sábado, julho 31, 2010, posted by # 7 at 23:29
Tenho uma mente muito mórbida. É um facto, um dos meus defeitos, algo inegável.
Quando olho para uma pessoa, mais do que a individualidade, o ser-humano que se apresenta perante mim, eu vejo a morte. Imagino como será que aquele recipiente de sangue, carne e ossos morrerá. Se sofrerá, se será de acidente, de doença. Penso sobre a possibilidade de, no momento em que estou a observar a pessoa em causa, se não sofrerá já de alguma doença, alguma infecção. Não, não faço de propósito nem tão pouco me quero armar em gótico, vampiro, emo, ou qualquer outro estilo estupidificante que me queiram chamar. É apenas o que penso, instintivamente. A morte é algo presente em mim, todos os dias da minha vida. O envelhecimento, a degradação.
Enfim, toda esta estranha introdução para falar de algo que poderá não parecer muito ligado ao tema.
A verdade é que, quanto mais o tempo passa, mais me sinto viciado nos meus filhos. Constantemente tenho pensamentos sobre a possibilidade de sofrerem um acidente, de serem raptados, de desaparecerem da minha vida. E isso, meus amigos, isso sim é sofrimento. Pois se sofro tanto só de imaginar que tal poderá suceder, nem imagino a dor que é se o pensamento passar a realidade.
A ideia da inevitabilidade da morte dos que me são queridos assombra-me constantemente, sem interrupções ou alívios. É algo com o qual tenho que conviver constantemente. Mais uma vez o escrevo, não o faço propositadamente. Quem me dera ter a capacidade de afastar estas tristes ideias do meu ser, de arrancar esta escura nuvem de dentro da minha alma. Mas não consigo. Inúmeras são as ocasiões em que tremo ao imaginar que existe uma possibilidade de os meus filhos desaparecerem da minha vida. Já tive pesadels em que eles eram raptados por pessoas de espírito maligno, já pensei em acidentes mortais, sei lá. Já pensei em tanto que, chego à triste conclusão de que algo de muito errado se passa comigo.
Mas também sei de uma coisa boa: tudo isto serve para me lembrar constantemente de que preciso de vocês, de todos os que gostam de mim e, especialmente, dos meus filhos.
Maluco ou não, sem os meus pequenos a vida não faz sentido.
quinta-feira, julho 15, 2010, posted by # 7 at 13:56
A imagem exposta na parte superior deste post é apenas um pequeno exemplo (pequeníssimo mesmo, acreditem) da enorme variedade de bolas que existem nesta humilde residência.
Tudo, desde bolas de golf, futebol, basketball, bolas de esponja, de plástico, de borracha, saltitonas, enfim, tudo e de tudo por cá aparece. De cada vez que vou a algum lado, quase sou obrigado a comprar uma nova bola. E agora, a dobrar, claro.
Desde a bolinha mais pequenina, até à maior, creio que não existe medida que eu não tenha por aqui.
Os pequenos parecem viciados em bolas.
É tanta a variedade e quantidade que, quando a minha pequena me diz que não sabe desta ou daquela bola, preciso de um bom tempo para tentar me lembrar de que bola ela fala. E por vezes nem sei. Mas o certo é que ela sabe e, se um dia eu ousar deitar alguma fora, corro o sério risco de ela se lembrar e vir pedir-ma, apanhando-me desprevenido.
Estou a pensar em abrir um mini parque temático, chamado Round World, em que as atracções principais serão, naturalmente, todas as bolas que por aqui vão rolando. Talvez fosse uma interessante fonte de rendimento extra.
Enquanto isso não se concretiza, vou fazendo por conservar o máximo de espécimens possível (de bolas, claro), com a curiosidade por saber quantas terei, quando os pequenos forem grandinhos.
sexta-feira, julho 09, 2010, posted by # 7 at 23:25
Há uns dias atrás, resolvi proporcionar à minha estrelinha a sua primeira noite de campismo. Dormir na rua, apenas com uma tenda como abrigo. No meio do campo e dos animais, desafiando a natureza.
Pronto, ok, acampámos no jardim, mesmo em frente a casa. Mas, de qualquer forma, acampámos.
A pequena parece ter gostado. Levámos umas bolachas e uns pacotes de leite, uns livros para contar umas histórias e uma lanterna, para iluminar a nossa grande noite.
Tive que contar a mesma história várias vezes, pois o sono parecia não chegar, mas, quando finalmente o João pestana se apoderou da estrelinha, lá tentei eu fechar os olhos para dormir.
A noite foi o que se esperava, tendo em conta que já há anos que não pernoitava numa tenda. Má, desconfortável.
Mas, o verdadeiramente importante, foi que a princesa gostou.
Na manhã seguinte comeu um pãozinho de leite com queijo e um leitinho, no interior da tenda, e depois foi tempo de arrumar a tralha.
O primeiro dia de campismo da minha estrela correu maravilhosamente bem.
Agora já vislumbro novos horizontes. Estou a pensar em ir acampar mais uma noite com ela, mas desta vez, não no quintal. Não não. Desta vez é para a loucura.......vamos para o terreno da piscina, que fica em frente à casa.
Sim, eu sei, é um risco. Mas estou a pensar seriamente em fazê-lo.
sábado, julho 03, 2010, posted by # 7 at 00:28
O que fazemos quando um sonho acaba? Se extingue? Chega ao seu fim sem que sequer tenha sido cumprido?
O que fazer quando a ilusão se revela isso mesmo, uma mera ilusão?
Nada. Nada, digo eu.
De que vale chorar, lamentar, tentar entender porque não corre a vida da forma que desejamos? De que vale tentar perceber o que se passa, o que torna as coisas tão complicadas?
De nada. De nada, digo eu.
A vida é o que é. Fácil e benevolente para uns, difícil e complicada para outros.
Quem nada procura, frequentemente tem oportunidades únicas que eventualmente poderá deixar escapar. Quem tudo quer, muito pode ter, mas nunca se sentirá satisfeito.
Quer-me parecer que, de cada vez que algo bom surge na nossa vida, principalmente em momentos que nos sentimos em baixo, é apenas um teste, uma brincadeira de uma qualquer entidade superior que se diverte a ver-nos sofrer.
Resumindo, ou, como dizem os americanos: "long story short", de nada vale elevarmos as expectativas, de esperarmos que somos destinados a viver um grande sonho, pois, quando esse tal sonho parece surgir, ocorre sempre algo que o devastará, no espaço de um mísero segundo.
A vida de felicidade é reservada para as minorias abençoadas, quer pela sua condição social, quer pela sua postura de sumissão perante a vida.
Aos outros, aos que aspiram por nada em troco de nada, apenas espera o nada, tão simplesmente, o nada.