segunda-feira, maio 26, 2008, posted by # 7 at 21:10

Esta noite tive um pesadelo horrível. Talvez o mais realista e violento que tive até hoje, pois passei todo o dia a pensar no sucedido.

Encontrava-me parado de fronte a uma casa que tinha um grande hall de entrada, com chão branco e paredes de um cinza brilhante que reflectia sombras e curvas abstractas. Por cima da porta, em dourado, o nº 30.
Era noite e eu estava só. Entrei.

Sem saber como nem porquê, deflagrou um incêndio que rapidamente alastrou por toda a divisão em que me encontrava, cortando-me qualquer tipo de saída. Estava preso, encurralado. O calor.....o calor foi real demais para um sonho. A minha pele começava a arder e tudo o que pensava era em como sair dali, o mais rapidamente possível.
Recusei-me aceitar que o meu fim chegara de maneira tão repentina.

De repente, um barrote de madeira caiu em cima das minhas pernas, tornando impossível que me mexesse. O fumo começou a impedir-me de respirar devidamente.
À medida que a morte se aproximava, curiosamente não pensei em tudo o que iria perder. Nem na família, nem nos amigos, nada.

O ardor que se espalhava por todo o meu corpo era como mil alfinetes a entrarem na minha pele em simultâneo. Até o cheiro de pele queimada eu senti. A dor era tanta que parece que ainda a sinto.
De repente, resolvi desistir da vida. Deixar de me debater. Fechei os olhos, virei a cara para o lado e foi como que se um sono terrivelmente pesado se abatesse sobre mim. Foi tão tranquilo. Gostava que a realidade fosse assim tão serena.

O normal de acontecer agora, seria eu acordar para constatar que tudo não tinha passado de um sonho, ou pesadelo. Mas não, a saga continuou.
Depois de morrer, voltei a abrir os olhos e vi que estava num trilho escuro. Percorri-o e para meu espanto, encontrava-me agora diante do nº 30.
Cá fora, junto a mim, encontravam-se duas pessoas. Um rapaz e uma rapariga, que olhavam fixamente para dentro da casa maldita.

Não sei porquê, mas era suposto que entrássemos lá dentro. Olhei fixamente para o rapaz e, encolhendo os ombros disse-lhe : "A última vez que entrei nesta casa, morri."
Ao dizer isto senti um arrepio na espinha e aí sim, acordei de vez.

Passei o dia todo a pensar que iria morrer queimado. É estranho lembrar-se tão ao pormenor de um sonho. Até tenho calafrios quando penso na minha pele a arder.
 
1 Comments:


At 1 de maio de 2009 às 20:41, Anonymous Anónimo

Lolll....no inicio achei que falavas da minha casa....grande hall =34m de comprimento x 2m largura.... chão branco e as paredes são deveras cinza cintilante com pinturas cravadas abstractas...coincidência....
Não te aconteceu nada....é o que interessa...e agora já se passou quase 1 ano e tudo não passou de um pesadelo....

(...)
D.A.

 


Emanuel Simoes

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