
Interrogo-me.Será que alguém conhece verdadeiramente alguém? Toda a sua vida, todos os seus segredos, tudo o que já aconteceu de bom e de mau?
Eu acho que não, isto porque também eu tenho segredos e acções cometidas que, por muito insignificantes que possam parecer ou não, me recuso a partilhar com quem quer que seja.
Não quer isto dizer que toda a gente seja igual a mim, mas quer-me parecer que a grande maioria o é.
E a meu ver tudo isto é saudável, porque é isto que faz de nós quem somos e nos confere a nossa personalidade, sem influência de terceiros.
Acho que todos nós devemos ter e manter estes segredos, por mais estranhos ou absurdos que possam ser, porque são eles que dão algo de misterioso à vida e marcam a nossa personalidade.
Se fôssemos um livro aberto para todos, a vida não passaria de uma longa e monótona espera até que o dia da nossa morte chegasse.
Será que aquela pessoa que todos acham um santo, não é verdadeiramente um psicopata? Será que o senhor certinho não tem um segredo profundamente perigoso escondido no canto mais obscuro do seu "sótão"? Talvez sim, ou muito provavelmente não, mas todo o mistério e secretismo à volta da vida de uma pessoa dão-lhe aquele toque surreal e interessante que faz falta neste mundo.
Por tudo isto e muito mais penso que ninguém deve ser um livro aberto para ninguém e que ninguém deve afirmar convincentemente que conhece alguém.
Será que há por aí alguém que julga conhecer-me verdadeiramente?
Acho que nem eu me conheço por completo e ainda bem. Tenho toda a minha vida para tentar fazê-lo.
Toda a gente tem segredos e ainda bem que assim o é.