sexta-feira, outubro 17, 2008, posted by # 7 at 22:14
Quando resolvi abandonar de vez a minha vida de sedentarismo, os meus objectivos ainda não tinham consistência e eram como que uma idéia vaga no meio do nevoeiro.

Primeiro dediquei-me à construção do meu próprio ginásio, adquirindo máquinas e material necessário. Mas cedo me convenci de que o ginásio é muito bom, mas apenas como complemento de actividades físicas praticadas ao ar livre. O estar sempre fechado numa divisão a puxar ferro não é para mim.

Decidi então começar acorrer. Lembro-me do primeiro dia. Corri 12 minutos e pensava que o meu coração iria explodir. Mais tarde, após muito treino, resolvi tentar a meia hora.
A muito custo lá foi. Passado pouco tempo fazia duas vezes por semana, corrida de 30 minutos. Tudo estava bem até que um colega meu me disse que corria 45 minutos com outro amigo. Fiquei devastado. Então uma pessoa relativamente gorda, amiga dos excessos e fumadora, diz-me que corre todo esse tempo enquanto eu faço menos? Nada feito.
Comecei a treinar mais e mais, a participar em provas de 10 kilómetros e de repente já corria uma hora de seguida.
Quando dei por mim, o meu pai inscreveu-me numa meia-maratona e fiz os 21 km sem grandes dificuldades.

Actualmente já fiz duas meias e farei por certo muitas mais, incluindo maratonas de bicicleta, desporto ao qual me dedico agora com alguma intensidade.
Depois de todas estas provas, o meu sonho fixou-se na realização da mítica maratona. 42 km de corrida a percorrer sempre a muito custo para quem é novo nas andanças.
É algo puxado e era o meu sonho até há bem pouco tempo.

Mas depois.......depois surgiu o ironman. Uma prova de triatlo que consiste em 3,8 km a nadar, 180 km a pedalar e termina com uma maratona.
Isto sim, a derradeira competição. Para profissionais, os lugares cimeiros poderão estar nos horizontes, mas para o resto, o simples facto de terminar, consiste numa realização pessoal. E para mim, se algum dia nesta minha curta vida, tiver a oportunidade de realizar esta prova, serei um homem feliz. Serei o testemunho de que conseguimos fazer tudo, mas para isso terei que fazer duas ou três maratonas, assim como uns quantos triatlos.
Falta-me a dedicação à natação para me sentir preparado para abraçar esta modalidade.

Não sou um homem de Deus, mas se houver alguma coisa que zela por nós neste estranho Universo, peço que me dê a chance de ser um dos muitos que já terminaram tão sublime desafio.

Já vi exemplos de força e coragem por parte de pessoas que provavelmente ninguém acreditaria serem capazes de terminar a prova, desde pais a carregarem os filhos, até pessoas cegas com 60 anos de idade.
A força de vontade comanda o corpo.
 
Emanuel Simoes

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