segunda-feira, agosto 25, 2008, posted by # 7 at 17:00
Agora que tenho algum tempo livre para escrever, devido à minha condição física, não consigo pensar em nada mais que não nas dores que tenho. Começo a tornar-me repetitivo, ou melhor, já o estou a ser.
Começo também a pensar sinceramente que a minha percepção da realidade está a ficar afectada com tudo isto.

Parece que ando num constante estado de sonolência e dormência. Não tenho o normal controle de movimentos que seria de esperar.
Com tudo isto de não conseguir falar, o silêncio torna-se insuportável. Não falo às pessoas, logo, elas não me falam. Mesmo quando tenho algo para dizer, decido não forçar, porque tenho medo que o período de recuperação aumente.
Vivo agora num clima de silêncio quase total, à excepção claro, da minha pequena. Mas para que eu fique mais calmo, embora não o tenha pedido, a minha estrelinha passa mais tempo aqui ao lado na avó e na vizinha do que em casa.

Vagueio pela casa sem saber exactamente o que fazer. Abro a porta da varanda e logo a seguir resolvo fechá-la. Ligo a tv e venho para o pc. Olho para os brinquedos da pequena como se estes conseguissem falar comigo, dar-me uma palavra de consolo e força, mas nada. Apenas silêncio.
Acho que começo a ouvir os meus pensamentos a verbalizarem-se com tanto silêncio.
Há o ruído do frigorífico, a ventoinha do computador, quando este está ligado. Há o chilrear constante dos pássaros que se encontram na gaiola do jardim, os vizinhos nas suas lides domésticas e pouco mais.

Até sou apreciador do silêncio. Prefiro-o ao barulho constante e às conversas sem nexo. Mas isto quando posso sair de casa e observar o movimento do mundo. Quando posso olhar para o desenrolar dos movimentos da sociedade em pleno funcionamento. Assim, quase que encarcerado, é difícil usufruir do silêncio. Torna-se sufocante.
 
2 Comments:


At 26 de agosto de 2008 às 11:57, Blogger Srta T

O mais difícil é experimentar esse silêncio de dentro. Ainda não consigo e escrever é uma espécie de "grito"pra mim nessas horas. Torcendo pela sua melhora!

 

At 1 de maio de 2009 às 23:44, Anonymous Anónimo

Faltavam as asas de um anjo negro para te abstrair de qualquer dor....para absorver a tua mente numa sintonia de sorrisos....faltava...faltava-te...

(...)
D.A.

 


Emanuel Simoes

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