quinta-feira, março 31, 2011, posted by # 7 at 21:37


Estiveram temperaturas entre os 28º e os 29º. Um céu maravilhosamente limpo, num dia que me fez lembrar do Verão que aí há-de chegar. Corria uma leve brisa de ar quente que quase me fazia sorrir, à medida que andava na rua. Ainda assim, 90% das pessoas envergavam casacos, camisolas de lã, golas altas e, sim, é verdade, até gorros. 

Meus amigos, 29º não chega para uma t-shirtzita? Eu sei que eu sou de desconfiar, pois ando de t-shirt durante praticamente todo o ano, mas 29º e gola alta? Acho que não condiz.

Mas, e como há sempre um mas, eu tenho que entender. E até sei o porquê destas estranhas indumentárias, face às temperaturas que se fizeram sentir. É que estamos em Março. E em Março faz frio, certo? Logo, como somos tão estupidamente fracos de mentalidade e estamos completamente formatados para seguir o que nos é imposto, se ainda não estamos no mês do calor, vestimos roupas quentes. Por mais altas que estejam as temperaturas. É mais uma daquelas pequenas coisas que me faz sentir integrado com a sociedade: a estupidez intrínseca à maioria da humanidade.

Não parece haver livre arbítrio, apenas regras e modas a seguir. E, se não é por estar no mês que estamos, outros vestem-se excessivamente porque fica bem, porque aquele conjunto é da moda.

As modas vão e vêm, mas, sabem o que fica, para todo o sempre? A tal estupidez, juntamente com uma pitada de idiotice, muito snobismo e tudo coberto com uma enorme dose de "Eu é que sei.". 
 
domingo, março 20, 2011, posted by # 7 at 22:09


Mais uma meia-maratona feita. Mais 21km percorridos.
Cheguei atrasado, quando consegui começar a correr, já a prova tinha iniciado há largos minutos, mas consegui recuperar. E bem.

De todas as provas em que participei, esta foi a primeira em que, do início ao fim, ninguém me ultrapassou. Ninguém mesmo. E no final, ainda houve tempo para um sprint extasiante, em que me "piquei" com outro corredor, sendo que levei a melhor(ou então não estaria aqui a fazer referência a tal facto).

O certo é que, apesar de me ter corrido bem, não cheguei ao final com aquela sensação do costume, aquela satisfação de dever cumprido.

É que, se há alguns anos, conseguir fazer uma meia-maratona era para mim um sonho, algo quase impossível, agora parece que se tornou uma banalidade. Sim, 21km é uma boa distância, requer algum sacrifício, mas chego ao final e não estou a sofrer assim tanto. Não ao ponto de me fazer sorrir.

Acho que preciso de elevar a fasquia. De me entregar a novos desafios, mais intensos, mais desgastantes. E acho que o vou fazer já no próximo fim-de-semana. Mas depois se verá.
Uma coisa é certa, apesar de todo o esforço, as meias-maratonas já não constituem aquele desafio intenso como acontecia há uns anos atrás.

Quem diria que alguém que nunca tinha praticado desporto, estaria a escrever tais palavras? Se ao menos servissem de incentivo para outras pessoas.
 
domingo, março 06, 2011, posted by # 7 at 22:02


Um dia tudo mudará e o que é agora um dado adquirido, se evaporará como que por magia.

Um dia o certo estará errado e o errado será o único caminho a seguir.

Um dia os poderosos de hoje nada mais serão que uns reles seres rastejantes cujo único objectivo na vida se resumirá ao desejo de não serem esmagados por que por eles passa.

Um dia todos os falsos alicerces deste falso mundo ruirão e a verdade nua e crua será finalmente exposta.

Um dia o passado de todos e cada um de nós virá de volta, para prestar contas e constataremos que os falsos moralismos não são suficientes para eliminar a nossa mesquinhice.

Um dia o buraco em que vivemos irá tornar-se ainda mais fundo, pestilento e repugnante.

Um dia todos sofrerão na pele o castigo por passarem uma vida a tentar ser falsos juízes de tudo e de todos, ao invés de viverem a vida na sua plenitude.

Um dia tudo ficará rodeado por chamas, a dor será agonizante e os gritos de sofrimento ensurdecedores.

Um dia, ao olharem para os meus olhos vazios, enquanto vos observo cá de cima, do meu canto espinhoso, vocês pedirão clemência, ajuda, piedade. E nesse dia, eu olharei para vocês, sorrirei ternamente, estenderei a minha mão, e direi: "NÃO".
 
, posted by # 7 at 21:47


Já se passou algum tempo, desde que senti o impacto violento da notícia de que a minha estrelinha teria que ser submetida a uma intervenção cirúrgica, nomeadamente aos ouvidos.

Ainda hoje me sinto mal, pelas vezes em que ralhei com ela, por pensar que me estava a ignorar e não fazia o que eu lhe pedia. Eu falava e ela continuava a fazer o que quer que fosse que estava a fazer, sem sequer responder. E eu, na minha ignorância, pensava que ela simplesmente não estava interessada em me ouvir.

Até que um dia achei que tudo isto era demais, quanto mais não fosse, pela expressão da menina, quando ralhava com ela por ela não fazer o que lhe havia dito. Havia algo de surpresa na face dela, alguma coisa que mostrava que ela não estava a perceber o porquê de estarem a ralhar com ela.

Um dia, quando a estrelinha estava a desenhar, aproximei-me dela, devagar, sem fazer notar a minha presença. Coloquei-me atrás dela, bem juntinho, mas sem que ela percebesse que eu ali estava. Falei, falei e falei e.......nada. A pequena nem notou que eu ali estava. Aliás, quando finalmente se apercebeu de que tinha alguém perto dela, até se assustou.

E foi aí que ficou decidido ir procurar ajuda médica.
Ficámos a saber que a minha estrelinha tinha uma perda de audição algo acentuada e que teria de ser submetida a intervenção cirúrgica. Foi um pontapé no estômago, um impacto violentíssimo.

Digam o que disserem, quem são os pais que aceitam sem receio que a sua filha de 4 aninhos seja operada, com uma anestesia geral? Não é fácil. Aliás, é penoso demais.
Ainda para mais quando, após a cirurgia, a pequena vomitou sangue, repetidamente. Não é algo fácil de se ver, de entender.

Talvez para os médicos, para as pessoas que estão de fora, tudo isto não passe de apenas mais uma rotina da vida. Mas para mim, que sou o pai desta estrelinha que me ilumina diariamente a vida, foi duro. Duro demais. Tive que fazer o papel de durão, mostrar que tudo estava bem e que não estava assim tão preocupado, mas, a verdade é que só eu sei o que guardei para mim naqueles momentos em que me refugiei dentro de mim mesmo.

Felizmente, tudo passou.
A estrelinha está bem e isso sim, é importante.
 
sábado, março 05, 2011, posted by # 7 at 23:17

Mais uma vez me sinto como aquilo que realmente sou: um monstro.

Não porque sou mau ou porque faço mal às criancinhas, ou porque persigo as pessoas. Nada disso.
Sou um monstro porque não me consigo encaixar com nada nem com ninguém. Porque não tenho paciência para as parvoíces existenciais da adolescência nem para o extremismo existencialista dos mais velhos. 

Sou um monstro porque me encontro num caminho isolado, escuro e sombrio, em que apenas eu encontro uma réstia de luz, que me guia para onde realmente quero estar. E a verdade é que, apesar de me sentir só, isolado, mal compreendido, é precisamente assim que quero estar e é precisamente isso que faz de mim o monstro que sou.

Sou como um buraco negro, que, apesar do seu aspecto vil e repugnante, atrai para si tudo o que se encontra em seu redor.......apenas para a seguir aniquilar e destruir tudo o que ousa chegar demasiadamente próximo.

Sim, eu sei que revelar as fraquezas é a maior das fraquezas. Mas, sabem que mais? Não é por isso que me tornarei fraco e desprevenido.

Continuo e continuarei a ser o monstro que sempre fui, porque o mundo não merece que eu tente mudar. As pessoas não merecem o esforço.

Por mim, podem todos continuar a criticar quem sou, que eu apenas sorrirei, sem realmente responder. 
 
Emanuel Simoes

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