Sinto-me bem, quando estou envolto em escuridão, quando sinto o vento a tocar no meu corpo, quando ouço o seu arrepiante assobio. Sinto-me confortável quando caminho sozinho à noite e sinto pequenas gotas de chuva a chocarem com a minha carcaça.
A luz e a claridade são boas aliadas. Da saúde, da energia, da vontade de viver. Mas a escuridão dá-me conforto, envolve-me como que se fosse um aconchegante manto. O espaço torna-se menor, mesmo quando estou na rua. E posso pensar, sonhar, falar comigo mesmo, imaginar o inimaginável.
Nada tem a ver com tristezas, ou com a crescente demência em adorar o negro só porque é fora do normal. Deixo isso para os miúdos que acreditam nas tretas dos movimentos "emo" e "góticos" e outras coisas do género, que mais não são que manobras bem planeadas para vender determinados itens, como roupas e acessórios ligados a esses mesmos movimentos.
Eu gosto do conforto da escuridão e da solidão apenas por isso mesmo, por me trazer paz, serenidade, isolamento, liberdade de espírito.
Adoro sentir-me só no mundo, mesmo sabendo que não o estou, olhar para o céu e sorrir, mesmo quando as nuvens carregadas deitam sobre mim a sua chuva, não me preocupar com o que ninguém pensa, pois ninguém me está a observar.
É como que se encontrasse o meu cantinho, onde é escuro e aconchegante, onde ninguém me critica por ser como sou, por pensar como penso.
Não pode existir uma luta entre a luz e a escuridão, pois elas complementam-se e permitem a existência uma da outra. Assim como não pode existir reunião sem solidão, pois todos precisam do seu espaço. E o meu é no meu cantinho, escuro, aconchegante, seguro.