terça-feira, fevereiro 09, 2010, posted by # 7 at 14:53

 

Não sei de onde veio este sentimento, esta necessidade de competição, de esforço, de dar o meu melhor, mas, verdade é que, cada vez mais, me custa passar sem ele. Estou viciado, agarrado. Sempre que termino uma prova, há algo dentro de mim que parece querer explodir, uma felicidade inexplicável derivada à adrenalina que me rodeia. É quando mais me sinto vivo, quando mais me apetece sorrir e dizer que estou feliz por cá estar.

Desta vez foi o duatlo das Lezírias (mais um), em Vila Franca de Xira. Correu bem. Talvez pudesse e devesse ter forçado mais um pouco nos segmentos de corrida, mas, ainda assim, estou contente com a minha prestação.

Assim que acabei o percurso final de corrida, senti-me como se estivesse a flutuar. Tal era a sensação de bem estar, que não me lembro se tinha frio, se tinha calor, se tinha dores ou não. Estava sozinho, no meio da multidão e sorria. Como se fosse um louco fugido do hospício. Mas não me importei com isso, com o que os outros poderiam pensar ou não de mim. Apenas me preocupei em usufruir do momento, em tirar todo o partido do bem estar que sentia na altura, até porque não é sempre que me sinto assim.

Deve ser isto que os toxicodependentes sentem, quando se envenenam com as suas substâncias químicas. Claro que não falo do sentimento na hora, mas sim do facto de se tornar adictivo. Acabo uma prova e penso logo na próxima. Adoro a dor que se faz sentir quando os músculos arrefecem, o cansaço no final do dia, a lembrança dos pormenores do que passei. 

É tão estranho, que se torna difícil de explicar. Mas tenho que admitir que, as poucas vezes em que realmente me sinto vivo, são experenciadas após estes meus esforços físicos.

É a dor que me traz o prazer.
 
Emanuel Simoes

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