
Tão desprezado que és, tão só. Passam por ti e nem têm a decência de te fitar nos olhos.
Pobre de ti, que nunca serás aceite nesse grupo restricto de celebridades, meninos e meninas bonitos de cabelo perfeito e faces invejáveis.
Solitário te encontras enquanto todos parecem ter enormes grupos de amigos, ser felizes, ser alguém.
Juntam-se e divertem-se. Comem e bebem em festas bonitas, organizadas para causar inveja aos de fora, como tu, e se sentirem desejados e importantes.
Falam em como são diferentes de tudo e todos, em como vão mudar o mundo quando, na verdade, são todos iguais. Fotocópias, clones.
Olham para ti, coitadinho, tão triste, e chamam-te aberração, diferente, excluído. E tu sentes-te mal com isso. Sentes que não és suficientemente igual para ousar ser diferente.
És um dos outros, dos que felizmente para esta superior espécie, existe em pequena escala e passam relativamente despercebidos por entre a multidão.
Eles sim, marcarão a diferença. Serão sempre tão iguais uns aos outros, que estão plenamente convencidos que nada os irá derotar, que o mundo gira em seu redor.
Tão triste que és tu, só, abandonado, excluído.
Agora pára, abre os olhos, liberta a mente. Não vês? Não percebes? És diferente sim. E sempre o serás, pois é necessário que se seja diferente para governar os que não passam de cópias do que está na moda.
És o pastor. E quem te despreza e te chama de diferente, são apenas as ovelhas que conduzirás ao destino final.
Pobres deles, tão iguais, tão banais. Nem desconfiam do destino reservado para si, tal é a sua concentração na própria imagem.