quarta-feira, dezembro 29, 2010, posted by # 7 at 21:28





Ao longo do percurso a que chamamos vida, fui-me cruzando com muita gente. E fui-me sempre abstendo de me relacionar com muita dessa gente, pois é assim que sou, é quem realmente sou.

Alguns dos que por mim passaram, fui considerando desde logo meus inimigos. Pessoas que me causavam repulsa, com as quais não me identificava minimamente. Outros, simplesmente fingia não ver, fazia de conta que não existiam. Se não estivessem lá, não poderiam interferir no meu mundo perfeito. Aquele mundo no qual eu sou senhor da razão e sei sempre de que lado está o bem e de que lado está o mal. Aquele canto na minha mente em que defino as regras e tento cumpri-las, sem nunca verdadeiramente esperar que os outros o façam.

E depois chego a casa e, invariavelmente, encontro o meu pior inimigo. Aquele cujo poder me afecta diariamente, apesar de supostamente ser tão fácil de evitar. Mas eu não consigo. Não tenho essa força. A sua atracção é demasiado intensa e numa base diária sou exposto ao meu pior pesadelo: ao que sou na realidade, sem floreados nem fingimentos. Apenas um mero mortal, cheio de defeitos como os outros, banal, triste e perfeitamente dispensável.

É forte, este meu inimigo silencioso e imóvel, que reflecte constantemente a minha aparência exterior e me faz aperceber da minha essência interior. É o único que consegue deitar-me abaixo com um simples olhar. Tudo o que penso ser, toda esta fortaleza que criei na minha mente se desmorona quando olho para ele.

Devia destruí-lo, mas ao que parece, torna-se mais forte, pois ao invés de me mostrar uma vez o que não quero ver, fá-lo inúmeras vezes.
 
2 Comments:


At 30 de dezembro de 2010 às 19:20, Blogger Naraki

Permita-me citar u_u

"Apenas um mero mortal, cheio de defeitos como os outros, banal, triste e perfeitamente dispensável." *cof cof*

Esse dispensável terá que ser repensado, assim com o resto, espero que o que escreves não seja tão forte quanto a realidade. Quanto ao que realmente pensas quando olhas para ti, que pelo menos não seja constante, porque há sempre uma determinada altura da vida em que não gostamos do que vemos e pensamos isso que tu escreveste.

 

At 1 de janeiro de 2011 às 17:59, Anonymous Anónimo

Por vezes acumulamos camadas de poeira, resíduos tóxicos do ar e outras tantas coisas que nos impede de ver quem realmente somos.
Você já pensou que este pode ser o seu caso? Tente remover tudo que pode estar obstruindo a visão de quem você é de fato.

 


Emanuel Simoes

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