Tantas são as vezes em que vejo pessoas, vozes ou simples palavras a erguerem-se contra os destruidores da natureza. Principalmente falando da Amazónia, da sua eminente destruição e de como o dito "pulmão do planeta" está a ser dizimado.
Mas acho que, pelo menos nós, portugueses, deveríamos olhar um pouco para nós mesmos. A nossa Serra da Arrábida está a ser consumida e ninguém parece se preocupar com esse facto. Ah pois, a cimenteira diz que por cada árvore abatida, plantará outra. Pois é, mas falar é uma coisa, resultados, são outra.
Já me habituei, semana após semana, a passar perto das manobras da pedreira, pedalando na minha bicicleta e observando o imenso buraco que tende em aumentar, no meio da serra. Onde outrora predominavam árvores, temos agora pedra, lama, vazio. Não vejo as árvores plantadas, os efeitos benéficos que a empresa diz implementar. Apenas vislumbro o vazio, a sensação de solidão no meio da natureza, a destruição.
Admiro-me que uma cidade tão prestigiante como Setúbal permita a destruição do seu próprio património, mas, por outro lado, até entendo. Afinal de contas, o dinheiro é quem mais ordena, e se entra dinheiro a troco de umas árvores deitadas ao chão, porque não andar de Mercedes ao invés de outra qualquer marca mais fraca? Sim, mais vale vender o futuro para aproveitar o presente. Quem vem a seguir que se lixe.