sábado, julho 23, 2011, posted by # 7 at 00:47





Hoje vi um filme que, embora nada tenha a ver com o sentimento que me leva a escrever este post, tem uma frase que me fez pensar. A certa altura, uma das personagens diz ao seu pai que nunca haverá melhor pai que ele. E eu fiquei. Fiquei pensativo, sonhador. Pensando se um dia terei a sorte de um dos meus filhos dizer o mesmo, que nunca haverá um pai igual a mim.

Eu sei que me esforço, mas também sei que erro, que por vezes perco o controle e deixo transparecer o pior de mim.

Ao longo dos dias em que passei neste triste e desolador planeta, fui-me apercebendo de que o que realmente importa, é a forma como os meus filhos olham para mim, a forma como se comportam como estão comigo. O beijo que o meu pequeno me dá de manhã, a felicidade da minha estrelinha, quando me pede para fazer músculo e eu (com muito esforço) lá consigo armar-me em mauzão (aquele sorriso é demais), o pirralho a desafiar-me para lutas com colheres de plástico....... Enfim, apercebo-me de que essas são as verdadeiras razões para estar vivo, para ambicionar a algo mais.

Os carros, casas, férias, roupas, tudo e tudo, são meros adereços que apenas servem para que os outros (quem eu não conheço minimamente nem me interessa a opinião) pensem por breves momentos que eu estou tão bem na vida.

Mas uma coisa é certa, se os que me rodeiam não gostarem de mim, a vida é triste. Se a minha família não me apreciar, a minha existência será penosa. E se os meus filhos não virem em mim um exemplo a seguir, nada estou aqui a fazer.

Espero que um dia me perdoem pelos meus erros. Espero que um dia me considerem verdadeiramente e sinceramente, o melhor pai do mundo.
 
sábado, julho 09, 2011, posted by # 7 at 22:48





Engraçado que o meu último post tenha o título que tem. Engraçado, porque também neste eu queria colocar o mesmo título, sendo que tive que optar por lhe atribuir uma vertente sequencial, como que uma 2ª parte de algo.

Se bem que talvez os motivos que me levam a escrever estas palavras, sejam diferentes dos do último post.
Tenho pensado muito na morte, no tanto que já falei dela, no decorrer da minha vida. No tanto que as pessoas a tentam banalizar e até encarar com ligeireza, ainda que na maioria das vezes estejam apenas a representar.

Dei por mim a chegar à conclusão de que amanhã poderei não estar cá, não beijar os meus filhos, a minha família. Amanhã poderei saber que algo se encontra terrivelmente errado comigo e que os meus dias estão contados.
O que fazer nessa situação? Essa conversa de fazer tudo o que se gosta antes de morrer é muito bonita, mas eu tenho tantas coisas de que gosto, que seria preciso me atribuíssem uma nova vida, para que me preparasse para a morte.

Certo é que, tirando todos os desejos e objectivos que tenho na vida, o que mais me causa transtorno é que um dia, quando os meus filhos forem crescidos, se esqueçam de mim e do quanto eu os amo. Pois a ausência elimina a presença, obviamente, e a falta de presença é o início do esquecimento.

Eu não quero ser esquecido. Não por quem eu gosto, por quem representa algo para mim. Eu quero estar para sempre nos corações dessas poucas pessoas. Poucas, dada a minha fraca capacidade de me relacionar com alguém. Mas por outro lado, antes poucas e verdadeiras, que muitas e vagas.

Mas não é de amizades que quero falar hoje. Hoje quero falar da minha morte, do meu desaparecimento deste mundo. Hoje quero que as pessoas que percam parte do seu tempo útil de vida a ler estas palavras, saibam que tremo só de pensar que posso ser esquecido em breve, desaparecer como uma bola de sabão ao vento, que eventualmente rebentará, sem deixar qualquer réstia de lembrança ou saudade. 

Espero que as pessoas de quem gosto tenham a oportunidade de ler estas palavras e saibam que, apesar de eu ser uma pessoa algo fria, distante e reservada, as amo a todas. E espero que os meus filhos nunca esqueçam que eu os amo mais que o próprio amor, mais que tudo o que existe. E que sempre sentirei esse amor, mesmo indo embora.
 
Emanuel Simoes

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