sábado, fevereiro 06, 2010, posted by # 7 at 16:38
Onde pertenço eu afinal? Para onde me devo dirigir quando sinto que estou mal? Esta dúvida assombra-me todos os dias da minha vida, pois, na verdade, nunca me sinto como pertencendo a lado algum. Nunca me sinto integrado em parte alguma e parece-me difícil que algum dia venha a ter tal sensação.
É estranho, eu sei. É estranho dizer que se está mal, sem ter soluções para contrariar esse mal estar. É como se eu fosse de outro mundo, de outro local, bem distante daqui, bem diferente.
Sinto-me preso, todos os dias, todas as horas. A minha energia parece fugir de mim e eu nada posso fazer. Apenas observar enquanto morro lentamente, sem qualquer objectivo a alcançar, sem destino onde chegar.
Traço as metas, proponho-me a atingi-las, mas, quando lá chego, a sensação de vitória é rapidamente sobreposta pelo vazio que torno a sentir. Nunca estou feliz com coisa alguma.
Por vezes, parece que o tempo pára. Não no geral, mas só para mim. As pessoas em meu redor continuam nas suas vidas, o mundo segue o seu ritmo normal e banal, mas eu sinto-me como que em estado vegetativo. Não estou ali, naquele momento. Parece que a minha alma abandona o meu corpo e se refugia num local secreto que, conscientemente, não sei explicitar ou precisar.
Tudo o que sei é que não há momento algum em que me sinta uno com o meio em que estou inserido, com a própria raça. Não gosto de ser humano, da carne, do osso, do sangue. Não gosto das fraquezas que temos, que vamos adquirindo. Da inevitabilidade da extinção, da ganância, da mesquinhice e da avareza. Tantos são os defeitos, tantas são as razões que me levam a repudiar a minha própria raça.
Sim, quando estou com quem amo, com quem gosta de mim, sinto-me bem, sinto conforto. Mas seria mentira dizer que me sinto pleno. Preciso de correr sempre atrás de algo. Do quê, não sei, mas tenho essa necessidade crescente de ambicionar mais e mais.
Gostava de olhar para cima e voar, voar em direcção a nada, sempre com mais velocidade, com mais convicção. Convicção em saber que nada sei sobre mim mesmo.
Afinal, se me sinto mal onde deveria pertencer, onde pertenço eu?
Somos tão parecidos meu irmão... do que nos vai na alma, do que se sente ou do que não se sente, do que se deveria sentir ou viver, que tenho uma pena tremenda de não termos a cumplicidade que tínhamos na infância... Um dos melhores dias para mim, foi no meu casamento, quando chegaste perto de mim para a foto e disseste: "Ena mana, está toda gira!" - Fiquei tão feliz por essa pouca proximidade que fiquei com um sorriso parvo na foto, mas que fiz questão de estar presente no album de casamento. Tenho saudades do meu irmão. Só para que saibas... e identifico-me com o que escreves, mais do que possas pensar ou compreender. Beijo grande, mana.