sábado, novembro 14, 2009, posted by # 7 at 23:30
Os galhos secos que se partem quando os pressionas com os teus pés descalços denunciam-te. Os gemidos de dor, que emites enquanto tentas fugir, encaminham-me na tua direcção.
Apesar da máscara que cobre a minha face e parte dos meus ouvidos, a tua respiração acelerada é fácil de ouvir, contrastando com o silêncio dos bosques que tentas utilizar como refúgio.

Como é doce o medo que deixas transbordar. Como é engraçado o facto de ainda seres capaz de te agarrar a uma réstia de esperança, à ilusão de que serás capaz de me escapar e encontrar a tua liberdade.

Pena que este momento não dure para todo o sempre. O momento, a hora, o instante em que o caçador se apercebe que, apesar de dar luta, a sua presa será sempre isso mesmo.......a sua presa.

Corre, minha linda, corre como o vento, deixa que as tuas lágrimas deslizem das tuas faces e se misturem com o orvalho que cobre as plantas. Deixa que o sangue que brota dos teus pés dê cor a este sombrio lugar. Corre, meu amor, foge de mim, luta pela tua vida.

É melhor tirar esta máscara que cobre o meu rosto. Não quero perder pitada. Quero ver o horror nos teus olhos, quero ver-te a veres-me. Quero que os nossos olhares se tornem num só, para que, no momento em que a tua alma abandona o teu corpo, seja a minha imagem a ficar para sempre impressa na tua retina.

Tão bom que é este sentimento, esta adrenalina que me eleva aos céus.

Olha para mim, vê quem eu sou. Olha-me nos olhos antes do primeiro golpe, que te fará jorrar vermelho, como uma mórbida fonte que ilumina a escuridão. Apercebe-te de quem sou, à medida que te retiro as entranhas e as coloco diante de ti para que vejas como é o teu interior nauseabundo. OLHA PARA MIM. Sim, sou eu. Aquele a quem fizeste sofrer. Aquele a quem dedicaste todo o desprezo que continhas em ti. Aquele que foi constantemente espezinhado, humilhado.

Tão bom, sentir o aço frio a enterrar-se na tua carne. És doce, suave.

Nos teus olhos vejo tanto em tão pouco tempo. Medo, expectativa, surpresa, suspense, horror, dor e, por fim, vazio. A morte chegou. Não foi difícil, pois não? Eu sou assim, um coração mole. Não consigo fazer sofrer ninguém.

Adeus meu amor, até qualquer dia, no Inferno.
 
1 Comments:


At 18 de novembro de 2009 às 22:36, Anonymous Anónimo

Será sempre, infinitivamente mais fácil expressar estes sonhos, em palavra escrita, que os ter nas mãos, a sério, o quente latejar das entranhas...
bem e o Inferno está completo, para ti resta o Céu...penoso castigo ;)

MMaI

 


Emanuel Simoes

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