sexta-feira, julho 20, 2012, posted by # 7 at 00:54
Já há muito que o barefoot running (correr descalço) ou a utilização de calçado minimalista (mínimo de sola, para um contacto mais directo com o solo) são assuntos debatidos, defendidos por uns e nem tanto por outros.
Desde a publicação do livro Nascidos para correr, de Cristopher McDougall, este assunto tem vindo a atingir proporções bem maiores que as esperadas, dando notoriedade a vários atletas que defendem a utilização deste calçado minimalista, ou,noutros casos, a não utilização de calçado.
Eu, como grande curioso que sou e, principalmente, devido a andar lesionado de um joelho já desde Fevereiro, ao ler relatos de que correr com este tipo de calçado previne lesões, dá maior sensação de liberdade, contribui para uma melhor postura do corpo entre outras coisas, decidi fazer algo quanto a esta curiosidade que me tem vindo a assolar.
Infelizmente, apesar dos defensores deste tipo de corrida criticarem as grandes marcas, tipo Nike, Adidas e afins, de criarem sapatos de corrida caríssimos, que mais não fazem que contribuir para o surgimento de mais lesões, a verdade é que o calçado minimalista também não é barato.
Umas Vibram 5 fingers e até as Lunar Sandals têm preços superiores aos 100 dólares.
Assim sendo, depois de ler algumas coisas, ter tido acesso a alguns depoimentos e de ver os pros e os contras em relação a esta nova forma de ver a corrida, vi algumas imagens das famosas Luna Sandals e resolvi improvisar. Não fosse eu português.
Agarrei nuns chinelos de praia já velhotes, com a sola bem gasta, numa correia que tinha na garagem, vinda sabe-se lá de onde, e improvisei as minhas Emanuel's Lunar Sandals. Tal como se pode ver nas imagens acima.
Depois de alguns ajustes e de ter lido que, nas primeiras corridas com este tipo de calçado, devemos fazer curtas distâncias, pensei em fazer uma corrida de 5 km, para ver como o meu corpo reagia a esta nova forma de correr.
A verdade é que, momentos após ter iniciado o treino, constatei que a corrida desta noite seria uma maravilha.
Senti-me mais leve, com mais força, e, mais importante, sem dores algumas. O joelho nao me doeu e sem fazer grande esforço, consegui fazer uma boa média. E não fiz os 5 km. Não. Da forma como me estava a sentir, não consegui parar nessa distância e acabei por fazer mais de 12 km.
Não é uma grande distância, mas, para uma experiência em que, sinceramente, não sabia o que esperar, penso que foi muito positivo, o resultado.
Estou obviamente rendido a este tipo de calçado e em breve começarei a inventar mais, de forma a fabricar novos modelos home made para treinar.
Aos mais desconfiados, apenas tenho a dizer que, sem experimentar, não se pode criticar.
sábado, julho 14, 2012, posted by # 7 at 22:54
Afinal, o que importa nesta vida?
Certamente que a maioria dirá que o principal é ter saúde, e algum dinheiro para pagar as contas, claro.
Mas, agora a sério. A realidade, qual é?
Eu digo. A realidade é que todos se interessam pelo dinheiro, pelos bens materiais, pela ostentação, demonstração de posse. Pelo status ocupado na sociedade em que se está inserido, seja ela na classe alta e abastada, quer seja na classe mais pobre. Sim, porque nem os pobres escapam desta doença. Mesmo na pobreza, o pensamento dominante é ter mais e melhor que o vizinho. Seja a casa de lata, a camisola rasgada ou os chinelos de enfiar no dedo. Tem que ser melhor, mais bonito e, de preferência, de marca. Mesmo que seja em 2ª mão e esteja prestes a ir para o lixo.
Em todos os níveis desta triste e apodrecida sociedade, os neurónios da grande maioria da população ocupam-se com pensamentos presos ao materialismo.
Não sou, nem vou ser irónico ao ponto de afirmar que eu não tive nunca pensamentos deste género. Já sonhei com uma casa de fantasia, com um Porsche na garagem, ao lado de uma potente mota. Com aquela piscina gigante, onde os meus filhos nadariam alegres da vida, sem nenhuma preocupação no mundo. E tenho que ser sincero quanto a este ponto: neste preciso momento, adoraria conseguir a independência financeira para não ter que me preocupar jamais com a vida dos meus filhos.
Mas, e a minha vida? Seria eu feliz com carros, motas, casas e afins? A resposta, obviamente, é não.
Há muito que ter um Porsche ou uma grande mota é um pensamento que nada me diz. Embora aprecie o conforto da minha casa, não passo noites a ambicionar mais do que tenho.
A única coisa que gostaria de ter mais, que sonho todas as noites, sem excepção, é liberdade. Liberdade para abandonar a tristeza, cortar amarras com obrigações morais e sociais e partir. Partir pelo desconhecido, onde poucos já foram, enfrentar adversidades naturais, ao invés dos problemas que invariavelmente passam por stuações financeiras.
Estou saturado de estar constantemente a pensar no que se tem a pagar, a receber, a poupar, a comprar, de me sujeitar a quem não tem o mínimo de humanidade na sua alma.
Sempre que olho para aqueles que se atrevem a ser livres e a viver a vida seguindo os seus sonhos, sem olhar nem demasiado para trás, nem demasiado para a frente, lágrimas surgem nos meus olhos. Piegas? Sim, e então? Ah, é verdade. Este é também um mundo de machões, onde homem que é homem não chora.
Pois, mas cada vez mais me convenço de que não deveria fazer parte deste mundo.
Este buraco vai de mal a pior. Corrupção, tráfico de influências, abuso de poder, desdém pelo próximo, falta de sentimentalismo, falta de segurança, e a lista poderia continuar por muitas e muitas mais palavras. E não é assim que quero viver. Mais, não é assim que quero que os meus filhos vivam.
Que se danem os carros, as casas, as roupas, o aspecto, os restaurantes, o capitalismo crescente em que nos encontramos.
O que eu queria mesmo era sair. Sair, correr e não olhar para trás. Parar apenas quando sentisse que o ar era verdadeiramente puro, longe desta triste e decadente sociedade. Andar pelas florestas, com frio, calor, à noite. Andar à deriva, conhecendo novos locais e esquecendo tudo o que vivi e vivo.
Andar pelo mundo até me esquecer de que também eu faço parte desta repugnante raça. Andar até cair, até chegar a minha hora. Morrer a olhar para um céu estrelado, sem pensar no carro, na casa, nas contas, no que é suposto eu ser.
Talvez um dia a coragem que me falta surja do nada.
terça-feira, julho 03, 2012, posted by # 7 at 17:01
É oficial: deixei de ser viciado em desporto.
Já não estou constantemente a pensar na forma física, no ter a obrigação de agarrar na bicicleta e ir pedalar, de ir ao ginásio para ganhar alguma massa e definição muscular.
Não, isso é coisa do passado. Está definitivamente ultrapassado.
Agora penso apenas e somente em correr. Correr muito, devagar, depressa, em esforço, a sorrir, enfim.......correr.
Nesta fase da minha vida, posso afirmar sem qualquer tipo de exagero que todas as noites sonho que estou a correr. No mato, nas montanhas, rodeado de neve, em florestas magicamente iluminadas, corro e corro sem destino, sem aparente razão. Apenas correr pelo prazer que me dá.
Não me interessa se as poucas formas musculares que tinha na parte superior do corpo tendem em desaparecer com esta minha insistência em correr. Aliás, a vaidade em torno do corpo, ainda que não me tenha abandonado totalmente, começa a fazer-se sentir cada vez menos.
Não há um dia, um só dia em que não lamente não ter começado a correr em mais tenra idade, em ter abraçado este estilo de vida quando a energia fluía por todo o meu ser.
Agora, não posso aspirar a ser o melhor, a quebrar recordes. Apenas posso tentar fazer o melhor que sei e quebrar as minhas próprias barreiras.
A verdade é que já quebrei muitas. Nunca pensei chegar ao nível em que estou hoje. Mas, por outro lado, descobri que, cada barreira quebrada, depressa é esquecida e cedo anseio por novos desafios.
Apetecia-me sair a correr e não mais parar, não mais me preocupar com as ninharias inerentes a um mundo que vive exclusivamente centrado em posses, dinheiro, poder, arrogância, miséria.
Se existe liberdade, para mim, é naquele momento em que vou a correr. As pernas podem doer-me, pode estar-me a custar respirar, as subidas podem ser tão íngremes que me façam ter de abrandar bruscamente. Mas cá dentro, bem no cerne da minha alma, estou a sorrir e estou livre nesse momento.
Pode ser que um dia deixe de lado os meus medos, as minhas dúvidas, os meus "e se?" e parta em busca de nada. De nada e de tudo.