segunda-feira, janeiro 18, 2010, posted by # 7 at 16:42

Sempre defendi que ser diferente não é algo mau, que não é motivo de repulsa ou de discriminação. Mas do que eu defendo até ao que a realidade realmente nos proporciona, vai um longo e sinuoso caminho que nem todos estão dispostos a percorrer.

Quando somos novos, em termos de alunos de liceu ou mesmo ensino superior, ser diferente é bom. Dá-nos um estatuto mais importante e relevante, eleva-nos a outro patamar. Isto quando somos diferentes para o lado "cool", claro. Caso contrário, restanos a solidão e desprezo.

A partir de certa idade, é suposto acontecer o esperado crescimento. O ficar adulto, o largar as tristes ideias da juventude e adoptar uma atitude séria perante a vida. 
Nada de sinais evidentes de rebelismo, nem pensar em fazer coisas arrojadas, a não ser que estas impliquem gastar muito dinheiro e, aí sim, passamos de arruaceiros a aventureiros.

Infelizmente, ou não, eu fiquei preso no antes. Ou melhor, acho que era mas certinho antes que agora. Quanto mais me querem fazer crer que tenho que parecer assim, ou vestir aquilo, ou dizer o outro, mais me sinto motivado para contrariar o imposto. 
Brincos, piercings, tatuagens, viagens loucas de bicicleta, gosto por coisas perigosas, enfim, proíbam-me e eu tudo farei por contrariar. Não fosse eu como sou, torto desde a nascença.

Mas hoje, hoje tive uma surpresa deveras agradável.

Apesar de tudo o que possa aparentar ser, quem realmente me conhece, sabe que tenho prioridades bem definidas. Não gosto de faltar ao respeito, a minha família é tudo para mim e, quando me dedico a algo, espero sempre obter o melhor resultado possível.

Hoje tive apresentação de um trabalho, na faculdade. O júri era formado por 4 Professores, sendo que, um deles, ou melhor, uma das Professoras, me disse algo que me deixou feliz. Ela disse que eu sou uma pessoa que não deixo nada em aberto. Faço questão de mostrar a minha opinião, de marcar a minha posição. 

Isto deixou-me estupefacto, surpreendido, emocionado e feliz. Alguém que praticamente não me conhece consegue ver através da minha capa exterior. Saber como penso e como actuo. Alguém que, supostamente nem deveria querer saber absolutamente nada sobre mim, consegue aperceber-se de que as aparências não são tudo, no que diz respeito às acções de alguém.

Fiquei orgulhoso. Não sei se de mim mesmo, não sei se pelo facto de constatar que existe alguém que não se deixa levar pelas aparências. Não sei, mas fiquei.
Claro que o mais fácil seria transformar-me noutra pessoa, tirar brincos e esconder tatuagens, vestir como "um homenzinho". Mas o mais fácil.......o mais fácil é tão fácil que enjoa.
 
Emanuel Simoes

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