terça-feira, janeiro 11, 2011, posted by # 7 at 16:24

Gostava que visses o mundo pelos meus olhos. Que sentisses o que sinto e tivesses a mesma perspectiva que eu, ao vislumbrar tudo o que surge no meu campo de visão.
Gostava que entendesses o porquê, mesmo quando nem eu o entendo.

Quando olhas para uma floresta, vês beleza natural, calma e tranquilidade. Eu vejo solidão, morte e podridão.
Quando falas com as pessoas, talvez as vejas como amigas, conhecidas, fundamentalmente, pessoas. Eu vejo cadáveres, esqueletos em decomposição, que ainda não morreram mas que já fedem, já transmitem o odor da morte. Olho para animais e vejo-os mortos, olho para o mundo em si e vejo apenas um enorme local de degradação e putrefação, repleto de germes, de vírus. Nós. Eu, tu, aquele, o vizinho, o amigo, todos não passamos de vírus, vermes que rastejamos pela terra, fazendo o que é necessário para adiar ao máximo a inevitabilidade de todos nós: a morte.

Sim, não consigo olhar para ninguém sem pensar que é como se já estivesse morto. Eu próprio já estou morto, apenas ando a adiar esse estado.

Todos estão mortos, o mundo está morto. Mas poucos o querem admitir.

Gostava que visses o mundo pelos meus olhos. Não para que te sentisses como eu, não para piorar a tua existência. Apenas para que tentasses explicar-me o porquê de eu ver morte onde dizem haver vida.

Gostava que visses através dos meus olhos, sejas tu quem fores.
 
Emanuel Simoes

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