Finalmente aconteceu algo que sempre tenho defendido e que nunca acontece por falta de convicção e de verdadeira vontade. Finalmente a união de que sempre falei, pareceu emergir dos confins dos nossos âmagos. Finalmente as acções provenientes da fusão de pensamentos de um grande grupo de pessoas fizeram uma mossa significativa no normal funcionamento de todo um país.
E que fizeram esses pioneiros desta nova revolução, quando tudo parecia descambar a olhos vistos? Qual foi a atitude dessas pessoas que, inclusive, colocaram as suas vidas em jogo, havendo mesmo quem tenha morrido? Recuaram. Recuaram quando tudo estava prestes a mudar. Retrocederam quando se sentia o tremor dos ricos e poderosos.
Falo da recusa dos camionistas e seus patrões, em continuarem a fornecer os serviços prestados diariamente ao país, devido ao constante e quase diário aumento do preço dos combustíveis. A sua atitude inicial foi, a meu ver, o que este país e este mundo precisam. De um valente abanão para colocar as coisas no seu devido lugar, garantindo uma menor descrepância entre os ricos e os pobres.
Estes senhores pararam e, em menos de nada, s combustíveis faltaram nas estações de serviço. Já se falava na eminente falta de bens alimentares nas lojas. Algumas pessoas começaram mesmo a comprar comida e água para guardar, com medo do que se avizinhava.
O governo? O governo cruzou os braços. A princípio estranhei esta atitude. O normal seria haver no mínimo uma conferência de imprensa a dizer que tudo estava a ser estudado. Mas não. Silêncio, só silêncio. Nem Primeiro-Ministro nem Presidente da República.
Depois fez-se luz. Para que haveriam eles de se preocupar, se todos nós sabemos o povo que somos. Há futebol? Lindo, vamos todos para a rua, unidos, penduramos bandeiras, rimos juntos, choramos juntos, união total. Há problemas no país? Eh pá, isto é cada um por si. Não podemos nos envolver nos problemas dos outros, não é? Se o governo aumenta e restringe e faz obras megalómanas que ninguém sabe bem para que servem, lá hão-de ter os seus motivos e é melhor não falarmos muito contra.
Assim, o que aconteceu? As pessoas acorreram às estações de serviço em massa, atestaram os depósitos dos seus carros, consumiram todo o combustível que havia (óptimo para os senhores governantes.Mais impostos ), bens alimentícios começaram a escassear e quando tudo parecia prestes a finalmente rebentar......acabou. Voltou tudo à normalidade.
Isto faz-me lembrar os fanfarrões que se gabam a torto e a direito sobre o quão fortes são e quando chega a hora da porrada, fogem a sete pés.
Mais uma vez ficou provado que o nosso povo é um povo de sofá. Um povo do deixa andar. Um povo que tem o enorme poder de sempre perder.