se e, quando dei por mim, estava só, ainda que conseguisse ver dois à minha frente. Acelerei e consegui apanhá-los. Foi aí que a minha bike deu de si. A roda de trás começou a dançar e era extremamente difícil manter a bike de pé. Ainda para mais, levantou-se uma tempesdade mais e mais forte.

Tentei continuar, mas o vento empurrava-me para o meio da estrada, Nevoeiro, vento, chuva, frio, muito muito frio. Comecei a recear ficar a pé e resolvi voltar para trás. Por muito que digam que a subida é difícil, nas condições climatéricas que estavam, a descida é muito pior. Como deixei de me esforçar tanto, comecei de imediato a congelar. Por momentos pensei que ficaria ali, sozinho até que alguém desse comigo. Mas insisti. Continuei a descer. Encontrei um amigo que vinha também sozinho e também ele voltou para trás. Quando dei por mim, todos os que estavam atrás de mim tinham desistido.

Desci e desci até que fui ter à Lagoa Comprida. À porta do café estavam muitas bicicletas no chão e, logo atirei a minha para o monte.
Quando entrei estavam lá os restantes que haviam decidido não subir mais. 
A princípio, apenas sentia a dor nos pés e mãos. Segundos depois, comecei a sentir-me mal, deixei de ver bem e não sabia o que estava a dizer. Tiraram-me a roupa e enrolaram-me em mantas. Bebi um chá bem quente e comecei a ficar melhor.
Passado pouco tempo, um outro colega chegou. Estava pior que eu. As suas pupilas começaram a dilatar e tiveram que o levar para o interior da loja, para o aquecer. 
E a seguir, mais dois.

Resumindo, todos os que me chamam maluco, por ir para a serra de bicicleta, com este tempo, têm razão. Toda a razão.

Tenho que dizer que pensei sinceramente que iria ficar ali, no meio da tempestade, gelado até aos ossos. Sim, senti medo, medo a sério. Medo de não ter forças para voltar, de ali ficar e nunca mais ver quem amo. Senti a solidão mais extrema possível e, por breves instantes, senti vontade de largar tudo e sentar-me ali, no meio do nada, até que o cansaço superasse a minha vontade. Exagerado? Talvez, mas, no momento, foi exactamente assim que me senti.

Nem a roupa consegui tirar. Não tinha controlo dos meus movimentos, ão raciocinava bem.
Não repitirei esta façanha. Frio? Ok, tudo bem. Vento? Algum, pode ser. Chuva? Na boa, só molha. A junção dos três? Nunca mais. Minha rica caminha. 
 
Ah, e existem fotos minhas, bem tristes, mas que, ainda assim, as colocarei aqui, para que não digam que não tenho sentido de humor.
 
domingo, dezembro 20, 2009, posted by # 7 at 18:07

E amanhã chega o dia de partir. Arrumar todo o equipamento no carro e seguir, rumo à casita do norte, onde irei pernoitar antes de, na manhã de Terça-Feira, me montar na bicicleta e pedalar Serra de Estrela acima. 

Muita roupa e, acima de tudo, muita vontade. 


Todos com quem me informei me falaram da dureza desta viagem, das dificuldades que irei encontrar. Que iremos, pois não sou apenas eu. Penso que ainda seremos um grupo considerável a subir.

O frio que se faz sentir, a chuva que cai intensamente, tudo factores causadores de dúvidas e incertezas. Uma coisa é certa, vai ser muito duro e desgastante. E pelo que oiço, não só pela subida mas também pela descida. Os reflexos que certamente irão diminuir à medida que a temperatura diminui igualmente, serão altamente necessários para evitar dissabores provenientes de uma eventual queda. 

Gelo na estrada, mão geladas que impedem de pressionar convenientemente os travões, velocidade excessiva na descida, sei lá que mais. Tanta coisa pode correr mal que a ansiedade por lá estar ainda é maior e a vontade de percorrer o trajecto começa a aumentar.

Não sei o que vai acontecer. Se tudo correrá bem, se algo correrá mal. Uma coisa sei, vai ser inesquecível.
Por isso, para quem me lê, o próximo post já será depois de mais uma aventura vivida. 
Corra bem ou corra mal.......até lá.
 
quinta-feira, dezembro 17, 2009, posted by # 7 at 15:34


Finalmente fi-la. A tão esperada tattoo em homenagem ao meu pequeno guerreiro. Por algum tempo pensei que o rapaz já falaria e eu ainda não teria feito a tatuagem. Já estou a imaginar a cena: "Ó pai, porque é que tens o nome da mana e não tens o meu?". Ou então não se passaria nada disto, mas foi uma boa desculpa que dei a mim mesmo para ir para a frente com isto, de uma vez por todas.

Há uns dias fui ao estúdio aqui perto de casa perguntar preços e dar a ideia que tinha, combinei e ontem, dia de tortura. E desta vez, à sexta tatuagem que fiz, posso dizer isso mesmo: TORTURA. Não me recordo de nenhuma outra ter custado tanto a fazer. Inclusive, penso que foi a tatuagem em que mais sangrei. Mal ele passava a agulha, logo bolhas de sangue se formavam no meu braço. Talvez se devesse ao frio que se fez e faz sentir, tendo em conta que o local onde fui tatuado deixa muito a desejar em termos de aquecimento.
Felizmente, em termos de trabalho, o tatuador é picuinhas mesmo. Quis que tudo ficasse direitinho, repetiu várias vezes os traços, o que me fez sentir ainda mais dor, e só quando achou que tudo estava bem, deu por concluído o trabalho.

Entrei no estúdio às 15:00. Até às 16:00 foi a escolha definitiva, o desenhar e o passar para papel químico. Das 16:00 até às 21:00 foi a sessão de tortura. Sim, 5 horas a ser espetado. É que ainda há malucos que pagam para sofrer. E eu sou um deles.
Mas ficou uma maravilha.

Já só falta a meia manga.......acho eu.
 
terça-feira, dezembro 15, 2009, posted by # 7 at 15:17
"Nunca estamos onde estamos e nunca estamos onde deveríamos estar." Esta frase não é minha. E pode causar confusão, fora do contexto correcto. Disse-a uma professora minha, hoje, a respeito das amizades virtuais que todos dizem ter, sendo que algumas pessoas até se gabam de ter centenas de amigos quando, na verdade, é complicado ter um bom amigo que seja.

A frase refere-se ao facto de, quand estamos com outras pessoas, digamos, num café, estarmos constantemente agarrados aos telefones, a enviar mensagens a quem quer que seja. Parece que é impossível manter uma conversa e estar atento à mesma, hoje em dia. Ou seja, estamos ali, mas não estamos ali. E aparentemente, não estamos onde deveríamos estar, que seria junto a quem estamos a contactar por telefone.

Assim, é como se o nosso ser vagueasse num espaço intermédio, sendo que o corpo se encontra em determinado espaço físico, mas a alma, o incorpóreo se encontra distante, difuso numa rede de comunicações que de importante terá muito pouco, quendo relacionada com a atenção que deveríamos dar uns aos outros.

Vivemos agarrados às novas tecnologias, afirmamos ter amigos por todo o lado, ser conhecidos por meio mundo mas, na hora de demonstrar os verdadeitros sentimentos, aqueles que fazem a vida ter significado, encontramo-nos sós. Não queremos saber dos problemas de quem está ao nosso lado, não importa o que este ou aquele pensa, não nos permitimos expressarmo-nos de acordo com o que sentimos. A não ser que seja por sms ou mensagem numa qualquer rede social, claro. Aí somos livres e acarinhados por todos. E igualmente acarinhamos todos.
Obviamente que não sou contra nada disto de que falo, antes pelo contrário. Apenas penso que deveria existir uma maior homogeneidade, um cruzamento entre o real e o virtual que balanceasse ambos, de modo a que nenhum se sobreponha ao outro.

Ou seja, o sentimento está lá, o potencial existe. Só falta saltar do visor para a realidade, da mensagem para o olhar directo.
 
quinta-feira, dezembro 10, 2009, posted by # 7 at 15:00
Parabéns meu pequeno guerreiro. Com tudo isto já se passou um ano desde que brindaste a nossa vida com a tua chegada, com a tua presença.

Passa tão rápido o tempo. Mais parece que foi um fechar de olhos mais prolongado, um olhar para o lado e, quando nos apercebemos, és um homenzinho a soprar a sua primeira velinha (ou alguém soprará por ti, mas a ideia é que conta).

Há um ano foram vividas e sentidas muitas coisas diferentes. Um misto de emoções onde se encontravam a alegria de teres nascido, a incerteza por notar que algo estava errado, a aflição por te ver lutar para viver, a tristeza por te ter que deixar só, naquela caixa transparente e feia, cheia de tubos e luzes. Mas o ano que passou foi apagando tudo isso.

Cresceste (ainda que para engordar esteja difícil), choraste tudo que devias ter chorado quando nasceste e mais ainda (refilão) e tornaste-te num simpático risonho que pede constante atenção e gosta de toda a gente, desde que um colinho esteja envolvido.

Hoje é o teu dia, meu pequeno. E embora o primeiro aniversário seja sempre algo que os bebés não têm noção, hoje todos os que gostam de ti (e são tantos) terão o pensamento no teu bem estar. E a maior força é e sempre será originada do amor dos teus pais.

Já está quase a chegar o dia em que correrás e pedalarás com o teu velho pai, mas para o passares ainda faltam mais uns dias.

Amo-te filho. Mais uma vez PARABÉNS.
 
terça-feira, dezembro 08, 2009, posted by # 7 at 20:38
Hoje a prova foi na Marinha Grande. Eu e mais quatro amigos, dispostos a transpor os obstáculos que nos surgissem no caminho.
40 Km de muita lama, água e até areia solta. Subidas com fartura mas fraco em descidas. Não percebo como se sobe tanto e se desce tão pouco, mas enfim, "aguenta a pressão", como diz o outro.
As poças de água eram mais que muitas e os trilhos não eram maus, tirando as partes em que as marcações eram tão pobres que nos perdíamos.

Mas pronto, lá se participou em outra prova em que uns chegaram mais rápido e outros menos, uns não cairam e outros lá tiveram que saborear a dureza do solo.
O melhor mesmo foi o almoço. Muita comida, boa comida, bom serviço e ainda houve espaço para sorteio e entrega de prémios.

É apostar em marcações melhores para delimitar o percurso e para o ano pode ser que lá vá novamente.

Olha para mim tão limpinho aí em cima.
 
domingo, dezembro 06, 2009, posted by # 7 at 18:12
 
Emanuel Simoes

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